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Alunos da Escola Municipal Papa João 23 desenharam modelos para o novo uniforme da escola | Priscila Forone/Gazeata do Povo
Alunos da Escola Municipal Papa João 23 desenharam modelos para o novo uniforme da escola| Foto: Priscila Forone/Gazeata do Povo

"Ninguém gosta de ser igual a todo mundo", brinca o estudante Everson Silvério, de 16 anos, da Escola Municipal Papa João 23. Mas ao mesmo tempo em que demonstra a vontade de ser diferente, ele e vários de seus colegas são favoráveis ao uso de uma medida de padronização comum a todas as escolas: o uniforme. Estas opiniões – que a princípio podem parecer divergentes – são um reflexo do que pensam muitos jovens, que entendem a obrigatoriedade, mas não deixam de lado a vontade de se destacar em meio a um grupo. Segurança e economia, segundo os jovens, explicariam a necessidade dele. Para as escolas, evitar disparidades no vestuário e fomentar o sentimento de pertencimento são fatores que levam as escolas a exigi-lo.

A psicóloga educacional Maria Elizabeth Haro, coordenadora da Comissão de Educação do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, considera a obrigação do uso de uniforme algo positivo. "Não é uma questão de proibir, mas de conscientizar que a escola é o lugar para estudar e não para desfilar", diz. Segundo a professora Sandra Hoffmann, coordenadora e orientadora do Ensino Fundamental do Colégio Positivo Júnior, ele é necessário pois diminuem as comparações, evitam que os alunos usem a diferença nas roupas para promover a exclusão de colegas e representam uma economia para as famílias.

A mesma opinião é compartilhada por Sandra Carvalho, diretora da Escola Municipal Papa João 23. "O uniforme é importante em uma escola como a nossa, que tem alunos de classes sociais diferentes", explica. Nas escolas públicas a peça não é obrigatória, mas quando seu uso é decidido ele passa a ser necessário e deve ser fornecido para os alunos que não podem comprá-lo. Na escola, há 45 anos o uso é aprovado em assembleia geral antes do início das aulas. "Há alguns alunos que reclamam, mas é natural do adolescente questionar as regras, faz parte do desenvolvimento da identidade."

Mesmo com a obrigação, as escolas costumam ter flexibilidade para que o aluno possa se expressar. Na maior parte das vezes isto se manifesta por meio dos acessórios: pulseiras, brincos, tênis, bonés ou cortes de cabelo diferentes. "O jovem está se descobrindo, achando um estilo. E o adolescente se identifica pelos aspectos externos nessa idade", diz Maria Elizabeth. Com o tempo, a tendência é de que o jovem amadureça e passe a entender as regras. Por isso, em muitas escolas, o uniforme é dispensado para alunos do ensino médio. "Acreditamos que o aluno mais velho já tem a maturidade para escolher o que vestir e não temos problemas neste sentido", conta Hoffmann.

Moda

A Escola Municipal Papa João 23 escolheu seu uniforme atual em um concurso em 1997, quando os alunos não só puderam desenhar os modelos como também escolher o vencedor. "Na época o preto era a grande moda e tivemos o primeiro uniforme nesta cor na região", conta Sandra Carvalho, diretora da escola. "Nos últimos anos essa moda passou e os alunos começaram a reclamar". No segundo semestre está agendada a escolha de um novo uniforme e muitos alunos vêm desenhando seus modelos, levando em conta tanto aspectos estéticos (as listras, por exemplo, engordam) e práticos (os novos modelos trazem mais bolsos). Duas alunas, Eduarda Boryça e Angeline Morawski, chegaram a criar opções femininas e masculinas para os uniformes, algo que já acontece nas escolas particulares, que apresentam diversas opções de modelos, algo que ainda é novidade na rede pública.

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