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Venda de eletrônicos disparou em Caracas: Exército contra especulação | CarlosRamirez/AFP
Venda de eletrônicos disparou em Caracas: Exército contra especulação| Foto: CarlosRamirez/AFP

Venezuelanos correram para as lojas de eletrodomésticos durante o último fim de semana, com medo de aumentos de preços após a maxidesvalorização cambial anunciada na noite de sexta-feira pelo presidente do país, Hugo Chávez. A decisão, alvo de críticas da oposição, seria uma tentativa de impulsionar a economia local, que enfrenta uma forte recessão, apesar de a Venezuela ser o maior exportador de petróleo da América do Sul.

Chávez advertiu ontem que colocará nas ruas a Guarda Nacional para evitar a especulação com os preços. "Não há razão para que ninguém aumente os preços de nada. O povo não deve deixar-se roubar. Vamos aplicar a lei, partir para um plano ofensivo contra a especulação", afirmou durante seu programa dominical "Alô Presidente". "Quero que a Guarda Nacional vá às ruas junto com o povo para lutar contra a especulação", acrescentou.

Duas taxas oficiais

A moeda local, o bolívar, passa a ter duas taxas de câmbio, dependendo de seu uso. O dólar passará de 2,15 bolívares para 2,60 bolívares para setores como saúde e alimentos, uma desvalorização de 17,3%. Para artigos que não são considerados de primeira necessidade, a depreciação será ainda maior: de 50%, ou 4,30 bolívares por dólar. Este vai se chamar "dólar petroleiro". O câmbio oficial estava fixo em 2,15 desde 2005.

A oposição aproveitou o temor de que os preços dos bens importados disparem para criticar o governo. O partido de centro-esquerda Un Nuevo Tiempo (UNT), de oposição, afirmou no sábado em nota que o objetivo da medida é dar dinheiro ao governo em um ano eleitoral. Segundo o UNT, a desvalorização "é um duro golpe no estômago do povo venezuelano".

Até a Igreja entrou no coro dos descontentes. O segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, monsenhor Robert Lückert, disse que haverá uma "terrível inflação, que não afetará o presidente e seus amigos, que comem muito bem, mas o cidadão comum".

O próprio governo não descarta uma inflação. O ministro de Economia, Alí Rodríguez, disse que a implementação das medidas cambiais pode gerar um impacto de 3% a 5% na inflação. Mas ele ressaltou que será criada uma nova ordem econômica, para incentivar a produção nacional e evitar a dependência das importações.

Segundo a mídia local, após o anúncio duplicou o movimento normal de compradores em lojas de eletrodomésticos de Caracas. Havia muitas pessoas do interior tentando garantir a compra de computadores, aparelhos de som e televisores antes de um possível aumento dos preços. "Foi uma sexta-feira preta e vermelha", disse a executiva de vendas Diana Sevillana, fazendo um trocadilho com referência à Black Friday, nos Estados Unidos (a liquidação posterior ao feriado de Ação de Graças que atrai milhares de consumidores), e à cor carmim do partido socialista de Chávez.

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