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 | Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
| Foto: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

Perfil

Conheça melhor a nova coordenadora do Procon-PR:

Nome: Claudia Francisca Silvano

Formação: Graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba (2003); graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (1989); especialização em Direito Civil e Empresarial pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2006).

Atividades profissionais: Servidora pública desde 1991, como profissional de nível superior; Faculdade Dom Bosco: Professora da disciplina de Direito do Consumidor nos cursos de Direito da Faculdade Dom Bosco e da UniFAE, e no curso preparatório para carreiras juríticas do Curso Jurídico.

Opinião

Decisão acertada

Depois de errar a ferradura e martelar duas vezes o próprio dedo com a indicação de aliados políticos, o governador Beto Richa finalmente acertou uma no cravo ao escolher um nome técnico e com experiência na área de direitos do consumidor para coordenar o Procon paranaense.

Pode parecer uma decisão óbvia, mas o quesito competência – que deveria ser pré-requisito básico para a ocupação do cargo – nunca foi exigido nos 20 anos de existência do órgão. Desde que foi criado, em 1991, a nomeação dos coordenadores do Procon-PR – atribuição do governador do estado – sempre seguiu a lógica da acomodação de cabos eleitorais, de "comissionados profissionais" ou de aliados frustrados pelo resultado das urnas em busca de um trampolim de reabilitação política. Em suma, gente que pode até ajudar a puxar voto, mas que pouco ou quase nada sabe sobre Direito, legislação e relações de consumo.

Com isso, o órgão essencial para o execício da cidadania ficou defasado e perdeu eficiência, enquanto o mercado consumidor cresceu de forma robusta com o ingresso das novas classes econômicas. Resultado: a capacidade de atendimento já não suporta a demanda e os consumidores enfrentam filas de mais de duas horas para serem atendidos pelo mesmo Procon-PR que exige dos bancos um atendimento em no máximo 20 minutos, com poder de multá-los em caso de descumprimento.

O gesto político de escolher alguém que entende de consumidor para cuidar do órgão que cuida dos consumidores sinaliza um marco positivo na história do Procon-PR. As promessas e a disposição de melhorar a situação do órgão mostradas até agora pela nova equipe enche de expectativa e esperança. Cabe agora aos cidadãos cobrar pelos resultados torcendo para que a defesa do consumidor entre definitivamente na lista de prioridades das políticas públicas do Paraná.

Alexandre Costa Nascimento, repórter setorista de direitos do consumidor.

Pela primeira vez em seus 20 anos de existência, a Coorde­­­na­­doria Estadual de Proteção e De­­fesa do Consumidor (Procon-PR) será dirigida por alguém com conhecimento técnico, acadêmico e experiência comprovada na área de Direto do Consumidor. A advogada Claudia Francisca Silvano, nomeada pelo governador Beto Richa (PSDB) para assumir o órgão, é professora universitária especialista na área e funcionária pública estadual há 28 anos – 20 dos quais dedicados ao Procon-PR. Até a semana passada, Claudia ocupava a chefia do Setor de Audiências, mas já passou por quase todos os setores, tendo iniciado sua carreira como datilógrafa, em 1991, meses depois da fundação do órgão.

A coordenadora se autodefine como apaixonada pela defesa do consumidor e mantém um blog sobre o tema desde junho de 2009. "Todo mundo aqui dentro sabe da importância do Procon na minha vida. Aliás, o Procon é parte indissociável da minha vida e da minha carreira", garante.

Focando no trabalho em equipe e na valorização do ór­­gão, a nova coordenadora estabelece como meta de sua gestão a realização de uma profunda reestruturação no Procon, com muitos projetos e planos. No dia em que foi nomeada, ainda na sua antiga mesa da chefia do Setor de Audiência, em meio a pilhas de processos, a nova coordenadora do Procon-PR falou à Gazeta do Povo.

Qual o principal desafio da sua gestão no Procon-PR?

O Procon não é a Cláudia, é a equipe. Uma equipe que trabalha bem, mas com o desafio de trabalhar melhor. A orientação da secretária [de Estado da Jus­­­­tiça, Maria Tereza Uille Gomes, à qual o Procon-PR é subordinado] é trabalhar pelo processo de municipalização do Procon. Curitiba não tem um Procon municipal e o órgão estadual acaba ficando responsável por todo o atendimento à população. Nosso intuito é demonstrar a importância da criação do Procon municipal e, a partir disso, passar a gerenciar o sistema e as políticas de direitos do consumidor no Paraná.

Existe alguma meta específica?

Melhorar o atendimento. Mas isso pode ser desdobrado em várias questões. Primeiro: atender mais rapidamente o consumidor. Como se consegue isso? Dando continuidade ao projeto da central de resoluções que, em dois meses, resolveu mais de 500 atendimentos de uma única empresa, dando efetividade e evitando a abertura de 500 processos administrativos. Hoje são seis fornecedores, a ideia é expandir e já há conversas com outras empresas. Há ainda a questão das senhas. Já estamos realizando reuniões técnicas para criar um sistema de agendamento on-line, nos moldes do da Receita Federal e do INSS. O objetivo também é aumentar o número de senhas do atendimento pessoal [hoje limitada a 100 senhas diárias]. A melhoria também passa pela reestruturação física e administrativa do Procon.

Na questão administrativa, qual o melhor modelo?

Tudo isso está sendo estudado para ver qual a melhor alternativa. É preciso ver o modelo possível e mais adequado. Com o apoio que a Secretaria está dando ao Procon, nós vamos melhorar o atendimento, mesmo que não haja a autarquização. É preciso deixar claro que nosso objetivo é resolver o problema do consumidor. Além disso, o Procon é um órgão sério, com uma equipe séria. Não tem pessoas que vêm só para bater ponto e colocar o paletó na cadeira. Mesmo porque é tanto trabalho que ninguém pode se dar ao luxo de não trabalhar.

Você pretende retomar as ações de fiscalização do órgão, colocando agentes do Procon-PR nas ruas para fiscalizar o cumprimento do Código de Defesa do Consumidor?

Isso faz parte da reestruturação que a secretária já se comprometeu em implantar. Hoje temos um fiscal, que está afastado em razão de um problema de saúde seriíssimo e deve se aposentar em função disso. Até costumamos brincar que o Procon tem "aproximadamente um fiscal".

Recentemente, o Ministério da Justiça confirmou que já foi contatado pelo Procon-PR para iniciar o processo de integração do orgão ao Sistema Nacional de Defesa do Con­­sumidor (Sindec), mas que o convênio ainda não havia sido assinado. Em que pé está o projeto? É possível definir um prazo?

Isso é para já, é uma prioridade. O Paraná é um dos únicos estados que está fora do Sindec. Já estamos providenciando a compatibilidade entre os sistemas e devemos, em questão de dias, assinar o convênio com o Ministério para dar início ao treinamento e capacitação dos nossos funcionários para utilização do sistema de informações do Sindec.

Você é filiada a algum partido ou tem ligações políticas que justifiquem sua indicação?

Sou do partido do consumidor e da cidadania.

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