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Uma "celebridade" e seu namorado são flagrados por um paparazzo, em uma praia da Espanha, protagonizando cenas tórridas; o vídeo "caliente" cai na internet e é visto por milhões de pessoas. Quem paga o pato pela – alegada – invasão de privacidade? Todos os internautas brasileiros. Em última análise, esse é o resultado do despacho da Justiça paulista, prontamente atendido pela Brasil Telecom, solicitando o bloqueio do YouTube em todo o país. Ao fim e ao cabo, a decisão penaliza os usuários da rede, que deixam de ter acesso a um dos maiores fenômenos de mídia da atualidade.

Ironicamente, a determinação não chega nem perto de preservar a intimidade do casal surpreendido em suas estripulias. Afinal de contas, centenas de outros endereços da internet continuam a exibir o vídeo. Vale ressaltar aqui que o YouTube é um dos poucos sites da espécie comprometidos em tirar constantemente do ar conteúdo que considera impróprio – incluindo aí o tal filme.

Mas o estrago potencial que a decisão do TJ-SP embute vai muito além. Ao bloquear o domínio youtube.com, o país abre um terrível precedente para a censura na web. Regimes totalitários e Estados teocráticos, como China e Irã, costumam usar filtros em backbones (conexões internacionais), o mesmo expediente adotado pela BrT, e são duramente criticados pela comunidade internacional. O Brasil acabou de entrar, mesmo que timidamente, nesse seleto clube de nações em que a circulação de informações pode ser interrompida de uma hora para a outra. Ontem mesmo, as versões online do New York Times, da BBC News e do International Herald Tribune, além de veículos da Austrália, Índia e França, davam a notícia do bloqueio com destaque. Em todos os textos, ficava explícito o ataque à liberdade de expressão. Triste para a imagem do país, perigoso para a democracia.

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