No tempo certo
A autora do livro Babá/Mãe Manual de Instruções (Mescla Editorial), Roberta Palermo, e a educadora Jocian Machado Bueno apontam atividades e brincadeiras que a babá pode desenvolver em cada fase da criança
Até 6 meses
Os brinquedos sensoriais (coloridos, macios, ásperos, barulhentos) ajudam a desenvolver as capacidades motora, auditiva, visual e tátil. Aos 5 meses é hora de brincar em frente ao espelho, pois o bebê se reconhece. As brincadeiras de esconder também agradam e ajudam a entender a lógica do vai e volta. O tom de voz deve ser suave e a fase pede mais contato corporal com a criança.
De 6 meses a 1 ano
A criança já balbucia e, por isso, é indicado o uso de palavras-chave para a fixação de tarefas, como "papá" dito em todas as refeições. Privilegie situações de interação como mostrar um brinquedo, falar sobre suas características e deixar que a criança mexa no objeto e absorva as informações. A voz deve ser suave e marcada nas interrogações e exclamações. A partir do sétimo mês, a criança começa a se descobrir e é hora de falar sobre as partes do corpo. Brincadeiras com bola estimulam o bebê a engatinhar e palmas aprovam as ações da criança. Os brinquedos de encaixe são indicados, pois ajudam na coordenação motora. Aos 11 meses dá para mostrar revistas com fotos reais, remetendo sempre ao que ela conhece ("Olha o carro, é igual ao do vovô").
De 1 a 2 anos
A babá é uma mediadora e está na hora de propor atividades com começo, meio e fim, como abrir um livro, ler e fechá-lo, mostrando que a história acabou e que, por isso, é hora de fechar o livro. Para desenvolver a coordenação motora fina, dá para desembrulhar pacotes e rasgar papéis. Depois, fazer bolinhas e guardar em uma caixa reforçando a ideia de começo, meio e fim. Bolas e brinquedos de puxar são indicados a partir de 1 ano. Brincar com situações reais (professor e casinha) treinam certos tipos de comportamento.
A partir de 2 anos
É hora de brincar com outras crianças e escolher brinquedos que proporcionem interação. As artes (pintura, colagem, argila, massinha), quebras-cabeça e jogos de encaixe são indicados.
A partir de 3 anos
A babá deve construir uma rotina, mostrando sequências de rituais, como guardar as coisas, colocar roupas para sair. No momento de vestir a criança, dá para falar sobre a roupa e as partes do corpo ("Onde está o pé? Vamos colocar a meia neste pé?"). A criança deve aprender as regras da casa, como tirar os sapatos e guardá-los no quarto.
Todos os dias Vinícius, de 2 anos e meio, acorda, faz a primeira refeição e vai brincar. A sala da casa é o cantinho dele. Ali estão todos os seus carrinhos, livros e jogos. Até um colchão é improvisado, para as horas de descanso depois das longas sessões de histórias dos carros falantes que ele ouve e conta, acompanhando com o dedinho o livro, fazendo de conta que já lê.
Para cuidar do filho, a mãe, a nutricionista Pollyana Mercer de Camargo Martins, 37 anos, conta com a ajuda da babá Maria Aparecida dos Santos, a Cida, 56. Há mais de seis anos trabalhando na casa, Cida já cuidou de Stephanny, 12, a filha mais velha de Pollyana. "Ela é uma segunda mãe para as crianças. Cuida, estimula, tem paciência. Além disso, ensina a comer verdura, a interagir com outras pessoas, a brincar", diz a mãe.
Para a mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandra Regina Dias da Costa, a boa relação entre criança e babá é extremamente importante. "Como o ser humano se desenvolve por meio de interações, é fundamental que a criança conviva com pessoas que permitam isso, que estejam dispostas a brincar, a comentar sobre um filme, sobre um desenho, um brinquedo. Dizemos que ela precisa de nutrição cognitiva", afirma. Quem cuida de uma criança, segundo Sandra, precisa estar atento a ela, ao seu tempo, ao seu ritmo.
A linguagem é outro aspecto a ser considerado, de acordo com a especialista. "Como boa parte do aprendizado da criança é feito por imitação, é recomendado que a babá saiba como orientar e até mesmo iniciar a criança no processo da oralidade", afirma.
Para a mestre em Educação, especialista em Educação Infantil e professora titular de educação psicomotora e ludicidade da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Jocian Machado Bueno, essa tendência é uma necessidade na profissão. Segundo ela, a babá deve aprender os costumes da família para a qual trabalha e compreender que serve de referência para a criança. "A partir dessa compreensão, ela passa, também, a educar. E nesse momento sua função é mais validada pela própria família", afirma.
Super Cida
Cida ajuda a nutricionista Pollyana a garantir uma rotina saudável para o filho Vinícius, de 2 anos e meio. A manhã do pequeno começa com uma mamadeira, seguida de várias brincadeiras. "Ele gosta de ficar na sala, onde estão todos os brinquedos. Eu deixo ele decidir o que quer fazer e depois acompanho, oriento", diz Cida.
Na hora do almoço, mais uma vez a babá ajuda na educação de Vinícius. Todos os dias a refeição começa com um prato colorido de salada, que ele pode comer como quiser. "É para descobrir a forma e o gosto das coisas", afirma a mãe, Pollyana. "A paciência que a ida tem para cozinhar para ele ajuda muito. O Vini sempre tem um almoço e um jantar fresquinhos, e isso auxilia na educação alimentar", completa.
Vinícius gosta que a babá leia histórias de carrinhos falantes e até arrisca contá-las, acompanhando as palavras com os dedinhos, como se estivesse lendo as letras escritas. "Ele gosta de ouvir e gosta quando comentamos sobre as histórias com ele", diz Cida.
A babá também brinca de jogo da memória e de encaixe. "Mesmo pequenininho, ele já associa as peças, já entende o que pode fazer. Ele lembra das ilustrações do jogo da memória, sabe que elas formam pares", comenta ela. Para a mãe, essas são atividades de grande valor. "Esses momentos enriquecem a rotina do meu filho e auxiliam no desenvolvimento de suas habilidades", afirma Pollyana.
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