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Para discutir com o público sobre as manifestações dos últimos meses no Brasil, o bate-papo conta com a presença de três jovens engajados nos protestos | Walter Alves / Gazeta do Povo
Para discutir com o público sobre as manifestações dos últimos meses no Brasil, o bate-papo conta com a presença de três jovens engajados nos protestos| Foto: Walter Alves / Gazeta do Povo

A terceira edição do Papo Universitário 2013 teve como tema "Por que você protesta?". O evento ocorreu no Teatro Paiol. Para discutir com o público sobre as manifestações dos últimos meses no Brasil, o bate-papo contou com a presença de três jovens engajados nas manifestações realizadas nos últimos meses no Brasil: Clarissa Maçaneiro Viana, estudante de Direito da UFPR, militante dos movimentos estudantil e feminista; Luan de Rosa e Souza, coordenador nacional do movimento social Dia do Basta, e Pedro Veiga, fundador e diretor-presidente do Instituto Atuação.

Veja fotos do evento na galeria de imagens.

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No primeiro bloco, vários temas foram debatidos. O apresentador Luigi Poniwass perguntou aos convidados quais seriam os motivos para que as manifestações tenham ocorrido apenas em junho, uma vez que vários casos de corrupção, inclusive no Paraná, já estavam ocorrendo

Para Luan, houve grande influência dos protestos na Turquia, além da visibilidade trazida pelo fato de o Brasil ter sediado a Copa das Confederações naquele mês. Para ele, a internet também facilitou o diálogo entre coletivos e pessoas independentes, e ajudou a preparar os protestos.

A estudante Clarissa Viana comentou que, no momento em que ocorria a Copa das Confederações, as pessoas perceberam que o governo tinha dinheiro para investir em estádios, mas não em educação e saúde, e que o modelo de desenvolvimento proposto era frágil.

Os participantes também afirmam que a diversificação de pautas foi benéfico, já que a redução da tarifa foi o estopim para que outras pautas aparecessem. Pedro lembrou que uma pesquisa apontou que a questão do transporte público foi a gota d'água para algo maior, estando, inclusive, atrás de demandas como a melhoria da saúde e da educação.

Clarissa lembrou que, mesmo em locais onde a questão da tarifa não estava colocada, mesmo assim muitas pessoas foram às ruas para protestar contra a violência policial que ocorria nas grandes cidades, e que este é um aspecto positivo.

O tema do segundo bloco foi o anti-partidarismo de muitos manifestantes, que rechaçaram e mesmo atacaram quem estava carregando bandeiras políticas no ato.

Para os convidados, isso é ruim, pois uma democracia, segundo eles, é formada por pessoas independentes e também por partidos políticos. Luigi lembrou que a ausência de partidos políticos é uma das principais características das ditaduras.

Para Clarissa, nem todos os partidos são iguais, embora muitos sejam legendas de aluguel e não tenham propostas concretas. No entanto, ela lembra que ir ás ruas já é um ato político, e que nem toda forma de política precisa ser partidária. Ela lembra que é possível fazer política participando de grêmios estudantis, de centros acadêmicos, coletivos, conselhos e associações de bairro.

Luan concorda, e lembra que a política não pode e não deve ser feito apenas pelas vias institucionais, e que a reforma política deve prever maior participação popular, por meio de métodos que ainda devem ser pensados e que talvez ainda não existam.

Na opinião de Pedro, o anti-partidarismo não oferece uma solução concreta, mas ele comenta que os partidos estão de fato muito longe das bases e que há movimentos que representam melhor as pessoas, o que pode explicar o rechaço aos partidos organizados. Ele comenta sobre o projeto Eleições Limpas, constituído por várias entidades, como a OAB e sindicatos, para lutar pela reforma política.

São três pontos importantes buscados pelo projeto: o primeiro é o financiamento de campanha, que não deve ser realizado por empresas, mas sim por dinheiro público. Também busca a reestruturação do sistema eleitoral, para dar mais legitimidade aos partidos. Uma alteração seria o fim da transferência de votos, o chamado efeito Tiririca. Neste caso, a eleição se daria em dois turnos: primeiramente se votaria no partido e depois no candidato. O terceiro ponto é a luta por mais liberdade de expressão na internet.

Uma pergunta enviada pela internet pergunta se o gigante voltou a adormecer e se só voltará a acordar na Copa do Mundo de 2014. Para Clarissa, o gigante não adormeceu, pois continuam ocorrendo manifestações em Curitiba e no Brasil, embora a Copa de fato dê mais visibilidade às demandas das pessoas, que geralmente passam batidas pela imprensa e são pouco levadas em conta pelos governantes.

