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Máquina de cartão de crédito: comerciantes ainda reclamam da demora no recebimento do dinheiro das vendas feitas em cartão | Giuliano Gomes/ Gazeta do Povo
Máquina de cartão de crédito: comerciantes ainda reclamam da demora no recebimento do dinheiro das vendas feitas em cartão| Foto: Giuliano Gomes/ Gazeta do Povo

O comércio varejista conquistará uma economia de R$ 1,2 bilhão com o início da operação integrada das credenciadoras de cartões de crédito a partir de hoje. A projeção foi feita hoje pelo presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior. Até então, os lojistas tinham que ter em seus estabelecimentos pelo menos duas maquininhas das duas principais empresas (Cielo e Redecard). Com o fim da exclusividade com a Visa e a Mastercard, respectivamente, um só aparelho fará as duas funções.

O cálculo do executivo é baseado no aluguel pago mensalmente pelos lojistas, que varia de R$ 80,00 a R$ 140,00, de acordo com o tipo do equipamento. Ele salientou que, no caso de uma mercearia com faturamento mensal de R$ 4 mil, o valor pago para ter uma POS (Point Of Sale, na sigla em inglês) é equivalente ao gasto com energia elétrica. "Os preços não vão cair hoje à tarde por causa disso, mas vamos ter o início de concorrência", apostou.

O próximo efeito dessa nova configuração de mercado, segundo Pellizzaro, é a redução da taxa de desconto. O presidente da CNDL reforçou hoje que a expectativa de que a taxa de desconto, paga pelo lojista às credenciadoras, seja reduzida em um intervalo de 30% a 35% em 24 meses com a concorrência entre as empresas do setor. "Até ontem, o emissor dava as cartas do jogo. Quando é rompida a exclusividade, os holofotes passam para o lojista, que vira a noiva do processo."

Essa concorrência, de acordo com ele, se dará não só pela atuação das duas gigantes do setor, mas também pela expectativa de que novos operadores entrem no mercado. O Banco Santander já providencia a atuação no setor por meio da GetNet, por exemplo. "Para entrar no mercado, ele tem que oferecer coisa melhor do que as que já estão aí", considerou o executivo.

Além disso, segundo Pellizzaro, outras empresas do ramo já mostraram interesse em ingressar nesse mercado no Brasil. Sem dar nomes, ele relatou que duas empresas do "hemisfério norte" consultaram a CNDL interessados em ter acesso ao sistema da Confederação, que conta com 900 mil empresas e realiza consultas diárias de 2,5 milhões.

Para acelerar os efeitos do fim da exclusividade para o comércio a CNDL se comprometeu hoje a realizar pesquisas em suas 1,6 mil unidades espalhadas pelo Brasil para identificar quais as taxas cobradas pelas credenciadoras de cartão de crédito em cada segmento comercial. A ideia é a de que com a exposição de tarifas, haja mais velocidade no processo de ganho ao lojista. O levantamento será divulgado de três a quatro vezes por ano. "Queremos fazer a divulgação, assim como o Banco Central faz com as tarifas bancárias", comparou.

Lojistas

O presidente da Frente Parlamentar Mista do Comércio Varejista, deputado Guilherme Campos (DEM-SP), que também é lojista, também prevê uma melhora para o setor. Ele, no entanto, não se diz tão otimista quanto Pellizzaro em relação ao ritmo do processo de mudança. "O passo é importante, a discussão tem ganhado corpo. Tudo o que ele colocou é verdade, mas discordo com a velocidade com que isso virá", considerou.

Uma das preocupações dos lojistas diz respeito a problemas no sistema idênticos ao que ocorreu na véspera do Natal, no ano passado, com a credenciadora Redecard. "Perdemos muitas vendas e a empresa disse que não ressarciria o comércio, pois também teve prejuízos", lembrou o presidente da CNDL. Ele disse, porém, que o fato de não existir uma agência reguladora para o setor compromete a indústria. Pellizzaro comparou o episódio a uma batida de carro em que o autor da colisão não queira pagar pelo dano no outro veículo, alegando que também teve perdas.

Hoje mesmo, de acordo com eles, já foram identificados alguns problemas no sistema das operadoras. Os lojistas minimizaram o fato, porém, alegando que problemas desse tipo são usuais em seu primeiro dia de uso. Para explicar aos comerciantes de todo o país a nova configuração do mercado, a CNDL distribuiu cartilhas com texto em formato de perguntas e respostas. "São problemas técnicos naturais. Mudança de sistema gera mesmo estressinho", avaliou Pellizzaro. A Agência Estado entrou em contato com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), mas ainda não recebeu retorno sobre eventuais problemas com o sistema integrado em seu primeiro dia de operação.

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