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A derrota do banco britânico Barclays nesta sexta-feira abre caminho para que o consórcio do Santander compre o banco holandês ABN Amro, que no Brasil é dono do Real. Com a aquisição, o Santander se tornaria o segundo maior banco privado do país em ativos, atrás apenas do Bradesco. No ranking geral, o Santander passaria de sétimo para terceiro lugar, uma mudança de posição que forçará todos os outros bancos a se reposicionarem no mercado.

O consórcio formado por Santander, RBS e Fortis, ofereceu 70 bilhões de euros (cerca de US$ 98 bilhões) pela instituição holandesa.

- Com o acordo o Santander ganhará força e competitividade. Um banco que não era tão forte surge como novo "player", sendo páreo a Bradesco e Itaú - diz Daniel Lemos, analista de investimento da Socopa.

O negócio, que é tido agora como quase certo, permitiria que o Santander encostasse no maior banco privado do país. O Santander acumularia ativos totais de R$ 277,763 bilhões, a uma distância de apenas R$ 12,805 milhões do Bradesco.

Consolidação do mercado pode elevar tarifas

Segundo o economista da Lopes Filhos João Augusto Salles, consolidações como a do Santander/ABN tendem a ser saudáveis tanto para o mercado financeiro quanto para o consumidor.

- Teoricamente consolidações como esta levam num primeiro momento a ganhos de eficiência e de produtividade. Todo mundo ganha - diz.

No entanto, ele ressalva que em cerca de um ano, quando as instituições tiverem consolidado sua carteira, o movimento pode levar a um aumento de tarifas.

Santander ganharia competitividade

Segundo a consultoria Austin Rating, com a compra o Santander conseguiria expandir-se para estados onde sua presença ainda não é tão forte, especialmente no Sudeste, excluindo São Paulo.

O analista de bancos Luis Miguel Santacreu diz que a compra do ABN "cai como uma luva para o Santander no Brasil".

Ele destaca que a aquisição contribuirá para o desenvolvimento do banco espanhol no Brasil sob diversos aspectos: atendimento de pequenas e médias empresas, que não teve a devida atenção do Santander quando ele entrou no país; operações de oferta de ações e emissões de títulos e dívidas, que eram um ponto forte do ABN; em financiamentos de veículos, que já fazia parte do escopo do ABN no Brasil antes mesmo da compra do Real, por meio da Aymoré Financiamentos; em private banking (administração de grandes fortunas), e em atividades de crédito e de varejo.

- Regionalmente, a compra também será muito positiva porque o Santander tinha uma concentração forte em São Paulo, por causa da compra do Banespa, em 2001, e no Sul, onde comprou o Meridional e o Bozano. O ABN traz agências nas principais capitais do país, fortalecendo a posição do Santander no Sudeste.

Santacreu considera que este é o segundo grande passo do Santander no Brasil e que contribui para sua estratégia de expansão na América Latina, onde já comprou bancos no México e Argentina.

O primeiro passo foi dado no ano de 2000, quando a instituição comprou o Banespa por US$ 3,6 bilhões, valor considerado alto para na época, com ágio de 281,02% sobre o preço mínimo. Antes disso, no mesmo ano, ele já havia comprado o Bozano e o Meridional por US$ 1,9 bilhão. E os bancos Geral do Comércio e Noroeste.

Crédito consignado e bancos estatais, as vedetes do setor

Com o movimento de consolidação do mercado, o crédito consignado (empréstimos com desconto em folha de pagamento) aparece como uma das grandes vedetes para impulsionar o setor. O segmento é atualmente dominado por pequenos bancos, que ganham mais luzes com a união de Santander e ABN Amro.

Maior banco privado do país, o Bradesco pretende liderar o segmento até abril de 2008, o que seria possível depois da compra do BMC, aprovada em agosto pelo Banco Central.

E o Bradesco não é o único. Os principais bancos do país vêm anunciando movimentações neste sentido.

O Banco do Brasil incorpora o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), e estuda a incorporação também do Banco do Estado do Piauí (BEP) e o Banco de Brasília.

O BB assinou nesta sexta-feira um documento abrindo espaço para incorporação do Besc. O Banco do Brasil se comprometeu a pagar R$ 250 milhões para cuidar da movimentação financeira estadual de Santa Catarina e da folha de pagamento de servidores catarinenses por 5 anos.

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, mostrou-se descontente com a incorporação de bancos estaduais pelo BB e disse que sua área jurídica estava avaliando a legalidade desse tipo de operação.

Cypriano descartou participação na disputa pelo BMG, que recebeu uma oferta do Itaú, e disse que investirá na melhora do atendimento e em novos produtos. Mas Cypriano, não descartou que novas oportunidades de aquisições sejam avaliadas.

O economista da Lopes Filho aposta que com a consolidação o Bradesco terá que se fortalecer no mercado de capitais e o Unibanco deve se voltar mais para o financiamento de veículos.

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