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Ação recreativa em Campo Largo: comunidade trabalha com autonomia pelo desenvolvimento educativo da região | Divulgação
Ação recreativa em Campo Largo: comunidade trabalha com autonomia pelo desenvolvimento educativo da região| Foto: Divulgação

Cooperação

Concurso vai premiar ideias

A operadora de celular Vivo e o Sesi-PR lançaram um concurso que pretende identificar e compartilhar ideias que estimulem a cooperação entre pessoas. Os vencedores receberão prêmios em dinheiro que vão de R$ 5 mil a R$ 40 mil reais.

A competição foi lançada no dia 19 de maio, ao fim do debate sobre Arranjos Educativos Locais (AEL), e é aberta a qualquer pessoa que sugira soluções às seguintes questões: como criar e fortalecer redes de cooperação? Como conectar pessoas para criar um sentimento de comunidade? Como ampliar a cidadania nos espaços urbanos para contaminar as pessoas a agir pela mudança em suas comunidades? Como criar conexões para aprendermos todos juntos e em qualquer lugar?

As melhores soluções serão aplicadas nas localidades onde ocorrem projetos de AEL em Curitiba e região metropolitana e ficarão disponíveis na internet num banco de ideias voltado para iniciativas comunitárias. Mais informações: http://ideias.me/vivosesi/ (JDL)

Tranformação

Experiência em Campo Largo foi a pioneira

No Paraná, a cidade de Campo Largo foi a primeira a receber os agentes do Sesi-PR para a implantação de um AEL. A experiência começou em 2009 e envolve a participação da comunidade quilombola de Palmital dos Pretos, além de sindicatos e associações.

A agenda de aprendizagem, nome dado ao conjunto de ações, foi chamada de Redescoberta da Identidade Local e já rendeu à região apresentações teatrais, ações de inclusão digital e compartilhamento de informações sobre cerâmica, principal produto da economia local.

De acordo com Amanda Sawaya Novak, uma das responsáveis pela motivação de arranjos no Sesi-PR, tanto em Campo Largo como nas outras ações já promovidas há a preocupação de envolver os moradores em reflexões sobre educação transformadora. Embora as atividades sejam diferenciadas por aspectos locais, sempre são usados os tópicos Reconhecimento do Eu, Convívio Social e Nós no Mundo para identificação dos conhecimentos relevantes.

Embora a presença do Sesi-PR possa sugerir semelhanças com o ensino formal, Amanda enfatiza a diferença. "O que acontece não são cursos. Queremos fugir da imagem de escolarização. Trata-se do desenvolvimento de ações que compartilham aprendizagem."

Depois de Campo Largo, foram promovidas ações nos bairro curitibanos do Portão e Cidade Industrial, e em São José dos Pinhais.

É possível pensar e agir na educação sem envolver a escola? Os defensores dos Arranjos Educa­tivos Locais (AEL) dizem que sim, e acrescentam que entidades formais muitas vezes até atrapalham eficientes ações individuais que promovem práticas de aprendizagem. A valorização de iniciativas pessoais, e não de instituições, é característica essencial do modelo em que qualquer ambiente de convivência pode ser usado para o desenvolvimento educativo de uma comunidade.

O tema foi discutido no Congresso Internacional de Cida­des Inovadoras (CICI) 2011, realizado entre 17 e 20 de maio no Centro de Inovação, Educação, Tecnologia e Empreendedorismo do Paraná (Cietep) e, apesar de o nome não ser muito conhecido, práticas existentes em bairros, vilas e igrejas se enquadrariam no que convencionou-se chamar de AEL. Segundo Luiz Fernando Guggemberger, responsável por projetos sociais do Instituto Vivo, a ideia que fundamenta um AEL é a cooperação de pessoas em determinada localidade que colocam seus talentos e seu desejo de aprender a serviço umas das outras, criando ambientes de aprendizagem, sem que qualquer instituição imponha determinado currículo, divisões de faixa etária ou norma burocrática.

Citado por seus motivadores mais como experiência social do que como sistema, a matéria-prima para o funcionamento de um AEL seriam os conhecimentos e capacidades pessoais daqueles que moram em determinada comunidade. "Você pode fazer uma aula de violão na porta de casa, na calçada com seus vizinhos, na praça, ou em qualquer espaço da comunidade, sem que alguém defina para você onde ou o que aprender", exemplificaGuggemberger.

Desde 2009 o Serviço Social da Indústria (Sesi-PR) assumiu o papel de estimulador deste tipo de prática no estado, buscando aperfeiçoar arranjos já existentes, colocando em contato criadores de ideias que poderiam ser complementares e promovendo os benefícios da cooperação comunitária. Agentes de aprendizagem fazem pesquisas de porta em porta procurando identificar que tipo de conhecimento seria relevante para a comunidade onde estão. Os resultados servem de base para as articulações necessárias, que vão desde a identificação das capacidades dos moradores até os contatos com empresas, órgãos públicos ou outros potenciais parceiros.

De acordo com José Fares, presidente do Sesi-PR, o papel da instituição é o de aliado, não o de condutor. "Cabe a nós viabilizar condições de espaço e recursos para que essas pessoas conversem e façam algo relevante para a própria comunidade. Algo muito prático e sem burocracia", diz Fares, para quem a autonomia das pessoas no AEL é o grande diferencial em relação aos sistemas de educação formal.

Ambiente

Apesar das numerosas críticas feitas ao atual sistema de educação formal, os debatedores do tema no CICI 2011 não apontam as práticas de AEL como uma oposição à escola, mas enfatizam que a instituição escolar é apenas parte, e não o centro do processo educativo. Segundo Nilton Lessa, diretor da empresa de gerenciamento de informação Moleque de Ideias, a exclusividade da escola como ambiente de aprendizagem é um erro. "Há uma separação malévola entre ambiente do aprender e ambiente do fazer. Isso não existe, mas é muito aceito e propagado", diz Lessa sobre a cultura de se promover o conhecimento apenas em locais de educação formal.

Na opinião de Ana Beatriz Goulart, arquiteta e conselheira de projetos de AEL, há a necessidade de desenvolver formas alternativas de educação, sem necessidade de aparatos burocráticos ou leis específicas. "Nossas escolas são como são porque quem faz pesquisa na área não tem nada a ver com quem faz a legislação para educação. Há uma grande distância", constata.

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