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Confira o saldo da balança comercial de pretóleo e derivados. |
Confira o saldo da balança comercial de pretóleo e derivados.| Foto:

Quase todos os utilitários esportivos à venda no Brasil são importados e, por isso, movidos a diesel ou gasolina. O único modelo vendido no país que tem a opção de usar etanol, combustível tido como menos agressivo ao meio ambiente, é o Ford Ecosport, fabricado na Bahia. Além disso, os jipões consomem mais. Na cidade, alguns modelos rodam apenas seis quilômetros com um litro de combustível, frente aos mais de dez quilômetros por litro feitos por alguns carros compactos. Dependendo do veículo, a emissão de poluentes de um SUV pode ser até 50% superior à de um automóvel pequeno.

Não é por acaso que, no debate sobre o aquecimento do planeta, os jipões estão entre os alvos favoritos dos ambientalistas. Para eles, o Brasil está tomando rumo oposto ao desejável – se a forte expansão das vendas de automóveis já preocupa, a maior quantidade de veículos "beberrões" no trânsito é vista como um agravante.

Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, a principal razão para a estagnação do mercado dos SUVs está longe de ser ecológica. A questão é que, lá fora, a maioria das distribuidoras de combustíveis repassou ao consumidor as altas do petróleo – como conseqüência, o preço da gasolina subiu mais de 30% neste ano nos Estados Unidos.

Mas, no Brasil, o preço do litro mudou pouco. Como a principal empresa do setor é a estatal Petrobras, o governo segura os preços do combustível para evitar que a inflação dispare. Mesmo quando a gasolina subiu 10%, há alguns meses, o governo manteve o preço estável ao reduzir o imposto sobre o combustível – atitude que, naturalmente, não desestimula o consumo.

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Déficit recorde

A pressão não se dá apenas sobre o meio ambiente. Além de trânsito mais cheio e cidades mais poluídas, há um efeito que o motorista não percebe: quanto maior o consumo de combustível, mais cresce o déficit da balança comercial do petróleo. Óbvio que, correspondendo a apenas 5% das vendas de veículos no país, os utilitários esportivos não são os principais atores desse fenômeno; mas, por outro lado, sua disseminação também não ajuda.

Nos primeiros sete meses do ano, o saldo negativo da conta-petróleo atingiu R$ 9,2 bilhões. É praticamente o dobro do valor registrado entre janeiro e julho de 2007, e equivale a quase cinco vezes o déficit verificado há cinco anos. Se descontado o comércio internacional de petróleo e derivados, o saldo da balança comercial brasileira – que ficou positivo em R$ 14,6 bilhões nos sete primeiros meses do ano – estaria bem maior, em R$ 23,8 bilhões.

Nesse caso, a disparada dos preços do petróleo tem forte impacto. Como as refinarias brasileiras foram feitas para processar o óleo leve, raro no Brasil, o país ainda precisa importar grandes quantidades de petróleo. Em compensação, exporta o óleo mais pesado, e barato, produzido por aqui.

Além disso, as refinarias brasileiras não conseguem dar conta da demanda nacional, já que o consumo cresceu muito nos últimos anos. Por isso, o país também importa muito óleo diesel, que, naturalmente, é mais caro que o petróleo bruto. A situação só deve melhorar nos próximos anos, quando terminarem as ampliações das refinarias já existentes e forem inauguradas as novas unidades que estão em construção – todas aptas a processar óleo pesado.

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