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aprendizagem

Apesar da tecnologia, o papel não vai deixar a sala de aula tão cedo

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Com maior oferta de dispositivos digitais e uma geração nascida em meio à tecnologia, o papel e caneta não são mais as únicas opções para a sala de aula. Mas, apesar do aumento da presença de novas tecnologias, estudos mostram que livros impressos e anotações em papel ainda são preferidos pelos estudantes – e trazem mais benefícios para a aprendizagem. 

Pesquisa realizada pela organização Paper and Packaging Board, nos Estados Unidos, indica que as mídias impressas ainda são o meio preferido para a aprendizagem: de acordo com o estudo, 96% dos pais acreditam que o papel é essencial para as crianças alcançarem seus objetivos de aprendizagem. 

Essa percepção é compartilhada pelos estudantes: 70% dos alunos de ensino médio estudam para provas com anotações em papel, enquanto 81% dos estudantes universitários afirmaram usar anotações e livros físicos para se preparar para provas. 

A preferência dos universitários pelas mídias de papel é confirmada por uma pesquisa de Naomi Baron, professora de linguística da American University, em Washington DC, Estados Unidos. Segundo ela, 92% dos estudantes universitários preferem livros impressos para leituras sérias, que exigem maior concentração e retenção de conteúdo. 

No estudo publicado no livro “Words Onscreen: the Fate of Reading in a Digital World” (“Palavras na tela: o destino da leitura no mundo digital”, em tradução livre), Baron entrevistou 300 estudantes universitários de países como EUA, Japão, Alemanha e Eslováquia, e a maioria relatou dificuldades de concentração e cansaço físico ao ler livros digitais. 

“Há dois grandes problemas”, disse Baron, em entrevista à New Republic. “O primeiro é que eles dizem se distrair, se afastar para outras coisas. O segundo tem a ver com o cansaço nos olhos, dores de cabeça e desconforto físico.” 

Benefícios 

A preferência pelo papel traz benefícios para os estudantes, sobretudo quando precisam fazer anotações, além da leitura. 

Ao fazer anotações em papel, o estudante precisa processar as informações, selecionar os pontos mais relevantes e sintetizar de modo coerente para ele – esse processo impulsiona a aprendizagem e auxilia a retenção de informações, em comparação com estudantes que fazem anotações em computadores, segundo pesquisa desenvolvida pela Universidade da Califórnia em Los Angeles.  

As diferenças cognitivas entre os dois tipos de mídias são percebidas pelos estudantes. De acordo com o estudo da Paper and Packaging Board, 92% dos universitários preferem ler livros impressos – para eles, os livros de papel facilitam a concentração e facilitam o processo de se transportar para dentro da história. 

Já a dificuldade de concentração na leitura em mídias digitais é explicada pelas possibilidades de distrações dentro do próprio texto, como links e botões nas páginas web. 

“Mesmo se o leitor decidir conscientemente não clicar nos links, a distração de ver textos coloridos que podem ser clicados é suficiente para inibir a compreensão”, diz Julee Tanner, da Universidade Estadual de San Jose, nos Estados Unidos. “A distração cognitiva apresentada por textos clicáveis pode, sem dúvidas, ser confirmada por qualquer um que tenha passado tempo divagando em uma sequência de artigos da Wikipédia.” 

A preferência por livros físicos também é destacada na pesquisa de Tanner: os leitores escolhem livros digitais apenas quando a portabilidade e a conveniência são prioridades, mas preferem os livros de papel para melhor compreensão e empatia com o universo retratado no livro. 

Apesar de parecerem ligados mais diretamente ao entretenimento, esses aspectos da leitura em livro de papel devem ser levados em consideração na aprendizagem, de acordo com Baron. 

“É necessário se perguntar: o que queremos mensurar? A compreensão do texto? Esse é um modo muito simples e elementar de discutir o significado da leitura. Há certas conexões que fazemos que vão além da decodificação de palavras”, conclui Baron.  

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