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Executivos, com o diretor Pellegrini no centro, vistoriam máquinas na nova linha: capacidade pode dobrar em seis meses | Divulgação/Gemalto
Executivos, com o diretor Pellegrini no centro, vistoriam máquinas na nova linha: capacidade pode dobrar em seis meses| Foto: Divulgação/Gemalto
  • O modelo da futura identidade digital: chip pode guardar diversas informações

Parte dos documentos de nova geração que os brasileiros levarão no bolso terá componentes feitos em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A Gemalto, multinacional francesa que ocupa um prédio discreto quase na divisa com o município de Curitiba, pretende enviar ao governo federal para homologação um primeiro lote de chips para o Registro de Identificação Civil (RIC), uma espécie de RG eletrônico que irá substituir as carteiras de identidade e outros papéis.

O coração do RIC é um chip, semelhante àqueles usados nos cartões bancários, nos celulares ou nos cartões-transporte da Urbs. E essa é a especialidade da Gemal­to, que já atende a um terço da de­­manda das operadoras de telefonia do Brasil. Por isso a empresa pretende ampliar a capacidade para pleitear uma fatia do RIC. Atualmente, a unidade consegue processar até 4 milhões de módulos por mês.

Essa capacidade foi atingida com a inauguração de uma nova linha, de encapsulamento de chips. Com ela, a Gemalto do Brasil passa a implantar o wafer, uma folha com centenas de chips ligados um ao outro. Antes, ela trazia de fábricas na Ásia fitas, semelhantes às usadas nos projetores de cinema, na qual os chips estão emendados e prontos para serem aplicados aos cartões. Ago­ra, essa fita (que recebe o nome de lead frame é feita aqui, num processo que inclui uma "costura" microscópica, feita com fios de ouro cuja espessura é semelhante à de uma teia de aranha. Essa linha recebeu investimentos de R$ 10 milhões, valor igual ao que deve ser aplicado em um sistema de produção para o RIC.

Também na unidade de Pi­­nhais, os chips recebem informações enviadas pela empresa que os encomendou. Daí em diante, ca­­da um segue seu destino – os chips das operadoras de celular são enviados aos centros de logística das companhias, que se en­­carregam de levá-los ao mercado. Já os cartões bancários seguem para uma outra unidade da Ge­­mal­­to, em Barueri (SP). Lá eles são personalizados com as informações dos clientes e despachados para os Correios. José Carlos Pelle­grini, diretor de Operações da Ge­­malto, diz que a empresa tem con­­dições de dobrar a capacidade de encapsulamento em seis meses, caso haja demanda para isso.

Para a ampliação, a Gemalto recebeu incentivo do governo federal, sob a forma de uma redução no Imposto sobre Produos Industrializados (IPI), que caiu de 5% para 1%. Segundo Augusto Gadelha, subsecretário de Políti­cas de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia, a ideia é ampliar a produção de insumos da indústria de tecnologia no país – e isso inclui aumentar a nacionalização na produção de chips.

Da Finlândia

Os primeiros 100 mil cartões de identidade no novo modelo co­­meçam a ser expedidos em de­­zembro, no estado do Rio de Ja­­neiro. O documento tem o formato de um cartão de crédito, é de plástico, e inclui diversas informações do cidadão, incluindo dados biométricos (como cópia das digitais dos dez dedos) e ou­­tros dados, como o número do CPF, por exemplo. Teoricamente, diversos dados podem ser armazenados no chip, como dados de habilitação de motorista, título de eleitor, certificado de reservista e até o prontuário médico. Um protocolo com todos os dados a serem gravados no chip está sendo preparado por um grupo de trabalho que envolve 12 instituições federais, encabeçadas pelo Ministério da Justiça.

A tecnologia para produção dos cartões vem da unidade da Gemalto na Finlândia – a mesma que está produzindo os passaportes inteligentes que começam a ser adotados pelo Brasil no fim deste ano.

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