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O conceito da Web 2.0 pode ser levado ao extremo, com a internet encarada como um mundo paralelo. A maioria desses mundos virtuais existem na forma de games RPG multiplayer online – verdadeiros ambientes que simulam tudo o que existe na chamada vida real.

Recentemente, aconteceu o primeiro evento dedicado a realidades paralelas 3D como estas, como o mundo web Second Life. Foi o Metaverse Roadmap Summitt, que reuniu em Palo Alto, na Califórnia, os cérebros pensantes em tecnologias de realidade virtual, videogames e até engenharia aeroespacial. O texto que resume o evento dá idéia da revolução que vem por aí: "O que acontece quando os games encontram a Web 2.0? Quando mundos virtuais encontram mapas geoespaciais da Terra? Quando as simulações são reais e a vida e o trabalho viram virtuais? Quando seu avatar [personagem imaginário criado pelo usuário para andar pelos ambientes virtuais] vira seu blog, seu desktop e seu agente online? O que acontece... é o metaverso".

O metaverso é isso mesmo que a palavra sugere: um universo dentro de outro universo. "Há vidas inteiras hoje passadas dentro de jogos na internet", conta Bruno Feijó, professor de informática da PUC. "Se por um lado isso é empolgante, por outro é preocupante. Há relatos dando conta de que as pessoas vão tão fundo nessas vidas paralelas que se esquecem de comer, beber, dormir, e casamentos terminam por causa disso."

Tecnicamente, a internet 3D tem origem na antiga linguagem de programação chamada VRML (Virtual Reality Markup Language). Era uma linguagem descritiva para a confecção de mundos 3D e prima do HTML, que surgira para formatar a internet. Na época, havia a idéia de navegadores VRML para entrar no mundo 3D. Mas o VRML ficou para trás e hoje foi substituído pelo X3D, que tem um consórcio próprio.

No evento do metaverso, falou-se de muitas coisas. Por exemplo, da plataforma open source Croquet, com a qual se pode construir mundos inteiros com locais e programas com interfaces 3D. Outra plataforma famosa, que também tem chat, é a Active Worlds, com comércio, mais de cem mundos virtuais temáticos e jogos. Tem ainda a Second Life, um mundo virtual cujos moradores são também seus donos e desenvolvedores. Games que exploram este viés hoje são muito populares. Alguns exemplos são City of Heroes e World of Warcraft. Há também o Kothuria, bolado a partir da plataforma independente de software Multiverse.

"A visualização é a grande revolução deste novo século, tanto quanto foi a internet no fim do século passado. Esse conceito abrange a própria convergência de televisão, celular, computador, e a computação ubíqua", diz Feijó.

Filosofia

Já existem até alguns filósofos da existência virtual. Um dos mais engajados é o professor norte-americano Michael Heim, que acredita nos avatares como possíveis meios políticos para difundir a harmonia entre diferentes povos – é o que ele chama de "diplomacia avatar". Heim é tão preocupado com o assunto que escreveu até um artigo sobre feng-shui nos ambientes 3D virtuais e um livro sobre metafísica nestes mundos.

Feijó lembra que o virtualismo definitivo viria com a imersão total em 3D estéreo, mas pondera que através da internet é mais difícil ter essa imersão total em tempo real. Ele acredita, contudo, que o advento da televisão digital pode mudar isso. "Não é difícil imaginar que, uma vez que a tevê digital esteja consolidada, sua tremenda banda possa transmitir coisas 3D estéreo no futuro."

Como Michael Heim, ele crê que esses mundos virtualizados podem ser ferramentas de cidadania e educação, dado seu potencial concentrador. "Em algum momento do futuro, o 3D vai passar a ser algo normal. O futuro certamente comportará ambientes virtuais avançados em três dimensões."

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