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João com o pai  Vicente: sem pressão em casa para superar as notas baixas | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
João com o pai Vicente: sem pressão em casa para superar as notas baixas| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Para os pais

Algumas atitudes podem ajudar seu filho a melhorar seu rendimento na escola. Veja algumas:

- Antes de punir, converse com seu filho e tente compreender os motivos do mau rendimento. Ele pode ser causado por falta de compromisso do aluno, mas também pode ser sinal de que o aluno está com algum problema emocional, de relacionamento, de concentração nas aulas ou dificuldades de aprendizagem.

- Entre em contato com o colégio. A equipe pedagógica é formada por profissionais habilitados a ajudar quanto a problemas de comporta­mento e de aprendizagem.

- Cobre na medida certa. Seja exigente quanto ao cumprimento dos horários de estudo, à assiduida­de na escola e à qualidade dos estudos. Não adianta a criança ou adolescente passar a tarde sentado em uma mesa cheia de livros se ele está revezando o dever de casa com conversas com os amigos pela internet enquanto está com a tevê ligada. Veja se o tempo está sendo bem aproveitado.

- Seja exigente, mas dê autonomia. Ajudar na lição não significa fazer o dever de casa por ela e também não é necessário cobrar o dia todo se ela está estudando. Mostre que você confia na capacidade de organização do seu filho e elogie seus progressos.

- Acompanhe a rotina de tarefas do aluno diariamente. Não é necessário ajudar a fazer, mas observar se ela está seguindo os horários e se esforçando para cumpri-la. A lição de casa é um termômetro da aprendizagem, então se ela tem dificuldades, entre em contato com a escola para descobrir se o aluno está com problemas ou se a equipe pedagógica está exigindo mais que o possível.

- Motive seu filho. Se os pais incenti­vam e mostram que é possível se recuperar, a criança ou adolescente se sente mais confiante para se esforçar e tentar melhorar.

Não tem jeito: para muitos alunos que não tiveram notas boas nos dois primeiros bimestres, o começo do segundo semestre de aulas é aquele momento de tentar recuperar os pontos perdidos. Se para eles fugir da temida prova de recuperação no fim do ano começa a ser uma preocupação, para os pais, a dor de cabeça pode ser ainda maior. Mas será que ainda dá tempo de se livrar da reprovação? "Com certeza. E o terceiro bimestre é um dos mais importantes para recuperar notas. Tendo dedicação, é possível suprir o que estava faltando nos meses anteriores", diz Suzete Beal, gestora da 7.ª série do ensino fundamental ao 3.º ano do ensino médio do Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes.

Segundo Cristiane Mazolla Vieira, assessora psicopedagógica de 5.ª a 7.ª série do ensino funda­mental do Colégio Marista Santa Maria, para solucionar o problema, a receita é simples e velha conhecida de estudantes e pais. "Disciplina em primeiro lugar. Estipule horários de estudo, procure um lugar ideal para estudar, preste atenção nas aulas, faça as lições de casa, tire dúvidas com o professor e aproveite as aulas oferecidas pela escola no contra-turno."

Mas se todos conhecem essas dicas, são poucos os que conseguem segui-las e menos ainda os que se preocupam com um problema ainda maior que pode acompanhar as notas baixas. "Maus resultados nas avaliações podem ser sinal de falta de compromisso, mas são uma amostra importante de que o aluno não aprendeu. Ele pode até passar de ano, mas isso não adianta nada se ele não adquiriu qualquer conhecimento dentro da escola e é incapaz de usá-lo fora do ambiente escolar", diz Carlos Dorlass, diretor-geral do Colégio Positivo.

Motivos

Seja por causa de distrações durante a aula, um pouco de dificuldade em acompanhar o conteúdo ou simplesmente aquela preguiça de abrir mão de algumas horas de internet e saídas com os amigos para pegar os livros, os motivos são vários e cada um deles deve ser avaliado em conjunto pelo alunos, pais e escolas antes de atitudes extremas. "Privar o aluno da tevê, da internet ou da aula de violão que ele tanto gosta para obrigá-lo a estudar não é uma solução. O melhor é estipular horários para a tarefa e o lazer, dosando tudo isso de maneira saudável", recomenda Suzete.

Aumentar a carga de horas de estudo diária pode ajudar, mas também não é a saída mais eficaz e o estudante precisa se preocupar em aumentar a qualidade desse tempo. "Não adianta ficar horas cercado de livros se ele concilia a tarefa de casa com as conversas com os amigos pela internet, a tevê ligada e uma música no último volume", diz. Outro ponto importante é o compromisso com a mudança de hábitos. "Se o estudante se motiva a mudar sua situa­ção, tudo vai acontecer de forma mais fácil", comenta Cristiane.

Sem perder as férias

Determinado, João Vicente Gon­çalves de Moraes, de 12 anos, aluno da 6.ª série do Colégio Nossa Senhora de Sion Batel, faz questão de garantir que vai estudar muito agora para fugir da prova de recuperação. "Quando vi o boletim, fiquei triste porque foi só a terceira vez na vida que eu tirei nota baixa. Ninguém merece ter que perder alguns dias de férias para ficar estudando, então vou me dedicar agora para poder aproveitar depois."

Bom aluno, ele coleciona notas invejáveis em outras matérias, mas esse ano acabou escorregando em Matemática. Os pais logo se preocuparam e decidiram tentar solucionar o problema antes que fosse muito tarde. "Ele está fazendo aulas de reforço de Matemática e, no começo do mês, fez aulas de recuperação na própria escola. Mesmo assim, procuramos não pressionar e mantê-lo tranquilo de que ele tem capacidade para superar esse problema", explica o pai, o advogado Vicente Moraes.

Mesmo colégio, outra postura

Uma situação é bastante comum nessa época do ano: desesperados com a possibilidade de reprovar, pais e alunos entram em acordo para mudar de um colégio "exigente" para outro mais "fácil". A medida, segundo Suzete Beal, não vale a pena. "Mudar de colégio é desconfiar da capacidade que o aluno tem de melhorar suas notas e adiar o enfrentamento de um problema. Com isso, ele vai passar de ano, mas vai continuar com falhas no entendimento do conteúdo que o acompanharão para sempre e vão prejudicar seu rendimento nas séries seguintes."

Aula particular adianta?

A recomendação é que, antes de apelar para um professor particular, entre em contato com a escola. Muitas vezes, os pais gastam com a contratação de um professor quando o problema do aluno não é dificuldade de aprendizagem, mas falta de compromisso com a escola. Com isso, as aulas se tornam uma forma de ajudar o aluno a fixar conteúdos e se sair bem nas avaliações, mas não necessariamente se comprometer com a escola. "Pelo contrário, ele pode se acomodar na escola porque sabe que, no contra-turno, terá um professor especificamente para lhe explicar o conteúdo", explica Carlos Dorlass.

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