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Tempo

O pouco tempo entre a aceitação do novo formato e a aplicação do exame – cerca de cinco meses – trouxe consequências ao planejamento desta primeira avaliação, na opinião de alguns educadores. A implantação do novo Enem ainda neste ano foi um dos principais questionamentos dos reitores das universidades federais na hora de aderir à avaliação.

Participação

A falta de diálogo entre governo e sociedade é uma falha apontada pelas entidades que representam os secretários estaduais de Educação, estudantes e cursos pré-vestibulares. Uma maior participação da sociedade civil na elaboração do novo Enem está entre as principais reivindicações. Um comitê de governança já foi instituído pelo Ministério da Educação para acompanhar o andamento do exame.

Licitação

Um cuidado maior com a licitação deve estar entre as prioridades do governo nas próximas edições da prova. Uma das empresas do consórcio contratado para imprimir as provas e aplicar o Enem foi alvo de ações judiciais. O ministro da Educação, Fernando Haddad cogitou a possibilidade de ser criada uma empresa estatal especializada na aplicação de concursos públicos.

Logística

A logística da implantação de um exame do porte do Enem tem de estar muito bem estruturada. A aplicação da prova, no próximo fim de semana, contará com a participação da Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal e dos Correios. Como será a única forma de ingresso em 14 universidades, a prova ganhou mais peso. São 4,1 milhões de participantes em 1,8 mil municípios brasileiros.

Segurança

A necessidade de uma segurança reforçada é outra lição ressaltada principalmente pelos reitores de universidades, que já possuem anos de experiência na aplicação de vestibulares em suas instituições. Um dos planos do Inep é aplicar o Enem em vários momentos ao longo do ano. Para 2010 já está prevista a aplicação de duas etapas da avaliação.

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Com dois meses de atraso, 4,1 milhões de estudantes testarão seus conhecimentos no novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no próximo fim de semana. A prova, que deveria ter sido realizada nos dias 3 e 4 de outubro, foi suspensa após o vazamento do conteúdo de algumas questões. A notícia de fraude engrossou a discussão sobre a confiabilidade do exame, considerado pelo governo federal a principal ferramenta de avaliação do ensino médio brasileiro e, a partir deste ano, um dos critérios (quando não o único) para o ingresso dos vestibulandos em 24 das 55 universidades federais do país.

Educadores ouvidos pela reportagem da Gazeta do Povo apontam cinco questões que precisam ser observadas nesta e nas próximas edições do Enem, usado também para a concessão para bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni).

Federais não desistiram do exame

Apesar de o cancelamento da prova ter complicado a vida de 4,1 milhões de estudantes brasileiros, a credibilidade do Enem ainda não está ameaçada. Esta é a opinião do presidente da Associação Nacional das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Alan Barbiero, que reforçou que as universidades federais não desistiram do novo Enem. "As universidades federais continuam usando a nota do Enem. As mudanças foram para adequação ao calendário", diz.

O presidente da Andifes ainda ressalta que há um esforço muito grande dos reitores para manter o uso do exame como vestibular único entre as federais. "Um processo de seleção deste porte é complexo e traz outro valor ao Enem, que antes já era importante. A nossa preocupação sempre foi com a segurança", diz.

Porém, a credibilidade do Enem ainda é questionada pelo próprio presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Edu­cacionais Anísio Teixeira (Inep), Reynaldo Fernandes. "Se a adesão não ocorrer em três anos, dificilmente o Enem vai ter sucesso como vestibular único", disse em reportagem publicada na Gazeta do Povo no dia 1º de outubro.

Emergência

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) tem plano emergencial, no caso de ocorrer outro cancelamento do Enem. O reitor da UTFPR, Carlos Eduardo Cantarelli, afirma que a universidade não acredita na ocorrência de outro problema semelhante ao que ocorreu no início de outubro, quando parte do conteúdo vazou. "Estamos tranquilos com o novo esquema de segurança adotado e muito otimistas. Se ocorrer algum problema, ficaremos num período crítico de datas e convocamos um processo de seleção interno."

Cantarelli reforça que a principal lição fica para a sociedade. "O propósito do Enem é nobre e com visão de futuro. O processo de seleção para as universidades é muito massacrante. Será preciso alguns anos até que as coisas mudem", afirma. (TD).

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Fontes consultadas: Agência Brasil, reitor da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), Carlos Eduardo Cantarelli, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), Alan Barbiero, ex-presidente do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed), Maria Auxiliadora Seabra Rezende, UNE e cursos pré-vestibulares.

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