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Não é uma manchete anunciar que as escolas refletem a disfunção da sociedade em geral. Todo fracasso da sociedade civil se manifesta em nossas escolas: apodrecimento institucional, cinismo e polarização política, família, expectativas reprimidas do comportamento estudantil, um narcisismo vaidoso e sem desculpas, autoestima extravagante, anti-intelectualismo em nossas mentes e relativismo moral em nossos corações. 

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Com isso em mente, ofereço a seguinte lista de 10 situações com as quais os professores não precisaram lidar há apenas uma década. E ela poderia ter sido duas vezes mais longa se minhas conversas com colegas professores pudessem ser expostas. 

1. Dificuldade em disciplinar estudantes 

Uma miscelânea de políticas disciplinares resultou em uma situação em que muitos professores sentem que não estão mais no controle de suas próprias salas de aula e escolas. 

Embora muitas dessas políticas sejam instituídas com motivações justas e bem-intencionadas, como a tentativa de acabar com a tragédia do fenômeno da linha direta da escola para a prisão e garantir que alunos pobres não sejam disciplinados de maneira desproporcional, a consequência tem sido a perda de controle sobre muitos deles em campi em todo o país. 

Suspensão e expulsão nunca devem ser a primeira ou a segunda opção para disciplinar. Mas, mesmo que não exista uma razão melhor do que proteger a grande maioria dos estudantes que se comportam bem e querem aprender, deve haver consequências para os comportamentos destrutivos dos estudantes. 

2. Vício em celular 

A necessidade constante de “banhos de dopamina”, para citar Andrew Sullivan, produziu uma geração de viciados em endorfina povoando a moderna sala de aula americana. 

As estatísticas são chocantes por qualquer parâmetro: os adolescentes usam seus telefones, em média, por nove horas diárias e os realmente viciados em celulares deslizam, tocam ou usam seus telefones até 5.427 vezes por dia, segundo estudo recente

Uma correlação entre a dependência de celulares e os níveis de depressão, isolamento, ansiedade e baixo desempenho acadêmico dos jovens parece clara para professores. 

3. Bullying online 

Quando era criança, os fins de semana e a noite serviam de alívio para o valentão da escola e para o drama geral da escola em si. Hoje em dia não há escapatória. Até um terço das crianças foram ameaçadas online, de acordo com a stopbullying.com, e o mais angustiante de tudo é que metade das crianças que sofrem bullying não contam aos adultos sobre isso. 

Não é exagero afirmar que jovens vivem grande parte de suas vidas em um ciberespaço não regulado por adultos. Nunca deixaríamos nossos filhos brincar e vagar em partes desconhecidas da cidade e, no entanto, é exatamente isso que eles fazem quando se envolvem em um ciberespaço que é estranho para seus próprios pais. Não podemos proteger as crianças se não soubermos onde estão sendo prejudicadas. 

4. Eventos políticos em apoio a testes padronizados 

A era dos testes do padronizados fez muito pouco, ou nada, para melhorar o desempenho dos alunos. Isso gerou cortes nas artes, menos tempo de recreio para crianças do ensino fundamental, mais memorização mecânica e perpetuou a ilusão de que a habilidade de fazer testes é sinônimo de desempenho acadêmico. Desencorajou também os jovens mais brilhantes e ambiciosos a se tornarem profissionais de educação. 

Em um nível mais profundo, escolas são informadas de que devem ser consideradas “responsáveis”, o que requer análise do desempenho dos alunos, perpetuando um fluxo interminável de truques, incentivos cínicos e atividades para motivar os alunos a se saírem bem em testes padronizados. Isso inclui comícios e eventos políticos. Escolas que realizam essas manifestações não são culpadas. As políticas que as impulsionam são. 

5. Ansiedade constante de estudantes 

Mais de 20% dos estudantes adolescentes de hoje sofrem uma forma de ansiedade aguda que leva a baixo envolvimento, faltas e isolamento. E essa ansiedade tem ramificações prejudiciais, como distúrbios alimentares, autoflagelação e desmaios frequentes nas aulas. Em vez de procurar aconselhamento, passear ou passar tempo com amigos ou familiares, o adolescente moderno encontra consolo em um mundo online que perpetua esse ciclo de ansiedade e isolamento. 

6. Medo de massacres e bloqueio de escolas 

No canto da minha sala de aula, há um balde com uma cortina de chuveiro dentro. Está lá, no caso de estarmos presos em meio a um tiroteio, e um aluno ser obrigado a usar o banheiro na frente de seus pares. Essa é a realidade trágica da escola hoje. Vários dos massacres mais letais aconteceram na última meia década e não há razão para pensar que a violência escolar diminuirá no futuro próximo. 

7. Epidemia de opioides 

Em 2016, mais de 42.200 americanos morreram de overdose de opioides prescritos ou ilegais, de acordo com os últimos dados disponíveis dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Esse número foi cinco vezes maior do que em 1999. 

David Cox, superintendente do condado de Allegany, no oeste de Maryland, é um dos muitos líderes de escolas que tentam lidar com epidemias de opioides que atacam suas comunidades. Ele disse em entrevista recente: “Temos filhos que perderam seus pais e, infelizmente, houve situações em que os pais tiveram uma overdose com as crianças assistindo”. 

8. Escolas politizadas 

Goste ou não, as escolas tornaram-se epicentros de questões políticas inflamáveis. De banheiros transgêneros a armas de fogo e discussões sobre a Segunda Emenda, elas estão agora na intersecção entre divisão e discórdia.

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A educação dos EUA sempre foi uma “questão política”, mas esse é um status qualitativamente diferente do que ser o lugar em que discussões desse nível se manifestam. 

9. Era de ‘sentimentos’ onde os estudantes nunca estão errados 

Isso aconteceu com quase todos nós recentemente. Um estudante “sentirá” que um teste é injusto, “sentirá” que um fato não é verdadeiro, “sentirá” que um professor que está simplesmente tentando modificar um comportamento está sendo “desrespeitoso” com ele ou ela. 

Em uma era que não mais considera a razão e os fatos como tribunais da verdade, pode ser difícil explicar aos alunos que eles têm o direito de se sentir do jeito que quiserem, mas seus sentimentos não justificam comportamentos que sejam perturbadores ou prejudiciais a eles mesmos ou aos demais. 

10. Utilitarismo nu na educação 

Os formuladores de políticas parecem nunca falar sobre educação através de qualquer lente, exceto como um exercício de treinamento inicial para o trabalho. Apesar de a educação preparar o estudante para o mercado de trabalho, ela também deve preparar os alunos em um nível mais profundo e mais humano. 

Nossos alunos serão mais que trabalhadores no futuro; eles serão cidadãos, maridos e esposas, pais e mães, amigos e confidentes. Eles devem ser capazes de pensar, comunicar, cooperar e refletir sobre os muitos enigmas de ser um ser humano no mundo, descobrindo como viver o que o acadêmico Leon Kass chama de capacidade de levar uma “vida digna”. 

As suas vidas não começam quando vão trabalhar e terminam quando voltam para casa todas as noites. Uma educação verdadeira e edificante reconhece que o que os alunos aprendem afeta intimamente quem eles são. 

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