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O professor Zaor Caetano Jr defende que a educação é muito mais ativa dentro do laboratório | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
O professor Zaor Caetano Jr defende que a educação é muito mais ativa dentro do laboratório| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Essencial

Entre os mais de 100 materiais necessários para um laboratório estão: microscópio, bico de Bunsen, copos de Béquer, Erlenmeyer, pipeta, termômetro, tubos de ensaio, pisseta, pinça, funil, tripé, placas de Petri, e bastões de vidro.

No último Programa Inter­­nacional de Avaliação de Alunos (Pisa) divulgado em 2013, o Brasil obteve o 59.º lugar – entre 65 países – na avaliação da área de Ciências. Mais da metade dos estudantes brasileiros alcançou apenas o nível 1 de desempenho no exame, o mais baixo, quando são capazes de aplicar o que sabem somente em poucas situações do dia a dia. Uma das possíveis explicações para o fraco desempenho dos estudantes é o baixo número de laboratórios de ciências nas escolas, o que prejudica o aprendizado.

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Na rede municipal de todo o Paraná, apenas 2% dos colégios têm o ambiente, segundo o Censo Escolar de 2013. Em Curitiba, 11 escolas municipais (3%) têm laboratórios. Na rede estadual, que atende do 6.º ao 9.º anos dos ensinos fundamental e médio, as escolas equipadas com laboratório representam 59% das 2.147 unidades do Paraná.

Educadores consideram fundamentais as atividades experimentais para o aprendizado científico. "A educação é muito mais ativa. É o aluno que vai chegar até o resultado, ele faz parte da construção do conhecimento", explica Zaor Caetano Jr, professor de Biologia do ensino médio na rede estadual e no colégio Bom Jesus.

Nos laboratórios, o professor deixa de ser o centro das atenções e o experimento torna-se o foco. A familiarização com a ciência, buscando a compreensão prática da teoria passada na sala de aula, desperta o interesse e aumenta a dedicação dos alunos.

Para o professor do departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Paulo Inada, apesar de ter papel significativo no ensino, não se pode culpar a falta de laboratórios como fator principal do baixo aprendizado. "Em algumas disciplinas, como Biologia, Física e Química, isso tem forte influência, como na microscopia.", relata. Inada acredita que o desempenho nas ciências depende de um conjunto abrangente que vai desde o currículo até a formação dos professores. "Mesmo que um dia todas tenham o espaço [laboratório], é preciso ter gente capacitada para otimizar o seu uso", completa.

Em 2009, Inada avaliou os laboratórios de Ciências e Biologia das escolas públicas e particulares de Maringá. Na ocasião, o artigo publicado concluiu que a frequência de uso é maior entre os colégios particulares. Além disso, constatou-se que as escolas públicas tinham maior dificuldade em conduzir aulas laboratoriais devido à condição precária dos laboratórios causada pela falta de investimento. "A qualidade do equipamento é um pouco abaixo das necessidades do ensino médio e algumas instalações limitam o que você pode fazer", completa Caetano Jr sobre os laboratórios das escolas públicas em que dá aulas em Curitiba.

Professores podem usar outros espaços

A falta de um laboratório de Ciências não é desculpa para deixar de proporcionar atividades práticas. A sala de aula ou o ambiente externo podem ser usados para esse fim. "Claro que é possível, desde que não ofereça riscos. Fica a cargo do professor elaborar e ter conhecimento para fazer isso", pondera Paulo Inada.

Para auxiliar os professores, as redes de ensino oferecem suporte para as atividades. Segundo a Secretaria de Estado da Educação (Seed), todas as escolas da rede estadual, independentemente de terem laboratório ou não, recebem um kit básico de ciências com mais de 100 itens.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), está em curso uma licitação para comprar microscópios para todas as escolas da rede municipal. Além disso, 32 escolas integrais contam com kits de Ciências (com apontador laser, balança de bancada, binóculo, estação meteorológica, sistema muscular/circulatório etc.) e, desde 2013, a prefeitura ofertou quase 2 mil horas de formação continuada para os 5,5 mil docentes de Ciências.

A atividade prática pode ser simples e começar desde cedo, ainda na educação infantil, para estimular a curiosidade dos alunos a novas descobertas. No Centro Municipal de Educação Infantil Vila Leonice, no bairro Cachoeira, algumas atividades são desenvolvidas nesse sentido. Em uma delas, crianças usam lanternas em uma cama elástica cheia de bexigas. Pulando e acionando a iluminação artificial, as crianças podem explorar os materiais, testando seu funcionamento.

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