Brasília - Os bancos públicos puxaram a expansão do crédito nos últimos meses e ajudaram a garantir a oferta de financiamentos bancários no país, já que as instituições privadas passaram a adotar uma conduta mais conservadora desde o agravamento da crise. Segundo dados do Banco Central, no primeiro trimestre deste ano os bancos públicos aumentaram em R$ 21,4 bilhões (ou 4,8%) as suas carteiras de crédito, que no mês passado somavam R$ 466 bilhões. Os bancos privados, ao contrário, reduziram seus saldos em R$ 7,6 bilhões no mesmo período, o que corresponde a uma queda de 1%. O estoque total de dinheiro emprestado cresceu 1% no mês e chegou ao valor inédito de R$ 1,241 trilhão, ou 42,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Desde o início da crise, o governo Lula diz que usará os bancos federais Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal para sustentar o crédito no país.
Os números mostram ainda que, entre os bancos públicos, a maior expansão do crédito ocorreu nas operações com pessoas físicas, em que o crescimento registrado no trimestre chegou a 9,3%. Já entre os privados, a maior queda foi no saldo dos empréstimos ao setor de serviços, que recuou 7%.
Menores
Com a crise, tanto bancos maiores como grandes investidores como fundos de investimento e de previdência passaram a evitar aplicações de maior risco, o que significou uma queda nos depósitos feitos em instituições financeiras pequenas e médias.
Com isso, esses bancos passaram a vender parte de suas carteiras de crédito para bancos maiores. Instituições públicas como o BB e a Caixa estiveram entre as maiores compradoras.
O economista Armando Castelar, pesquisador da UFRJ e analista da Gávea Investimentos, afirma que, com a crise, muitas pessoas e empresas optaram por transferir seus depósitos para bancos públicos, que, em tese, teriam menos probabilidade de quebrar por contarem com garantias do governo. "Sabendo que existe essa garantia, as pessoas correram para o banco público, que por isso ficou com muito dinheiro em caixa e, portanto, com maior capacidade de emprestar", diz Castelar.
Juros
Depois de terem atingido o pico em novembro do ano passado, os juros cobrados pelos bancos caíram pelo quarto mês seguido, diz o BC. Entre fevereiro e março, a taxa média dos empréstimos passou de 41,3% ao ano para 39,2%, o menor nível desde julho de 2008. Os juros caíram em quase todas as modalidades. Nas operações com pessoas físicas, a taxa média recuou de 52,6% ao ano para 50,1%. Para empresas, o custo dos financiamentos passou de 30,9% ao ano para 28,9%. Uma exceção foi o cheque especial, modalidade em que a taxa anual foi de 166,7% para 169,1%.
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