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Aeroportos

Vencedores só atuam em países emergentes

As grandes operadoras da Europa não conseguiram arrematar concessões no leilão de ontem. Alguns desistentes afirmaram que as propostas escolhidas podem ser inviáveis

Telão na BM&FBovespa exibe lances vencedores: operadoras tradicionais ficaram para trás | Yasuyoshi Chiba/ AFP
Telão na BM&FBovespa exibe lances vencedores: operadoras tradicionais ficaram para trás (Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP)

Os consórcios vencedores dos aeroportos de Guarulhos, Cam­­pinas e Brasília são antigos co­­nhecidos do setor de infraestrutura. Detêm concessões rodoviárias, portuárias e de transporte ur­­bano. As operadoras estrangeiras, presença exigida pelo edital de licitação, atuam em países como Argentina e no continente africano.As grandes operadoras da Europa, como a alemã Fraport, a espanhola Aena e a suíça Zürich, conhecidas pela qualidade dos serviços, não conseguiram ir adiante no leilão. De qualquer forma, o governo acredita que os aeroportos ficarão em boas mãos.

"Não temos nenhuma sinalização de que as operadoras que participam dos consórcios vencedores não tenham condição de atender às necessidades dos aeroportos brasileiros", destacou o ministro-chefe da Secre­­taria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt. Se­­gundo ele, o fato de serem de países emergentes não as desqualifica. "Teremos de parar com esse complexo de vira-lata."

Desistência

As maiores construtoras do país – Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão – participaram do leilão em parceria com operadores dos melhores aeroportos do mundo. Elas e seus parceiros consideraram o ágio elevado demais para garantir retorno sobre o investimento no prazo da concessão.

Para Guarulhos, vendido por R$ 16,2 bilhões, elas chegariam a, no máximo, R$ 10 bilhões com chance de retorno sobre o investimento. Um dos desistentes afirmou que, pelas simulações, teria de abrir mão de lucros para cobrir a proposta vencedora em Guarulhos. Ainda segundo ele, com a receita obtida, daria para pagar impostos, no máximo.

Outra evidência dessa suposta distorção foi a relação entre o valor a ser pago pela outorga ao longo dos anos e a receita do aeroporto. Em 2011, a receita bruta de Guarulhos foi de R$ 1 bilhão. Somente para pagar a concessão, durante o prazo de 20 anos, o consórcio vencedor desembolsará, em média, R$ 810 milhões por ano. Isso sem contar o pagamento de impostos, encargos, os custos operacionais e os investimentos que terão de ser feitos ao longo dos anos.

O governo não só se surpreendeu com o resultado do leilão dos aeroportos como já prevê arrecadar no início do ano que vem pelo menos R$ 1,3 bilhão com as concessões. Os recursos contribuirão para engordar o superávit primário de 2013. Com a concessão, o governo passou a garantir receita extra de, ao menos, R$ 1 bilhão por 20 a 30 anos.

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