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Com forte alta neste ano, as vendas de caminhões podem sofrer, em 2012, os efeitos do reajuste de até 15% dos preços e da volta da alíquota de 5% de IPI | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Com forte alta neste ano, as vendas de caminhões podem sofrer, em 2012, os efeitos do reajuste de até 15% dos preços e da volta da alíquota de 5% de IPI| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
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Setor teme retração em 2012

Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Pedroso, diretor da Servopa: vendas dificilmente crescerão no ano que vem

Com os números de vendas praticamente consolidados neste ano, o setor de caminhões já volta sua atenção para 2012. De acordo com executivos do mercado, o ano tende a não ser tão positivo e tanto as expectativas comerciais quanto a atividade do padrão Euro 5 no país ainda são cercadas de dúvidas.

Na questão comercial, parte das vendas de caminhões do ano acabou sendo antecipada em 2011 e, além disso, os preços sofrerão um aumento de cerca de 15% nos próximos meses, o que pode inibir parte das vendas. Quanto ao sistema Euro 5, as incertezas são em torno da oferta e dos preços do combustível que deverá ser utilizado pelos novos modelos – o diesel S50, que tem menor teor de enxofre.

Para Roger Pedroso, diretor da divisão de caminhões da Servopa, será difícil manter um crescimento de 20% no número de unidades vendidas ao ano, como a empresa vinha conduzindo nos últimos períodos. "Devemos ter um 2012 com os mesmos volumes de 2011, sem aumento nas vendas", afirma Pedroso.

O gerente de vendas da Volvo Caminhões, Bernardo Fedalto, também diz acreditar que o movimento de "pré-compra" deve impactar as vendas no próximo ano. Segundo ele, a estimativa da montadora é de que a antecipação dos negócios represente de 5% a 10% das vendas fechadas em 2011 pela Volvo. "Esta antecipação é significativa e pode, obviamente, se refletir em uma queda na mesma proporção nas vendas do ano que vem", diz Fedalto.

Nos casos da Servopa e da Volvo, a receita total pode não ser tão afetada pela redução na quantidade vendida de caminhões, uma vez que os veículos serão vendidos a preços maiores.

As dúvidas do setor quanto à estrutura para o funcionamento dos caminhões já fabricados no modelo Euro 5 só devem ser resolvidas nos primeiros meses de 2012. "É quando saberemos se um número suficiente de postos estará oferecendo o novo combustível necessário e quanto ele custará. Teremos de esperar", afirma Fábio Leite, diretor de compras corporativas do grupo Ouro Verde.

Segundo ele, tanto a Petro­bras quanto as montadoras tentam constantemente tranquilizar o setor quanto à atividade, mas as incertezas, principalmente quanto aos preços dos combustíveis, ainda atrapalham as empresas.

"Fica difícil fazer um planejamento de prazo mais longo para alguns projetos sem conhecer parte dos custos que teremos. Até por isso, apostamos na compra dos modelos Euro 3 (caminhões já vendidos, com padrão anterior ao Euro 5)", diz Leite. Segundo ele, com essas indefinições a possibilidade de novos aumentos na frota deve esperar mais alguns meses para ser avaliada.

Prestes a sofrer um aumento – já anunciado – de até 15% em seus preços no começo de 2012, os caminhões têm forte alta nas vendas neste ano. No acumulado de janeiro a outubro, o volume de veículos negociados cresceu 14,5% em relação ao mesmo período de 2010, atingindo 143,6 mil unidades, de acordo com a Fenabrave, fe­­de­­ração que representa as distribuidoras, e a expectativa é de que o mercado termine o ano com aumento próximo de 18% sobre 2010, somando pouco mais de 185 mil veículos.

O movimento de "pré-compra" está sendo motivado por uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que passa a valer em 2012 e determina a atualização da produção nacional de veículos pesados ao padrão chamado Euro 5, que prevê níveis menores de emissão de poluentes. A partir de 1.º de janeiro, as montadoras do país só poderão produzir caminhões que respeitem as normas desse padrão, com tecnologias que devem encarecer entre 7% e 15% o preço final dos caminhões.

Além disso, também em janeiro chega ao fim a isenção que o governo federal havia promovido no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os caminhões, que voltarão a pagar a alíquota de 5%. Daí que a antecipação de compras, que hoje garante a felicidade de montadoras e concessionárias, pode se transformar em retração de mercado no ano que vem – quando os preços estarão maiores e a demanda, reduzida.

Frota maior

O grupo Ouro Verde está entre as transportadoras que decidiram antecipar as compras: adquiriu quase 400 caminhões, aumentando em 40% sua frota para locação, agora em cerca de 1,4 mil veículos. A compra totalizou pouco mais de R$ 80 milhões, sendo dividida entre modelos Volkswagen e Merce­des-Benz.

"Temos crescido muito na locação de equipamentos, principalmente de grandes caminhões, então já pensávamos neste aumento de frota. Para não sermos afetados por essa majoração de preços, resolvemos antecipar a compra", diz Fábio Leite, gerente de compras corporativas da Ouro Verde.

Segundo ele, a demanda encarada pela empresa vem essencialmente dos setores sucroalcooleiro e da construção civil. "A safra de cana-de-açúcar, por exemplo, deve exigir um volume maior de caminhões apenas em abril. Mas, se es­­perássemos até os primeiros meses do ano, teríamos de comprar os modelos mais caros", afirma.

Quem comemora a antecipação dos negócios é Roger Pedroso, diretor da divisão de caminhões da Servopa. A concessionária foi quem intermediou a compra dos veículos Volkswagen entre a Ouro Verde e a montadora, em uma negociação de 277 caminhões e R$ 47 milhões.

"Foi a maior venda do grupo Servopa para um único cliente e representou, em quantidade de veículos, quase 20% de nossos resultados anuais", conta Pedroso. Segundo ele, essa negociação, sozinha, já representaria o aumento médio nas vendas que a Servopa experimenta a cada ano.

Montadoras

Para as montadoras, o cenário também é positivo. Nos dez primeiros meses do ano, a Volvo, que tem fábrica em Curitiba, vendeu 15,6 mil caminhões, número 31,5% superior ao do mesmo período de 2010. "O resultado é bom. Mostra que o setor está aquecido e maduro, refletindo o que ocorre na construção civil e na agricultura, que são os mercados que mais vêm exigindo caminhões", diz Ber­nardo Fedalto, gerente de vendas da montadora.

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