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Mesmo com a alta demanda por novas vagas, o Ipea calcula que mais de 1 milhão de trabalhadores com experiência e qualificação profissional permanecerão desempregados no país, mesmo com o incremento dos postos de trabalho durante o ano. Isso porque o Brasil terá no fim do ano 22 milhões de trabalhadores qualificados mas a estimativa é que sejam contratados 21 milhões de novos trabalhadores.

O Ipea chega a este número somando as 19,3 milhões de contratações que devem ser feitas em razão da rotatividade no mercado de trabalho com os empregos gerados no ano. "Quando se contrasta a demanda potencial de mão de obra com a oferta disponível de trabalhadores qualificados e com experiência profissional conclui-se que poderá haver um excesso de mais de 1 milhão de trabalhadores", informa o estudo.

Esse excesso, entretanto, não é distribuído igualmente entre os estados nem entre os setores da economia. De acordo com o Ipea, em algumas atividades de alguns estados faltarão trabalhadores qualificados para atender à demanda de mão de obra deste ano. Enquanto no Maranhão deva faltar dois mil trabalhadores, na Bahia sobrarão 230 mil profissionais com experiência, segundo o Ipea. Em relação à geração de emprego, São Paulo ganha destaque com a criação de 523 mil novos postos, enquanto no Acre o saldo será de apenas 304 empregos novos.

Fenômeno

Para o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, o déficit no setor industrial é um fenômeno nacional e se deve à velocidade que a economia tem crescido. "Todos estes números mostram que o Brasil vive uma forte descentralização da economia. Mas esta sobra de um milhão de profissionais qualificados mostra que o país não vive uma situação de pleno emprego, mas também não é déficit geral. O problema está em algumas localidades e em alguns setores. Os movimentos migratórios podem resolver esta questão", estima Pochmann.

Rotatividade

Para o coordenador da Pós-Graduação e MBA da Trevisan Escola de Negócios, Olavo Henrique Furtado, a quantidade projetada pelo Ipea de trabalhadores qualificados à disposição é positivo para o mercado, pois gera rotatividade de profissionais e proporciona opções de escolha tanto para a empresa quanto para o funcionário. No entanto, Furtado afirma que o grande agravante deste dado está no fato de estas vagas ficarem disponíveis em apenas alguns setores da economia. "O problema não está na abertura de vagas, mas na falta de qualificação para preencher algumas delas. Você não qualifica mão de obra da noite para o dia, são necessários de 10 a 15 anos para que um profissional adquira experiência e maturidade de trabalho. O mercado não dispõe desse tempo, este é o problema", ressalta Furtado.

Colaborou Cíntia Junges, especial para a Gazeta do Povo.

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