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Imagem ilustrativa| Foto: Unsplash

Uma diretora está processando um distrito escolar de Michigan após ter sido afastada, segundo ela, devida à prática de discriminação racial contra funcionários brancos.

De acordo com suas alegações, a diretora da escola primária Lawton, em Ann Arbor, Shannon Blick, foi colocada sob licença remunerada, no mês de abril, em circunstâncias nebulosas.

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No processo, Shannon argumenta que é diretora da escola desde 2013, e tem um histórico profissional impecável, sem quaisquer advertências, suspensões, medidas disciplinares ou anotações em registro. Ela suspeita que a diretora-assistente, que é negra, quer seu emprego. Shannon pede 5 milhões de dólares em indenizações.

O problema parece ter começado em abril, quando o diretor de outra escola primária no distrito, Mike Madison, também negro, disse a Shannon que ela precisava sair em licença médica até o final do ano letivo e “ficar na dela”, assumindo um cargo de diretora-assistente em uma escola secundária “até que a poeira baixasse”.

De acordo com a ação, um zelador da escola foi acusado de roubar 25 mil dólares ao longo de quatro anos, e Madison disse à Shannon que ela estaria envolvida de alguma forma.

Ainda segundo o processo, Shannon teria sido informada de que os acusadores teriam provas contra ela. Madison não respondeu imediatamente à nossa solicitação para que comentasse o episódio em um e-mail enviado para seu endereço na escola.

Afastamento

Cerca de uma semana e meia depois, Shannon recebeu uma carta de um diretor do Distrito Escolar de Ann Arbor informando que ela estava sendo afastada, com efeito imediato, e que esta ação a proibia de entrar em quaisquer prédios escolares ou falar com alunos, pais ou outros funcionários sobre qualquer assunto. Nenhuma razão para a decisão foi dada na cópia do texto da carta incluída no processo.

Shannon alega que no dia seguinte Madison disse a ela que uma investigação interna a teria considerado responsável pelo suposto roubo do zelador. Alguns dias depois, de acordo com a reprodução de uma mensagem de texto incluída na ação, Madison encorajou Shannon a renunciar “para encerrar a investigação que você está enfrentando”.

“Portanto, parece que seria melhor se você usasse este tempo da licença administrativa para procurar empregos como diretora ou professora fora de Ann Arbor”, escreveu ele, de acordo com o processo. “Parece que a HRS tem um forte caso contra você para justificar sua demissão. Se isso acontecer, você não vai mais conseguir um cargo na secretaria ou sala de aula de nenhuma escola no Michigan, e também pode haver acusações criminais”.

Uma porta-voz da polícia de Ann Arbor não retornou uma solicitação de informações sobre se havia investigações criminais na escola de Shannon. Na segunda-feira, um porta-voz disse à MLive que não havia registros de superfaturamento na escola.

Em 30 de abril, Shannon deixou de ter acesso ao seu e-mail. Em um e-mail enviado ao público, o distrito escolar anunciou que a diretora estava sob licença por tempo indeterminado.

“A Sra. Blick pede que você respeite a privacidade dela”, disse. Shannon garante que nunca deu permissão ao distrito escolar para falar em seu nome.

"Conspiração"

No dia 7 de maio, ela se reuniu com diversos administradores de ensino e foi “caluniada e difamada” por um administrador que fez “acusações ultrajantes, humilhantes, desumanas e manifestamente falsas sobre a conduta da Sra. Blick, supostamente dentro e fora do recinto escolar”.

O advogado de Shannon, William Tishkoff, não deu mais detalhes sobre o que foi dito nesta reunião e disse que ela recusava todos os pedidos de entrevista.

No processo, Shannon conta que outro administrador a avisou sobre um grupo de pais que planejavam manifestar seu apoio a ela em uma próxima reunião, e que um repórter de um canal de notícias local iria solicitar um pedido de acesso a seu arquivo pessoal, o que seria prejudicial para ela. Ainda segundo o processo, o mesmo administrador pediu que Shannon entrasse em contato com os pais de alunos que planejavam aparecer na reunião, para lhes pedir que não viessem – o que ela efetivamente fez.

Shannon afirma que tudo isso consiste numa atitude de “hostilidade e humilhação contra ela por ser caucasiana”, e que sofreu represália por se opor a administradores que “tinham uma postura de animosidade e discriminação racial contra administradores não pertencentes a minorias”.

Seu afastamento foi resultado de uma conspiração inspirada em animosidade racial, afirma o processo.

O porta-voz do distrito escolar Will Cluley se recusou a comentar o assunto, citando o litígio pendente. Ele disse que o distrito não recebeu uma cópia da ação, e que Shannon Blick ainda aparece como diretora da escola no site.

Com dois filhos matriculados na escola, Maureen Westfall foi nomeada recentemente líder da organização de pais e mestres. Ela disse que Shannon já tinha saído de licença por questões médicas anteriormente, mas que desta vez a comunidade foi pega de surpresa pelo anúncio de sua controvertida licença.

Ela afirmou que os pais tinham pouca informação sobre a razão pela qual a diretora foi afastada – ou quem estará na direção no próximo ano letivo. “Shannon teve uma influência muito forte e positiva em toda a comunidade de Lawton. Seus conhecimentos sobre educação especial e alfabetização têm ajudado muito as crianças com deficiências de aprendizagem, meus dois filhos incluídos”, disse Westfall. “Muitos pais querem que o superintendente ofereça alguma orientação sobre o que esperar. Queremos saber quem vai supervisionar a educação dos nossos filhos no próximo ano”.

Tradução: Ana Peregrino

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