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Além de cuidar de Vinícius, a babá Cida ajuda a  estimular o seu desenvolvimento | Pedro Serápio/ Gazeta do Povo
Além de cuidar de Vinícius, a babá Cida ajuda a estimular o seu desenvolvimento| Foto: Pedro Serápio/ Gazeta do Povo

No tempo certo

A autora do livro Babá/Mãe – Manual de Instruções (Mescla Editorial), Roberta Palermo, e a educadora Jocian Machado Bueno apontam atividades e brincadeiras que a babá pode desenvolver em cada fase da criança

Até 6 meses

Os brinquedos sensoriais (coloridos, macios, ásperos, barulhentos) ajudam a desenvolver as capacidades motora, auditiva, visual e tátil. Aos 5 meses é hora de brincar em frente ao espelho, pois o bebê se reconhece. As brincadeiras de esconder também agradam e ajudam a entender a lógica do vai e volta. O tom de voz deve ser suave e a fase pede mais contato corporal com a criança.

De 6 meses a 1 ano

A criança já balbucia e, por isso, é indicado o uso de palavras-chave para a fixação de tarefas, como "papá" dito em todas as refeições. Privilegie situa­ções de interação como mostrar um brinquedo, falar sobre suas caracterís­ticas e deixar que a criança mexa no objeto e absorva as informações. A voz deve ser suave e marcada nas interrogações e exclamações. A partir do sétimo mês, a criança começa a se descobrir e é hora de falar sobre as partes do corpo. Brincadeiras com bola estimulam o bebê a engatinhar e palmas aprovam as ações da criança. Os brinquedos de encaixe são indica­dos, pois ajudam na coordenação motora. Aos 11 meses dá para mostrar revistas com fotos reais, remetendo sempre ao que ela conhece ("Olha o carro, é igual ao do vovô").

De 1 a 2 anos

A babá é uma mediadora e está na hora de propor atividades com começo, meio e fim, como abrir um livro, ler e fechá-lo, mostrando que a história acabou e que, por isso, é hora de fechar o livro. Para desenvolver a coordenação motora fina, dá para desembrulhar pacotes e rasgar papéis. Depois, fazer bolinhas e guardar em uma caixa – reforçando a ideia de começo, meio e fim. Bolas e brinquedos de puxar são indicados a partir de 1 ano. Brincar com situações reais (professor e casinha) treinam certos tipos de comportamento.

A partir de 2 anos

É hora de brincar com outras crianças e escolher brinquedos que proporcionem interação. As artes (pintura, colagem, argila, massinha), quebras-cabeça e jogos de encaixe são indicados.

A partir de 3 anos

A babá deve construir uma rotina, mostrando sequências de rituais, como guardar as coisas, colocar roupas para sair. No momento de vestir a criança, dá para falar sobre a roupa e as partes do corpo ("Onde está o pé? Vamos colocar a meia neste pé?"). A criança deve aprender as regras da casa, como tirar os sapatos e guardá-los no quarto.

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Todos os dias Vinícius, de 2 anos e meio, acorda, faz a primeira refeição e vai brincar. A sala da casa é o cantinho dele. Ali estão todos os seus carrinhos, livros e jogos. Até um colchão é improvisado, para as horas de descanso depois das longas sessões de histórias dos carros falantes – que ele ouve e conta, acompanhando com o dedinho o livro, fazendo de conta que já lê.

Para cuidar do filho, a mãe, a nutricionista Pollyana Mercer de Camargo Martins, 37 anos, conta com a ajuda da babá Maria Apa­re­cida dos Santos, a Cida, 56. Há mais de seis anos trabalhando na casa, Cida já cuidou de Stephanny, 12, a filha mais velha de Pollyana. "Ela é uma segunda mãe para as crianças. Cuida, estimula, tem paciência. Além disso, ensina a comer verdura, a interagir com outras pessoas, a brincar", diz a mãe.

Para a mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandra Regina Dias da Costa, a boa relação entre criança e babá é extremamente importante. "Como o ser humano se desenvolve por meio de interações, é fundamental que a criança conviva com pessoas que permitam isso, que estejam dispostas a brincar, a comentar sobre um filme, sobre um desenho, um brinquedo. Dizemos que ela precisa de nutrição cognitiva", afirma. Quem cuida de uma criança, segundo Sandra, precisa estar atento a ela, ao seu tempo, ao seu ritmo.

A linguagem é outro aspecto a ser considerado, de acordo com a especialista. "Como boa parte do aprendizado da criança é feito por imitação, é recomendado que a babá saiba como orientar e até mesmo iniciar a criança no processo da oralidade", afirma.

Para a mestre em Educação, especialista em Educação Infantil e professora titular de educação psicomotora e ludicidade da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Jocian Machado Bueno, essa tendência é uma necessidade na profissão. Segundo ela, a babá deve aprender os costumes da família para a qual trabalha e compreender que serve de referência para a criança. "A partir dessa compreensão, ela passa, também, a educar. E nesse momento sua função é mais validada pela própria família", afirma.

Super Cida

Cida ajuda a nutricionista Pollyana a garantir uma rotina saudável para o filho Vinícius, de 2 anos e meio. A manhã do pequeno começa com uma mamadeira, seguida de várias brincadeiras. "Ele gosta de ficar na sala, onde estão todos os brinquedos. Eu deixo ele decidir o que quer fazer e depois acompanho, oriento", diz Cida.

Na hora do almoço, mais uma vez a babá ajuda na educação de Vinícius. Todos os dias a refeição começa com um prato colorido de salada, que ele pode comer como quiser. "É para descobrir a forma e o gosto das coisas", afirma a mãe, Pollyana. "A paciência que a ida tem para cozinhar para ele ajuda muito. O Vini sempre tem um almoço e um jantar fresquinhos, e isso auxilia na educação alimentar", completa.

Vinícius gosta que a babá leia histórias de carrinhos falantes e até arrisca contá-las, acompanhando as palavras com os dedinhos, como se estivesse lendo as letras escritas. "Ele gosta de ouvir e gosta quando comentamos sobre as histórias com ele", diz Cida.

A babá também brinca de jogo da memória e de encaixe. "Mesmo pequenininho, ele já associa as peças, já entende o que pode fazer. Ele lembra das ilustrações do jogo da memória, sabe que elas formam pares", comenta ela. Para a mãe, essas são atividades de grande valor. "Esses momentos enriquecem a rotina do meu filho e auxiliam no desenvolvimento de suas habilidades", afirma Pollyana.

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