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Um almoço em suposto clima de confraternização marcou nesta segunda-feira (27) o fechamento da venda da Companhia Cimento Ribeirão Grande (CCRG), da família Koranyi Ribeiro, à Votorantim Cimentos. À mesa do badalado Parigi, em São Paulo, sentaram-se Carlos e Fábio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, e Carlos Alberto Martins Ribeiro, representando a CP Cimento, dos Koranyi Ribeiro.

Após três meses de negociações marcadas por muita pressão, a Votorantim concordou em pagar R$ 425 milhões em seis parcelas anuais para assumir 95,65% do capital da Ribeirão Grande, entre ações ordinárias e preferenciais, que estava nas mãos da CP Cimento, segundo o grupo Votorantim.

Na verdade, trata-se de uma recompra, ou "marcha-a-ré", no jargão financeiro. Em 2000, a Votorantim vendeu essa mesma fábrica à CP. A família Koranyi Ribeiro sairá integralmente do negócio, restando alguns sócios minoritários. "O grupo viu na aquisição uma excelente oportunidade de investimento", disse Walter Schalka, presidente da Votorantim Cimentos, em comunicado. O grupo ampliará sua produção em 900 mil toneladas anuais. Hoje tem capacidade de 30,4 milhões toneladas/ano.

Papagaio financeiroSegundo o Valor apurou, o acerto prevê o cancelamento de uma dívida de quase R$ 400 milhões da holding Santo Estevão, dos Koranyi Ribeiro, com a Votorantim. O papagaio tinha origem na própria operação de venda da Ribeirão Grande: os compradores nunca pagaram pelo ativo que levaram. O negócio acontece um ano depois de a CP ter decidido colocar ativos à venda para livrar-se da pesada dívida de curto prazo.

Segundo um executivo que participou da negociação, houve um verdadeiro jogo de xadrez. A principal jogada da CP ocorreu em agosto, quando deixou vazar a informação de que havia um acordo para venda do controle da Ribeirão Grande para o grupo grego Titan. Foi a senha para que a Votorantim se mobilizasse para vetar a venda e exercer sua opção de retomada da fábrica. Fechar negócio com a Votorantim parecia ser o objetivo da família Koranyi, já que o preço, fixado em um contrato antigo, era mais interessante.

Depois que declarou seu interesse em reassumir o negócio, a Votorantim retardou as conversas e apertou os vendedores, que tinham em seu encalço um grupo de credores que cobrava dívida de R$ 400 milhões já vencida. "Asfixiaram a empresa", diz uma fonte.

Com a entrada de R$ 425 milhões nos próximos anos e com a sua saída integral da Ribeirão Grande, como exigiam credores, a CP partirá para reescalonar a sua dívida financeira. Depois, deve decidir o que fazer com a sua segunda cimenteira, a Tupi. Poderá optar por vendê-la ou buscar um sócio.

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