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| Foto: HedesonAlves/Gazeta do Povo

Proteja-se do cyberbullying

Uma pesquisa feita com crianças e adolescentes a pedido da Trend Micro revelou que um terço delas já sofreu algum tipo de bullying pela internet, segundo o diretor de suporte e serviços da empresa, Leonardo Bonomi. Para ajudar os pais na orientação dos jovens a respeito do uso seguro da internet, foi lançada uma cartilha com sete passos. "São dicas simples, mas muito importantes. Os casos de ataques pela net são mais comuns do que a gente pensa e o melhor é prevenir", conta. Confira as dicas da cartilha:

Pense bem no que você posta:tenha cuidado ao divulgar informações pessoais, até mesmo com pessoas que você conhece ou mesmo em um email particular e conversa de texto. A informação ou conversa pode ser copiada e tornada pública por qualquer um que você tenha compartilhado, uma vez que na internet é bem difícil voltar atrás.

Quando estiver online, seja educado: haja corretamente no mundo online. Trate as pessoas como gostaria de ser tratado. Você pode aumentar as chances de sofrer cyberbullying sendo maldoso ou desrespeitoso com outras pessoas online.

Não revide: se alguém disser ou fizer algo online que você não gosta, a solução é ignorar ou bloquear totalmente essa pessoa. Revidar pode encorajar mais ameaças;

Conte os comportamentos ruins a alguém que você conheça: se alguém continuar a incomodá-lo (pela internet ou celular), conte aos seus pais, professores ou outro adulto em que você confie.

Conte os comportamentos ruins ao provedor de serviço: você também deve informar o provedor de email, celular, mensagem instantânea, rede social ou outro serviço online de que, por meio dele, você está sendo intimidado. Se o conteúdo for ilegal ou violar os termos do serviço, algumas vezes eles podem remover. Se o comportamento for e xtremo, eles também podem fornecer as informações da conta para as investigações de processos legais.

Guarde as evidências: se o comportamento continuar tornando-se cada vez mais extremo, peça ajuda a seus pais ou outro adulto para guardar as mensagens, imagens ou conversas ofensivas. Formas mais sérias de cyberbullying devem ser relatadas à polícia.

Não participe: mesmo se você for o alvo da intimidação, não participe, nem observe outra pessoa ou colega ser intimidado. Defenda a vítima e conte para seus pais, professores ou outro adulto que você confia para que providências sejam tomadas.

"Meu filho, de 14 anos, estudava em uma instituição de ensino mundial, que se diz cristã. Durante o ano passado houve diversas situações de constrangimento, provocadas tanto por monitores da escola como por outros alunos. Ele foi agredido física e verbalmente, recebeu apelidos maldosos por estar acima do peso, teve a mochila roubada e encontrada depois no lixo. Tivemos reuniões na escola e vários e-mails foram trocados com o diretor da escola. Chegamos a protocolar um requerimento pedindo uma resposta da escola diante das situações, mas até hoje não temos resposta se algo foi feito para resolver o assunto. A pessoa responsável pelas escolas apenas ficou de marcar uma reunião, mas até hoje estou aguardando. O diretor da unidade sempre procurava reverter a situação contra o aluno, mas sem provar nada. No fim do ano passado nosso filho foi obrigado a assinar um termo de compromisso para poder continuar a estudar, ou seria ‘convidado a se retirar’. Obviamente não o rematriculamos neste colégio."

Gerson G., pai de estudante que sofreu bullying.

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Entrevista

Luciene Tognetta, psicopedagoga, doutora em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo (USP) e autora dos livros da coleção "Falando de sentimentos", pela Editora Adonis, que tratam de afetividade e bullying na escola.

Qual a diferença de abordagem com a vítima do bullying e com o agressor? O agressor sempre é uma ex-vítima?

O agressor tem a intenção de ferir, ele precisa menosprezar o outro para se sentir melhor, mas nem sempre é uma ex-vítima. Ele pode ser uma criança ou adolescente que simplesmente carece de sensibilidade moral a ponto de não conseguir se colocar no lugar do outro. O que torna o bullying algo tão terrível é, de fato, ser uma forma de violência repetida e entre iguais, ou seja: o que mais se quer na vida, depois de passar pela fase da obediência à autoridade, é se sentir pertencente a um grupo, é conquistar a confiança de um igual. Por isso é tão terrível quando meus pares me menosprezam.

As escolas dizem que passam valores de igualdade e respeito para os alunos, como forma preventiva contra o bullying. Isso é suficiente? O que mais deve ser feito no ambiente escolar?

Primeiro, é preciso lembrar que "passar valores" é muito diferente de se formar personalidades éticas. Valores não são transmitidos, são construídos. São vividos na experiência dos conflitos cotidianos em que se pode pensar sobre os problemas que se tem, ouvir os envolvidos que podem dizer como se sentem, que não gostam de ser violentados. É importante ajudar os meninos e meninas que carecem de sensibilidade moral a se comoverem com o outro. Formar valores depende de um trabalho sistemático e preventivo, dia a dia, com a participação das crianças nas decisões, nas escolhas, no planejamento, na avaliação do dia. Ética é vacina e não remédio. Se bullying é um problema decorrente da falta de ética, é porque a vacina tem faltado nas escolas.

Há quem não acredite em bullying e que diga que na infância também existiam apelidos e brincadeiras e que ninguém teve problemas por causa disso. Qual sua opinião sobre isso?

Cada um de nós, hoje adultos, que passamos um dia por situações de bullying, talvez não saibamos em plano consciente o que essas situações causaram em nós. Mas, inconscientemente temos as marcas: quantos de nós se sentem inferiorizados diante dos outros, quantos de nós não sabem fazer escolhas, quantos de nós têm uma dificuldade de entender o outro, de respeitá-lo em suas diferenças? Essa é a maior consequência para aqueles que acham que foi uma simples brincadeira.

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