• Carregando...

A perspectiva de desaceleração da economia chinesa no primeiro trimestre deste ano e a contínua tensão política na Ucrânia pressionou as Bolsas globais nesta terça-feira (15) e o principal índice da Bolsa brasileira caiu 2,21%, aos 50.454 pontos. Foi o 2º dia seguido que o Ibovespa fechou no vermelho. O mercado nacional destoou da alta vista nas Bolsas americanas, que caíram durante boa parte do pregão, mas retomaram o fôlego perto do fechamento, estimuladas por bons resultados de empresas, como Coca-Cola e Johnson & Johnson.

A baixa do Ibovespa foi guiada pelas perdas das ações mais negociadas da Vale (-4,62%) e da Petrobras (-3,83%). Juntos, esses papéis representam mais de 16% do índice."São os principais papéis do mercado nacional e é natural que eles sofram acima dos demais", diz Filipe Machado, analista da Geral Investimentos. "A China é o principal consumidor internacional do minério de ferro produzido pela Vale, por isso, o impacto sobre a mineradora brasileira é maior", acrescenta.

O mercado operou à espera da divulgação do PIB da China no primeiro trimestre deste ano, que será conhecido nesta noite. Economistas acreditam que o crescimento chinês passe dos 7,7% vistos entre outubro e dezembro de 2013 para 7,3% nos três primeiros meses de 2014. "A China é um grande consumidor de commodities (matérias-primas), principal produto exportado pelo Brasil. Um desaquecimento chinês pode reduzir a demanda pelos materiais brasileiros e prejudicar nosso país", avalia Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora.

O minério é a principal matéria-prima na produção do aço, o que colaborou para a baixa das siderúrgicas. A CSN teve queda de 4,18%, enquanto Gerdau perdeu 1,86% e os papéis mais negociados da Usiminas mostraram desvalorização de 3,94%.

Sobre as ações da Petrobras também pesaram os desdobramentos do escândalo envolvendo a refinaria de Pasadena, nos EUA. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos no Senado nesta terça, Graça admitiu a senadores da oposição que a aquisição da planta americana "não foi um bom negócio".

Os bancos colaboraram para o desempenho negativo da Bolsa. Na noite de ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota de nova bancos médios brasileiros. No mês passado, a S&P já havia cortado os ratings de outras 13 instituições financeiras.

Os papéis do Banco do Brasil cederam 1,28%, enquanto Bradesco mostrou perda de 0,95% e Santander, de 1,75%. As ações do Itaú Unibanco registraram baixa de 2,41%. "É natural que as ações de bancos tenham caído, porque foram as que mais subiram nas últimas semanas. As perspectivas para este setor são positivas. O governo está restringindo o volume de crédito concedido pelos bancos públicos, o que beneficia as instituições privadas, que acabam ganhando uma fatia maior do mercado", ressalta Machado.

Apenas cinco papéis dos 72 que compõem o Ibovespa subiram: CPFL Energia (+3,43%), Suzano (+2,16%), Tractebel (+1,04%), BB Seguridade (+0,92%) e Brookfield (+0,69%).O setor elétrico ganhou destaque na ponta positiva do índice, após a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) ter aprovado um aumento nas tarifas de três distribuidoras de energia do país. Os reajustes chegam a 17% para consumidores residenciais.

Câmbio

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 1,31% em relação ao real, cotado em R$ 2,239 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 1,03%, a R$ 2,238.

Segundo operadores, o real acompanhou a depreciação das demais moedas no exterior em relação ao dólar por conta da tensão política entre Kiev e Moscou. Das 24 principais moedas emergentes, 22 caíram em relação ao dólar. O real foi o que teve a segunda maior depreciação, atrás apenas do peso chileno (-1,33%).

As intervenções do Banco Central no câmbio não foram suficientes para amenizar o movimento da moeda. O BC deu continuidade ao seu programa de atuações diárias, através do leilão de 10.000 contratos de swaps cambiais (operação que equivale à uma venda futura de dólares), no total de US$ 198,4 milhões.

A autoridade também promoveu um leilão para rolar os swaps que vencem em 2 de maio, por US$ 493,5 milhões.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]