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O presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello Branco, diz que a empresa entra em um período de ajustes para enfrentar a crise econômica. O setor siderúrgico é um dos que sentiram mais rapidamente os efeitos da falta de crédito no mercado. A demanda por aço dá sinais claros de arrefecimento – as fabricantes de automóveis anunciaram diminuição da produção, enquanto grandes projetos de infra-estrutura vão sendo postergados.

Na Usiminas, o cenário de desaquecimento, levou à antecipação da parada do laminador de tiras a quente da usina de Ipatinga (MG). A manutenção estava programada para o segundo semestre do ano que vem, mas será antecipada para o primeiro semestre. "É uma forma de reduzirmos temporariamente a produção e ao mesmo tempo já estarmos preparados para atender aos pedidos quando o mercado se reaquecer", diz o executivo.

Quando assumiu a presidência da Usiminas, em junho, Castello Branco tinha à sua frente um cenário dos mais positivos. A demanda por aço era tão alta que o grupo já não dava mais conta dos pedidos. A empresa havia anunciado em 2007 um plano de expansão de US$ 9,9 bilhões até 2015, Neste ano, esses investimentos tinham sido ampliados para US$ 14 bilhões.

Agora, a crise já se faz sentir. A indústria automobilística, uma das principais clientes dos aços planos da Usiminas, começou a adiar pedidos. Mas, como as vendas cresciam 30% ao ano, as siderúrgicas não estavam dando mais conta de atender à demanda. Para Castello Branco, essa parada pode até se tornar uma oportunidade para o setor se preparar para um novo aquecimento.

Retração

Pedro Galdi, analista de siderurgia da corretora SLW, diz que em todo o mundo o setor sente fortemente o impacto da crise. O preço das bobinas a quente no mercado internacional mostra, segundo ele, a dificuldade das siderúrgicas: o preço da tonelada saiu de US$ 500 há alguns meses para US$ 1.100 em setembro. Agora, já chega à casa dos US$ 850. "Se o preço cair mais um pouco já vai ficar inviável para as empresas."

Para Castello Branco, no entanto, o principal efeito da crise financeira global no Brasil tem sido mesmo o sumiço do crédito. "Sem crédito externo, as grandes empresas brasileiras têm de recorrer ao financiamento interno. Isso tira todo o dinheiro que seria destinado aos financiamentos de produtos como automóveis", diz.

Por isso, ele acredita que o Brasil precisa buscar alternativas para a falta de dólares no mercado. "O que não podemos é desarticular o setor produtivo. O desaparecimento dos projetos de expansão da produção por falta de crédito será o pior efeito que a crise pode trazer para o Brasil."

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