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Escolas públicas com gestão privada tendem a diminuir o homeschooling
| Foto: unsplash

É difícil competir com uma opção gratuita. Uma nova pesquisa realizada nos Estados Unidos aponta que o número de alunos que estudam em casa poderia diminuir se houvesse mais escolas charter (escolas públicas de gestão particular). Em um estudo publicado no Peabody Journal of Education, os pesquisadores Corey DeAngelis e Angela Dills analisaram o impacto das opções escolares nas decisões dos pais em relação ao homeschooling (educação domiciliar).

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Eles descobriram que o número de crianças estudando em casa diminui em determinado estado quando as leis permitem escolas charter, especialmente quando tais leis estão em vigor há mais tempo.

Custo de oportunidade em ação

Os pais querem mais opções de educação e buscam mecanismos que reduzam o custo das alternativas à escola pública de seu distrito. Apesar de muitas famílias fazerem homeschooling com um orçamento limitado, e um número crescente de pais trabalharem e cuidarem da educação em casa, pode haver custos reais e custos de oportunidade para o homeschooling. Numa entrevista recente, DeAngelis me disse:

Essas são as primeiras descobertas empíricas sobre o assunto, então é preciso continuar a pesquisar o tema. No entanto, nossos resultados tendem a sugerir que a expansão das escolas charter diminui o índice de homeschooling, atraindo aquelas famílias para a opção “gratuita”.

Faz sentido que a prevalência de escolas charter públicas e gratuitas possa incentivar as famílias a escolher uma dessas escolas, em vez de optar pelo homeschooling (que tem o seu custo). O principal motivador para as famílias que hoje fazem homeschooling é a “preocupação com o ambiente escolar, com a segurança, as drogas ou  pressão negativa dos colegas”. Uma escola charter nas proximidades de casa permite que os pais escolham um ambiente escolar diferente, sem custo adicional, fazendo do homeschooling a segunda opção.

DeAngelis e Dills também exploraram o impacto dos programas de vouchers nos índices de homeschooling. Programas de vouchers poderiam aumentar ainda mais o número de alunos de homeschooling, se estivessem disponíveis para as famílias que já adotam esse sistema, reduzindo assim seus custos? Ou os programas de vouchers diminuiriam o custo das escolas privadas e incentivariam mais famílias que hoje fazem homeschooling a matricular seus filhos em uma escola particular? Além disso, um programa de vouchers poderia virar um “Cavalo de Troia”, gerando mais regulamentações governamentais de escolas privadas que aceitam o dinheiro dos vouchers e, portanto, levando mais famílias a optar pela liberdade da educação em casa (para não serem controladas pelo Estado)?

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Escolha é escolha

Os pesquisadores descobriram que, ao contrário das escolas charter que, de fato, podem reduzir o índice de homeschooling, os resultados produzidos pelos vouchers são menos claros. A análise revelou resultados estatisticamente insignificantes de vouchers em relação à prevalência do homeschooling, ou ligeira queda no índice de homeschooling quando o programa de vouchers estava em vigor há algum tempo. De acordo com DeAngelis e Dills, libertar pais e alunos da obrigatoriedade de uma escola pública distrital é um passo positivo em direção à liberdade educacional para todos: “Os resultados ambíguos para vouchers podem estar relacionados ao fato de escolas privadas não darem apoio ao homeschooling, quando um programa de vouchers é adotado”.

Embora os proponentes do homeschooling possam lamentar a potencial queda no número de crianças que estudam em casa quando existem mais escolas charter nas redondezas, ou mesmo programas de vouchers, a tendência geral – maior poder de escolha dos pais – é algo para a ser comemorado.

Libertar pais e alunos da obrigatoriedade de uma escola pública é um passo positivo em direção à liberdade educacional para todos. Ainda assim, DeAngelis acrescenta que “famílias que praticam homeschooling devem considerar o aspecto da perda da liberdade educacional ao matricular seus filhos em escolas públicas charter”, e portanto apoiar o programa de Contas de Poupança Educacional (ESAs), que tenta convencer o governo a financiar a educação familiar, em vez da expansão de escolas charter.

*Kerry McDonald é pesquisadora Sênior de Educação na FEE, formada em Economia pela Bowdoin College e mestra em Política Educacional pela Harvard University. Ela mora em Cambridge, Massachusetts, com o marido e quatro filhos.

"©2019 FEE. Publicado com permissão. Original em inglês

Tradução: Ana Peregrino.

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