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Passaporte carimbado Exigência atinge outros países

O Brasil exige visto da maioria dos 193 países existentes no mundo. Para entrar no país também precisam do carimbo australianos, mexicanos, canadenses, japoneses, entre outros. Turistas procedentes, por exemplo, da Espanha, Alemanha, Itália, e outros países da União Européia, estão dispensados de visto para permanência de até três meses. A australiana Judi Bernshaw, de Melbourne, fez um roteiro para Antártida que incluiu passagem pela Argentina para conhecer as Cataratas. Ela desembarcou no aeroporto de Puerto Iguazú para ficar três noites na cidade e não pretendia cruzar a fronteira com o Brasil porque não tinha visto. "É muito caro tirar o visto para ficar um tempo curto no Brasil", lamenta.

Foz do Iguaçu – A exigência de visto para a entrada de turistas norte-americanos no Brasil e a desvalorização do dólar impulsionam a fuga de estrangeiros de Foz do Iguaçu e servem de marketing para as Cataratas da Argentina, país onde o documento é dispensado e a moeda americana está em alta. O número de visitantes dos Estados Unidos no parque argentino, em Puerto Iguazú, passou de 22,3 mil para 32,5 mil entre 2005 e 2006. Nas Cataratas brasileiras, caiu de 38.199 para 35.555, no mesmo período.

A redução do número de estadunidenses no parque brasileiro acompanha uma queda global de turistas em Foz iniciada no ano passado, que se perpetua em 2007. Nos dois primeiros meses deste ano, o parque argentino recebeu 61.179 turistas a mais do que o brasileiro, em se tratando de todas as nacionalidades.

Em 2005, passaram pelos portões da reserva brasileira 1.084.239 visitantes, contra 954.039 em 2006, ou seja, 12% a menos. Na Argentina, a quantia subiu de 912 mil em 2005 para 922 mil em 2006, ou seja, 1,1%.

Preocupado com a situação, o setor de turismo está pessimista. "O número de estrangeiros já caiu fortemente no segundo semestre de 2006, cerca de 40%, e este ano já é 30% menor em relação ao mesmo período do ano passado", diz o presidente da Associação de Receptivo Internacional de Foz do Iguaçu, Enio Eidp. Segundo ele, as empresas de turismo que operam com estrangeiros em Foz estão trabalhando quase sem rentabilidade.

Eidp diz que boa parte dos turistas prefere entrar na América do Sul via Buenos Aires, Argentina, porque o país vizinho tem pacotes 40% mais baratos em relação aos brasileiros devido à valorização do dólar frente ao peso argentino. Com US$ 1 os turistas compram P$ 3. No Brasil, a relação é de US$ 1 para R$ 2,10. Na avaliação de Eidp, se o câmbio não mudar este ano, o turismo irá se estagnar e deixará de crescer.

Na tentativa de reverter o problema, que também respinga em outros destinos turísticos brasileiros, a Associação Brasileira de Indústria Hoteleira (ABIH) está fazendo um forte lobby para deputados aprovarem um projeto que isenta o visto para turistas norte-americanos no Brasil.

O presidente da regional Oeste da ABIH, Camilo Rorato, diz que além de incentivar os turistas a entrar na América do Sul via Buenos Aires, e tirar deles o hábito de cruzar a fronteira com o Brasil, a exigência de visto não faz sentido. "Nós queremos vender e eles querem comprar. Os americanos vêm para o Brasil trazer dinheiro e não para trabalhar ou se radicar no país", diz. A exigência de visto tem base na reciprocidade. Ou seja, pelo fato de os Estados Unidos exigirem visto dos brasileiros, aplica-se a regra aqui.

O presidente do Iguassu Convention e Visitors Bureau de Foz do Iguaçu, Felipe Gonzalez, diz que independente da situação desfavorável é necessário o Brasil promover mais ações para divulgar o turismo nos Estados Unidos, África, Europa e América Latina.

O diretor de Turismo do estado de Misiones, Argentina, vizinho ao Paraná, Ruben Peralta, diz que o turismo interno da Argentina está em alta e vem refletindo em Puerto Iguazú, onde está sendo construído, às margens do Rio Iguaçu, um complexo de 24 hotéis.

Segundo Peralta, o que falta à região fronteiriça para incrementar a vinda de estrangeiros são vôos internacionais. Os aeroportos de Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú não recebem vôos de outros países, o que leva o turista a ficar pouco tempo na região.

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