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Susan analisou uma grande rede de escolas charters, em Massachusetts | Christina Rufatto
Susan analisou uma grande rede de escolas charters, em Massachusetts| Foto: Christina Rufatto

A norte-americana Susan Dynarski, doutora em Economia pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), fez parte de um grupo de cinco pesquisadores que analisou uma das maiores redes de escolas charters nos Estados Unidos: a Knowledge is Power Program (KIPP – Conhecimento é um Programa Poderoso, da sigla em inglês). O estudo concluiu que os alunos da rede têm maior proficiência em Língua Inglesa e em Matemática do que os de escolas públicas tradicionais.

As escolas charters recebem financiamento público, com regras diferenciadas em cada um dos estados americanos, mas são gerenciadas por instituições particulares. Possuem mais autonomia para contratar professores, montar seus próprios currículos e oferecer maior carga horária. A admissão dos estudantes é feita por meio de sorteios, mas geralmente os beneficiados são estudantes pobres, negros e latinos. A licença para funcionamento só é mantida se a escola cumprir suas metas acadêmicas e as instituições são fiscalizadas pelos estados a cada cinco anos.

Nas escolas da rede KIPP, na cidade de Lynn, em Massachusetss, os estudantes passam mais tempo estudando. São 1,5 mil horas por ano de estudos, 400 a mais que nas escolas públicas tradicionais americanas. No Brasil, os estudantes passam em média 800 horas por ano em aula. Os professores das charters também possuem um maior comprometimento. "Os pais assinam contratos com a escola e se comprometem em acompanhar a vida escolar de seus filhos. Eles recebem as visitas dos professores em casa", conta Susan. Veja a seguir a entrevista que ela concedeu à Gazeta do Povo:

Qual é o modelo de educação das charters?

Existem vários modelos. Os adolescentes são procurados ou buscam este tipo de escola para cursos secundários [o equivalente aos anos finais – 5.º ao 9.º ano do ensino fundamental no Brasil]. O programa "Sem Desculpas" [da KIPP] por exemplo, prevê salas e escolas pequenas mas com alto investimento em incentivos financeiros para a compra de uniformes, para contratação de professores, entre outras coisas.

Como é feita a fiscalização?

A lei é diferenciada em cada um dos estados. Existe um escritório das escolas charters que acompanha a evolução de cada uma. A cada cinco anos, eles conversam com estudantes, revisam os currículos e informações de cursos, entre outras coisas. Na minha opinião, o governo americano deveria criar um departamento especializado e unificado.

Quantos estudantes são atendidos pelas escolas charters?

Três a cada cem estudantes americanos, matriculados no ensino elementar e secundário [o equivamente do 1.º ao 9.º ano do en­­sino fundamental brasileiro], estudam em escolas charters. Em algumas cidades este número é maior. Em Boston, por exemplo, 20% das crianças e jovens estão em escolas charters. A maior concentração está em Chicago, Los Angeles, Nova Orleans e Nova York.

Por que a oposição às charters é tão grande?

É uma tensão para muitas pessoas. As escolas charters usam um modelo diferente de treinamento e contratação de seus professores. É um outro modelo de educação. Os currículos e os costumes também são diferentes se comparados com os das escolas públicas. As regras são bem rígidas. Acho importante que muitos tenham opiniões diferentes e não existe uma verdade absoluta. Esse movimento é bom.

Seria possível implantar o sistema no Brasil?

Eu não tenho como falar sobre a educação brasileira, pois a conheço pouco. E as soluções para a educação não são iguais em todos os lugares. Não precisamos trabalhar apenas com um modelo de educação. As escolas charters funcionam com salas de aula pequenas, com poucos alunos. Não há uma fórmula mágica para melhorar a educação.

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