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Afetado pela crise no setor agrícola, o desempenho do comércio varejista no Paraná este ano está na contramão do registrado pela maioria dos estados brasileiros. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que em março as vendas do comércio caíram 0,78% no estado, se comparadas a março de 2005, e foram 1,4% menores no primeiro trimestre, em comparação com os primeiros três meses do ano passado. No Brasil, essas variações foram positivas em 3,01% e 5%, respectivamente. No indicador trimestral, o Paraná só não foi pior que o Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

O setor de "hipermercados e supermercados" foi um dos que teve maiores perdas, com queda de 2,43% nas vendas em relação a março de 2005. Também contribuíram "tecidos, vestuário e calçados" (-8,82%) e "outros artigos de uso pessoal e doméstico" (-4,99%). O setor de "combustíveis e lubrificantes" teve queda de 11,79%, não muito pior que a média brasileira, que recuou 9,26%. "O Paraná não foi uma exceção", diz Reinaldo Silva Pereira, economista do IBGE.

Para ele, o desempenho ruim do comércio paranaense é explicado pela crise enfrentada no setor agrícola. "Além da seca no ano passado, a valorização do real criou essa crise na agroindústria, que se reflete principalmente nos supermercados, uma atividade sensível à variação de renda da população", analisa Pereira.

Opinião semelhante tem o economista Gilmar Mendes Lourenço, professor da Unifae. "As vendas no Paraná foram mais comprimidas nos ramos ‘combustíveis e lubrificantes’ e ‘hipermercados e supermercados’, em face do colapso no setor rural, e ascendentes em ‘equipamentos e materiais para escritório e informática’, ‘artigos farmacêuticos’ e ‘móveis e eletrodomésticos’, em função do barateamento das importações e do afrouxamento do crédito", avalia o professor. Só a venda de "equipamentos e materiais para escritório e informática" teve um salto de 43,85% em março no Paraná. O setor de "móveis e eletrodomésticos" cresceu 19%.

O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Cláudio Slaviero, relaciona o recuo nas vendas do comércio ao baixo crescimento econômico apresentado pelo estado. "O PIB do Paraná cresceu 0,3% no ano passado, segundo o Ipardes. Como é que uma economia que não cresce vai consumir?", questiona.

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