O terceiro bloco está discutindo o vandalismo. Dois professores falaram sobre o assunto.

Um dos professores afirma que o fato de prédios públicos terem sido atacados mostra a insatisfação contra os privilégios de funcionários públicos, e que essa violência é eloquente. Já o quebra-quebra contra empresas privadas, diz ele, é um fato que se esgota em si mesmo.

O segundo professor lembra que se as manifestações são contra as violências praticadas pelo governo, não faz sentido que respondam com mais violência.

Para Luan, é preciso conceituar o que é vandalismo. Para ele, a atuação da polícia é vandalismo, assim como o fato de pessoas morrerem na fila do hospital esperando um atendimento. Para ele, no entanto, o vandalismo dos manifestantes não faz sentido e de fato afasta as pessoas. Ele acredita que, em Curitiba, a situação é menos complexa do que em São Paulo e a polícia não é tão violenta, mas que ele não saberia dizer qual seria sua reação mediante uma polícia tão violenta. O apresentador afirma que toda forma de vandalismo, na sua concepção, é inválida.

Uma pergunta da plateia sobre o que é ser anti-partidário e se a violência seria um reflexo da falta de participação política das pessoas.

Clarissa afirma que há muito foco no vandalismo, e pouco foco na manifestação como um todo, e que todos os dias ocorre um vandalismo institucional que poucas vezes é lembrada, realizado pelo Estado, como o desaparecimento de moradores de favelas, caso do trabalhador Amarildo, no Rio de Janeiro. Ela diz ser contra a criminalização dos atos e que é preciso entender que isso é fruto da desigualdade social.

Uma pergunta da plateia: não seria melhor fomentar a participação política, ao invés de criminalizar as ações de pessoas que não se sentem participantes da democracia?

Para Pedro, tanto o vandalismo da polícia quanto a dos manifestantes deve ser rechaçada. Ele diz que a destruição de patrimônio público é uma forma de rasgar dinheiro, e esse não é o melhor caminho, mas lembra que a ação da polícia foi igualmente ruim.

Luan diz que é preciso discutir o que é vandalismo, e que o foco da mídia deve mudar. Luigi lembra que a mídia não pode deixar de noticiar esses fatos, e de que a imprensa sempre deixou claro que, no início, os protestos começaram pacíficos, mas que houve pessoas que desvirtuaram a proposta dos protestos.

Uma pergunta da plateia indaga sobre os protestos contra o conselheiro do Tribunal de Contas Fábio Camargo e sobre o voto distrital.

Último bloco do Papo Universitário, que discute os protestos de junho.

Clarissa afirma que é contra o voto distrital, porque esse projeto coloca que o candidato deve defender apenas o interesse daquela localidade que ele representa. Ela defende que as pessoas devem votar em parlamentares que defendam um projeto político para o país, sem se basear apenas em questões de seu território.

Pedro diz que é contra por três critérios: o projeto é extremamente personalista e valoriza apenas a pessoa do candidato. Um segundo motivo é que o candidato também fará propostas muito fragmentadas, sem focar em grandes projetos para o país. O terceiro motivo é que, em muitas cidades, em especial no interior, há um esvaziamento das zonas eleitorais, onde a cidade perde mais da metade do eleitorado durante as eleições, pois na cidade vizinha a pessoa teria mais benefícios votando em candidatos daquele local.

Pergunta da plateia para Clarissa: como a população pode, democraticamente, tirar um conselheiro do Tribunal de Contas ou ministros do cargo?

Clarissa comenta que não saberia explicar como fazer isso do ponto de vista legal, mas afirma que a mobilização popular tem um grande poder, e cita protestos no Chile contra a privatização da educação, contra Troika na Europa ou a luta pelo fim da ditadura militar no Brasil.

Uma participante afirma que a desaprovação às bandeiras de partidos políticos era uma forma de lutar contra o oportunismo dos partidos políticos e não por ser contra a existência dos mesmos.

Luan diz que acha as bandeiras algo conservador, e que mudaria a bandeira do Brasil. Ele diz que os partidos seriam mais bem vistos se não se valessem de bandeiras, e a sugestão dele é para que os partidos tentem rever essa forma de conquistar pessoas. Ele diz que é preciso repensar os métodos de abordagem das pessoas e o diálogo feito dentro dos partidos.

Chega ao fim a transmissão do Papo Universitário pela ÓTV. Obrigada pela audiência e pela participação.

O evento conta com a transmissão ao vivo da ÓTV, canal 11 da NET Digital Curitiba, que pode ser vista abaixo. Será possível perguntar e fazer comentários usando a hashtag #papouniversitario no Twitter ou Instagram.

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