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O TudoParaná foi atrás de especialistas em Língua Portuguesa para saber o que eles acham do projeto de lei do deputado federal João Herrmann Neto (PDT-SP). O parlamentar propõe a extinção do uso da "crase", aquele acento que representa a fusão ou contração de duas vogais idênticas em uma só, como quando falamos "ele foi à escola". As regras e inúmeras exceções que regem a crase costumam ser uma dor de cabeça para estudantes e vestibulandos.

O professor de Português e doutorando em Letras, Benedito Costa Neto, acha que o deputado deveria se importar com assuntos mais importantes do que a crase. "É uma coisa tão bobinha... A gramática é uma simples ferramenta que usamos para escrever textos. Ao invés de tentar mudar uma regra, o deputado deveria lutar para que o ensino fosse melhorado no país", conta.

Costa Neto acha que a crase não é uma questão de acentuação, mas de regência verbal. "O que o deputado quer abolir é o uso do acento, porque a regência vai continuar existindo. Ou seja, quem aprende regência aprende rapidamente o uso da crase. O que o Brasil precisa na verdade é de bom professores. Só tenho a lamentar...", resume o professor.

O também professor e lingüista José Luiz Mercer acredita que, antes de mais nada, qualquer alteração nas regras lingüísticas devem ser feitas de acordo com os outros países que falam português. "É uma questão política e não técnica", diz. Mercer lembra que existem acordos sobre regras gramaticais entre o Brasil, Portugal, Guiné, Cabo Verde, Angola, São Tomé e Moçambique.

Mesmo assim, o professor considera a crase um verdadeiro incômodo para os brasileiros. "Para os portugueses o aprendizado da crase é muito fácil, pois eles falam diferente quando tem crase de quando não tem. Então não é preciso estudar regras. Eles aprendem desde criança!", conta. Não fosse a existência dos acordos, Mercer apoiaria totalmente a extinção da crase. "É uma inutilidade, nós entendemos pelo contexto", explica.

Fórum

Como o tema é polêmico, o TudoParaná criou um fórum para os internautas debaterem o assunto. O leitor Sandro tem uma opinião semelhante à do professor Costa Neto: "Deputados deveriam se preocupar em fiscalizar o Poder Executivo, preparar leis que protejam a população mais carente e deixar que questões como a língua sejam tratadas por aqueles de direito".

Já o leitor Fabiano de Carvalho acha que a crase deveria ser abolida mesmo: "A crase se caracteriza pela junção da preposição 'a' com o artigo 'a' ou um pronome demonstrativo 'a', 'aquele' e 'aquela'. Simples, não?.... Não é tão simples assim. Às vezes não craseamos o 'a' e deveríamos fazê-lo. Mas às vezes craseamos... e não deveríamos fazê-lo. Então, para não confundir, sugiro a retirada da crase".

Participe você também do debate e exponha sua opinião em relação à crase (será que vai crase ali?)

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