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Confira o os números e valores das ofertas |
Confira o os números e valores das ofertas| Foto:

A rolha saltou. Investidores, empresas e analistas estavam à espera da capitalização da Petrobras para programar os seus próximos passos. Como a operação foi bem sucedida, um obstáculo psicológico foi removido. O resultado, segundo economistas, pode ser um aumento na demanda pelas ações brasileiras e, nos próximos meses, uma nova onda de ofertas públicas de ações.

Em 2010, até agora, foram registradas 23 ofertas de ações, incluindo primárias e secundárias, com um volume de R$ 144,5 bilhões – sozinha, a Petrobras responde por R$ 120 bilhões desse total. O número de operações é considerado baixo pelo mercado. Nos últimos cinco anos, está abaixo apenas de 2008, ano da crise provocada pelas hipotecas americanas, quando ocorreram apenas 13 ofertas. "O processo da capitalização da Petrobras atrapalhou muito as outras empresas", observa Raphael Cordeiro, consultor de investimentos e chefe da área de análise da corretora Omar Camargo. Segundo ele, grandes investidores nacionais e estrangeiros reservaram recursos para comprar os papéis. Agora que a capitalização já aconteceu, novas somas podem ser liberadas.

Uma comparação entre o comportamento do mercado brasileiro e o americano neste mês dá uma amostra de como os negócios andavam "travados". O índice Dow Jones, da bolsa de Nova York, subiu 7,9% este mês, até agora. É o melhor mês de setembro nos últimos 30 anos. Aqui no Brasil, a alta foi menor: 5,93%. "O mercado estava muito parado", diz Cordeiro.

Tudo isso parece estar mudando. "As coisas estão voltando à normalidade", observa Roberto Sevalli, diretor da Paraná Asset Management, empresa de gestão de recursos do grupo J. Malucelli. Sevalli vê como sinal dessa normalidade um aumento na demanda por ações de empresas como Vale, Usiminas e Gerdau, que estavam "meio esquecidas", segundo ele. No pregão de ontem, as PNA da Vale subiram 2,1%; Usiminas PNA subiu 1,47% e Gerdau PN, 1,28%. Todas acima do Ibovespa, que elevou-se em 0,91%.

Para Sevalli, essa mudança de atitude também se mostra favorável à colocação de ações de outras empresas. "Dá para perceber que o mercado está carente de papéis", diz o executivo. "Está aquecido e vai absorver novas empresas com uma maturidade muito boa", opina. O que, na sua avaliação, é positivo tanto para o investidor quanto para as próprias empresas, que encontram na bolsa uma alternativa barata para obter dinheiro para financiar seu crescimento.

Atualmente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem sob análise 17 pedidos de registro de companhia aberta – esse é o primeiro passo no processo para emitir ações, embora não signifique que todas elas estão interessadas nisso. Outras seis empresas já submeteram à autarquia um prospecto preliminar para dar início à Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês), e esperam o momento apropriado para fazê-lo. Três companhias são do setor de petróleo (Repsol Brasil, Karoon e HRT), uma de autopeças (Autometal), uma de serviços financeiros (Brasil Insurance) e uma do setor de shopping centers (Sonae Sierra).

Mas o bom resultado da Petrobras é sinal de que o momento é bom para outras empresas? Na opinião dos especialistas, dificilmente. "Há fatores que se aplicam só a esse caso", diz Mário Roberto de Almeida, da corretora Gradual Investimentos. "A Petrobras vendeu a ideia do pré-sal, a demanda dos investidores asiáticos é bem ligada ao momento histórico deles e ao segmento de commodities", comenta.

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