O candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes, defendeu nesta sexta (10) a revogação da emenda que estabeleceu um teto para os gastos públicos nos próximos 20 anos como uma de suas principais propostas para a educação.
No evento Diálogos Educação Já, promovido pelo movimento Todos pela Educação em parceria com a Folha, Ciro disse que o teto de gastos "impede a expansão do ensino infantil, do ensino médio e, muito mais gravemente, impede a evolução para o tempo integral", que, segundo ele, é "uma necessidade inadiável".
"Eu vou chegar propondo a revogação da emenda 95", disse, acrescentando que isso desagradará ao "baronato financeiro brasileiro".
Segundo o candidato, a educação só será uma prioridade no país se "guardar coerência entre a retórica, o orçamento e o nível de tensão política que o governante provoca ao redor do assunto".
Leia também: Alckmin muda tom e defende mestrado e doutorado gratuitos
Ciro, inclusive, reclamou quando foi orientado pelos mediadores a se concentrar nas propostas para a educação.
"O Brasil precisa sair desse debate fragmentário, em que os sanitaristas discutem saúde, os pedagogos discutem educação, os homens do mercado discutem taxa de câmbio. Tudo isso, de alguma forma, está imbricado", disse.
De acordo com Ciro, o Brasil "tem muito dinheiro" e não precisa de uma política que limite os gastos públicos por duas décadas, já que o problema está no "conflito distributivo".
"O Brasil tem milhões de garotos emergindo a um Ensino Médio que é um desastre, e eu quero fazer esse Ensino Médio se qualificar e virar tempo integral, profissionalizante. Isso se faz com recursos", disse.
Exemplo na família
Ex-governador do Ceará (1991-1994), Ciro mencionou várias vezes o exemplo do estado e da cidade de Sobral, que tem a escola de ensino fundamental com melhor colocação no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Cid Gomes, seu irmão, foi prefeito de Sobral, e esteve mais recentemente à frente do governo do Ceará (2007-2015).
Segundo ele, a evasão da escola de tempo integral no Ceará "se aproxima de zero". "A meninada fica o dia inteiro e não quer mais ir embora”.
Leia também: Ciro promete limpar nome no SPC. Proposta prejudica bons pagadores
Questionado por jornalistas sobre seu desempenho no debate da véspera, no qual ele manteve um tom mais brando que outros candidatos, como o Cabo Daciolo (Patriotas) e Jair Bolsonaro (PSL), Ciro disse que é preciso ser "muito delicado" com o povo brasileiro neste momento de crise e negou o temperamento explosivo.
"Esse monstro que criaram ao meu redor, da minha imagem, não guarda a menor coerência com a minha vida. Sou um doce de coco, pode acreditar nisso. Mas eu sei brigar."
O ex-governador do Ceará afirmou que vai procurar ser "respeitoso e cuidadoso" nos próximos debates.
"Ontem eu consegui ser duro, em certos momentos, sem levantar a voz, sem ser grosseiro, porque não precisa ser".
Deixe sua opinião