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Alunos do Colégio Adventista de Castelo Branco, em Salvador (BA), foram filmados em um beijo coletivo em vídeo compartilhado nas redes sociais – na filmagem, divulgada na última semana, estudantes uniformizados menores de idade aparecem em uma lanchonete. O colégio afirmou que o vídeo foi gravado fora do ambiente escolar, sem qualquer relação com os espaços da instituição, mas não se eximiu do seu papel. 

“O Colégio iniciou contato com os pais, abrindo um diálogo sobre o ocorrido, para um acompanhamento em conjunto dos fatos”, diz o documento enviado à Gazeta do Povo, que também reforça que a disseminação das imagens infringe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 

“O Colégio Adventista se preocupa e alerta a todos os pais e, também, a sociedade para o dever de todos em zelar pela dignidade e preservar a integridade moral e psíquica de crianças e adolescentes, de acordo com os artigos 5, 17 e 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). É com preocupação que o colégio observa o compartilhamento do vídeo em redes sociais, o que configura uma infração diante do que estabelece o ECA”, conclui o comunicado.

Tendência 

Interações inapropriadas entre estudantes são cada vez mais comuns: estudo divulgado em 2017 pela NASUWT, um sindicato de professores do Reino Unido, aponta que mais da metade dos docentes estavam cientes de que alunos praticavam “sexting” (envio de imagens íntimas) dentro da escola. A maioria dos incidentes envolveu jovens de 13 a 16 anos, mas professores também afirmaram ter conhecimento da prática na escola primária, com alunos de até sete anos. 

O compartilhamento entre adolescentes está relacionado ao aumento de comportamentos sexuais, de acordo com pesquisa feita com estudantes de ensino médio nos Estados Unidos; o estudo indicou que adolescentes que compartilham estes conteúdos têm maior probabilidade de ser sexualmente ativos. Já para as meninas, o compartilhamento está associado também a comportamentos sexuais de risco. 

Uma das principais causas é a falta de informação sobre as repercussões do que é compartilhado na internet. De acordo com Sonia Livingstone, da London School of Economics and Political Science, mesmo que sejam nativas digitais, “crianças não necessariamente sabem usar a internet”. 

Sonia afirma ainda que a visão dos adultos mudou nos últimos anos, com uma maior percepção de que eles devem ser responsáveis por manter as crianças seguras na internet, mas que elas também devem desenvolver habilidades para se manterem seguras por conta própria. 

Limites legais

Em casos que envolvem conteúdos sexuais de menores de idade, é necessário cautela: a posse de imagens, mesmo que para investigação, pode ter implicações legais para os educadores. 

Em 2009, o vice-diretor de uma escola nos Estados Unidos foi acusado de posse de pornografia infantil após investigação de um incidente na escola. Em artigo no Washington Post, Ting-Yi Oei diz que o episódio trouxe ansiedade, insônia e isolamento. 

“Nunca me ocorreu que minhas ações pudessem ser consideradas suspeitas: estava conduzindo uma investigação escolar legítima com o bem-estar das crianças em mente, e o fiz na presença e com o total conhecimento de outros funcionários da escola”, afirmou o diretor na época. 

“O educador deve, ao usar qualquer tecnologia digital, deixar muito claro até aonde vai a porta da sala de aula, para evitar interações digitais perigosas”, avalia Patrícia Peck Pinheiro, especialista em Direito Digital e consultora do Sistema Positivo de Ensino. 

“Já a instituição deve orientar, deixar as regras claras, inclusive atualizando-as tanto no contrato de matrícula com o aluno, como no contrato de trabalho do educador”, completa. 

Proibir não é o melhor caminho 

Pesquisa realizada pela London School of Economics mostra que, após escolas proibirem celulares, o desempenho dos estudantes melhorou. Mas especialistas acreditam que não é mais possível ter um controle completo sobre os dispositivos; a educação para os meios digitais é mais eficiente do que proibições, de acordo com Cristina Sleiman, presidente da Comissão Especial de Educação Digital da OAB-SP. 

“Se falamos em educação e desenvolvimento, você não pode proibir tecnologia, por isso o melhor caminho é educação digital: educar para que crianças e adolescentes saibam usá-la de maneira ética e segura”, conclui Cristina.

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