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A crise na agricultura provocada pela estiagem e pela queda dos preços das principais commodities afetou os resultados do comércio do Paraná em 2005. Com a retração na renda da população ligada ao agronegócio, principalmente no interior, o setor varejista amargou seis meses consecutivos de queda e encerrou 2005 com variação negativa de 1% em relação a 2004. O resultado vai na contramão da média brasileira, que apresentou aumento de 4,8% nas vendas, de acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Somente em dezembro, que é considerado o melhor período do ano para o setor, houve redução de 2,23% nas vendas do comércio varejista paranaense. Na média dos 27 estados brasileiros, o comércio aumentou suas vendas em 4,28% no último mês do ano passado na comparação a igual período de 2004.

Segundo o economista do IBGE, Reinaldo Silva Pereira, os setores do comércio do Paraná que mais sentiram os impactos da crise no campo foram supermercados e hipermercados e combustíveis e lubrificantes. De acordo com ele, os resultados de 2005 só não foram piores devido ao bom desempenho das vendas de equipamentos de informática e de celulares e de móveis e eletrodomésticos.

Quedas

Supermercados e hipermercados (-7,8%) e combustíveis e lubrificantes (-2,5%) foram os setores do comércio mais afetados em 2005 pela queda da renda da população paranaense. "A agricultura ainda exerce forte papel na economia do Paraná. O setor não indo bem, comércio e indústria também são afetados", destaca Reinaldo Pereira.

O Supermercado Estiano, localizado no bairro Fazendinha, em Curitiba, registrou no ano passado queda de 40% nas vendas. Segundo André Luis Arruda de Lima, além da mudança de endereço, o estabelecimento também foi afetado pelo menor volume de compras por parte dos consumidores, que passaram a pesquisar mais os preços das mercadorias.

A rede de supermercados Jacomar com lojas no Boqueirão, Xaxim e São José dos Pinhais projetava crescimento entre 3% e 5% nas vendas em 2005, mas terminou o ano com faturamento empatado ao de 2004. Segundo o gerente da loja do Boqueirão, Vanderlei Trindade, o consumidor passou a comprar produtos mais simples, de menor valor.

Quanto aos combustíveis, o presidente o sindicato dos postos (Sindicombustíveis), Roberto Fregonese, atribui a três fatores a queda nas vendas do setor: o preço mais baixo está fazendo com que muitos proprietários de veículos migrem para o gás natural; busca de produtos alternativos pelo produtor rural, que está abastecendo tratores e colheitadeiras com uma mistura de 70% de óleo vegetal e apenas 30% de diesel; e, nas regiões de fronteira com a Argentina, os consumidores estão aproveitando o preço mais baixo no país vizinho.

Crédito

A pesquisa mostra que em 2005 o comércio voltou a ser sustentado pelo crédito. O segmento de equipamento e material de escritório, informática e comunicação liderou o crescimento em termos porcentuais, com expansão de 54,01%, impulsionado pela taxa de câmbio e pela oferta de crédito.

No Paraná, o setor de móveis e eletrodomésticos elevou suas vendas no estado em 13%, pois com maior oferta de crédito, o consumidor apostou na compra de alguns produtos como aparelhos de TV e som, fogões e geladeiras. Outro destaque foi na área de lojas de departamento, brinquedos, óticas, entre outros. "Este segmento também se beneficiou da ampliação do crédito", justifica Pereira. A atividade de equipamento e material de escritório, informática e comunicação liderou o crescimento em termos porcentuais no Paraná, com elevação de 79,7%, acima da média nacional.

De acordo com o economista do IBGE, com a baixa do dólar em relação ao real, os equipamentos ficaram mais baratos para o consumidor, que também se beneficiou com a isenção do PIS e da Cofins, representando na prática uma redução de mais de 9% nos computadores que custam até R$ 2,5 mil. No caso dos celulares, as vendas foram impulsionadas pela grande variedade de lançamentos e planos atraentes.

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