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Sala de aula em Araucária funciona no subsolo de uma capela: 500 alunos no local, que alaga quando chove | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Sala de aula em Araucária funciona no subsolo de uma capela: 500 alunos no local, que alaga quando chove| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Burocracia e chuva adiam o reinício

Chuvas, estradas rurais ruins, burocracia e até falta de carteiras afetaram a volta às aulas de alunos da rede pública estadual do Paraná. No Norte Pioneiro, onde Sengés chegou a ficar ilhada durante seis dias, o início das aulas foi adiado para o dia 18. Adotaram a mesma data Tomazina, que foi alagada há dez dias, e São João da Boa Vista, onde 70 pontes foram levadas pela enxurrada na zona rural.

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Sem aula por falta de professores

Em Foz do Iguaçu, alunos de dois dos 29 colégios estaduais voltaram para casa mais cedo. No Colégio Estadual Barão do Rio Branco, um dos maiores da cidade, o quadro de docentes ainda não está completo, prejudicando a definição dos horários e distribuição das disciplinas.

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As aulas iniciaram ontem para 1,4 milhão de estudantes da rede estadual, mas nem todos tiveram um retorno tranquilo. Em Curitiba e região metropolitana pelo menos 3,5 mil alunos são atendidos em espaços improvisados.

Em Araucária, os 500 alunos do colégio estadual Helena Wysocki começaram o ano letivo ontem no subsolo de uma igreja. Foram avisados na semana passada de que não havia mais espaço para eles no prédio da Escola Municipal Ar­­chelau de Almeida Torres, usada em conjunto por estado e município e que passa por obras.

O espaço está longe de atender as necessidades das crianças e adolescentes. Foi alugado da Cúria Me­­tropolitana pelo município em 2007, depois que parte do prédio da escola foi derrubado para dar lugar a um edifício novo, e era dividido com o estado. Agora, a Secre­­taria Municipal de Educação de Araucária pediu o prédio da escola de volta, e só a igreja restou para o colégio estadual. Lá existem apenas seis salas, algumas com janelas pequenas que dificultam a circulação do ar.

Tanto a igreja quanto a escola não têm espaço adequado para a prática de esportes. Por isso, os estudantes têm de caminhar aproximadamente 500 metros até um parque público para as aulas de educação física. Também não há espaço para biblioteca e laboratórios de informática, física e química, cujos materiais estão empilhados em uma sala do prédio municipal.

Além disso, as crianças bebem água em um tanque de lavar roupa e os banheiros não têm assentos nas privadas nem pia. Como as sa­­las ficam em desnível em relação à rua, quando chove, conta a diretora da escola, Regina Bregenski, o es­­paço fica alagado. "Essa situação se mantém pela falta de iniciativa do governo. Há anos esperamos um prédio próprio."

A diretora de administração escolar da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Ana Lúcia Schu­lhan, diz que, agora que o estado é o único ocupante do espaço, as reformas necessárias serão providenciadas. Ana Lúcia afirma que a situação deve durar até 2011. "O município nos cedeu um terreno em frente à escola municipal, onde vamos construir um prédio próprio", garante.

Provisório definitivo

No Colégio Estadual Beatriz Faria Ansay, no bairro Tatuquara, uma condição provisória se arrasta por cinco anos. Desde 2005, a obra de um novo prédio ficou parada e o pouco que já estava construído foi demolido. Cerca de mil estudantes são atendidos num galpão alugado.

Segundo pais, alunos e professores não há estrutura adequada para atender os alunos. O professor Valtenir Silva conta que as aulas de educação física acontecem apenas na teoria. A biblioteca foi instalada junto com o almoxarifado e não há laboratórios de informática, química e física. "Algumas salas de aulas são pequenas e o banheiro fica do lado da cozinha", diz. Uma reunião entre professores, pais e alunos ocorre hoje para definir manifestações para os próximos dias.

Já em Almirante Tamandaré, na região metropolitana, cerca de 2 mil alunos do Colégio Estadual Ambrósio Bini não contam com espaço físico adequado há sete anos. Em 2003, o prédio da escola foi interditado por apresentar ra­­chaduras. Desde então, foi dividido em duas partes: uma antiga es­­cola de madeira onde não há se­­quer banheiros e um galpão alugado, onde tudo foi improvisado. "Por mais que a gente faça pequenas reformas e compre ventiladores os alunos não aguentam o ca­­lor", diz o presidente da Associação Pais, Mestres e Funcionários (APMF), José Américo Martins.

O superintendente da Seed, Luciano Mewes, conta que os casos dos colégios Beatriz Faria Ansay e Ambrósio Bini foram herdados quando assumiu o cargo há três anos, período em que entregou 100 novas escolas em todo o estado. No Colégio Beatriz Faria Ansay, ele exlica que um novo projeto foi iniciado. "Também fico frustrado, mas as leis precisam ser seguidas e tenho esperança de resolver essa questão até o fim deste governo", diz. Segundo Mewes, um novo projeto para a construção do colégio foi feito e está em fase de licitação, a ser concluída até maio.

Já no Colégio Estadual Am­­bró­­sio Bini o problema é que o antigo prédio interditado não pôde ser aproveitado devido a uma formação rochosa no subsolo. Será construído um novo prédio, que também se encontra em fase de licitação. "Todas as responsabilidades sobre os problemas nessas construções estão sendo apuradas pela Procuradoria-Geral do Estado", diz Mewes.

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