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Faltam ações contra a violência

O combate ao bullying nas escolas está restrito à atuação da coordenação pedagógica de cada estabelecimento. Em alguns estados se investe em cartilhas e formação de grupos de estudo, como é o caso de São Paulo, Brasília e Paraná. Mas, para o vice-presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes), José Augusto Pedra, ainda é pouco em relação ao crescimento da violência.

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Constrangimento

Saiba como identificar o bullying:

O que é?

- O bullying é um fenômeno que atinge, principalmente, o ambiente escolar. Embora o termo não tenha tradução para o português, ele se caracteriza pelo ato de humilhar ou agredir pessoas do mesmo grupo que não apresentam reação.

Como é praticado?

- O bullying é caracterizado pelas seguintes ações: fazer sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, perseguir, assediar, amedrontar, dominar, agredir, bater, empurrar, roubar e quebrar pertences.

Quais os sintomas?

- Quem sofre o bullying tem reações como introspecção, alterações de apetite, alteração de humor, bruxismo (ranger de dentes), enurese (fazer xixi na cama), expressões de tristeza e apatia, e mentira (para proteger o agressor).

  • Yuri Henrique completaria hoje 11 anos: morto após espancamento

Ponta Grossa - Grávida de três meses, a dona de casa Josiane Inocêncio Tomaz Mendes tenta fazer planos para a chegada do bebê. Mas um trauma recente a impede de pensar apenas no futuro. Em fevereiro deste ano, Josiane perdeu um filho para a violência em Telêmaco Borba, região dos Campos Gerais. Hoje, 30 de abril, Yuri Henrique Mendes Chaves completaria 11 anos.

O menino morreu na terça-feira de carnaval, depois de passar três dias internado em um hospital da cidade. Aluno da 5.ª série, Yuri foi surrado na saída da aula por três adolescentes que estudavam na mesma escola dele, o Colégio Estadual Padre Anchieta. Ameaçado pelos algozes, ele teve medo de contar a verdade aos pais e, mesmo com fortes dores, aceitou tomar medicamentos contra picada de inseto.

Há uma semana, a Polícia Civil concluiu a investigação e considerou que o estudante foi vítima de bullying, termo em inglês que designa a prática de alunos que ofendem, humilham ou agridem colegas da mesma escola ou curso. Normalmente, as vítimas do bullying não reagem às investidas. Yuri foi perseguido por seu comportamento introspectivo. A mãe Josiane conta que, antes do espancamento, o filho dava desculpas para não ir à aula. No dia 20 de fevereiro, o pior aconteceu.

O menino de 10 anos levou uma surra de três adolescentes, alunos da 6ª e 7ª séries, com idades entre 13, 14 e 16 anos. O exame do Instituto Médico-Legal (IML) constatou que ele sofreu traumatismo craniano e havia grãos de areia dentro do seu nariz, o que comprova a informação dada por testemunhas que Yuri estava caído quando ainda recebia chutes dos agressores. "Isso não se faz nem com um animal", lamentou Josiane.

Ameaçado, ele não contou nada à mãe e ao padrasto, que estranharam o rosto inchado. Yuri afirmou que a causa do inchaço e das dores de cabeça poderia ter sido causados por uma picada de aranha. Ele só contou a verdade antes de entrar em coma e morrer, quatro dias depois. Devido aos machucados, primeiro suspeitou-se que os agressores fossem da própria família. "Eu sofri com a morte do meu filho e com a acusação das pessoas, que diziam que eu e meu companheiro batemos no Yuri", diz Josiane.

O delegado José de Aquino Figueiredo chegou aos três adolescentes acusados após tomar vários depoimentos. "Duas alunas nos contaram em depoimento que a briga ocorreu a poucos metros da escola, pouco antes do meio-dia, na saída da escola. Os três agressores bateram em Yuri e pediram para ninguém falar nada porque sofreriam represálias", relata. Na delegacia, os jovens negaram o crime, mas, segundo Figueiredo, há indícios de lesão corporal grave. Eles estão em liberdade, aguardando o posicionamento do Judiciário. O Ministério Público já recebeu o inquérito, mas ainda se manifestou. Se forem considerados culpados, os três podem sofrer medidas socioeducativas, como restrição de liberdade. Josiane só espera que a Justiça seja feita.

Efeitos

Segundo especialistas, os estudantes podem participar das ações de bullying como alvos, autores ou testemunhas, mas todos são atingidos pelos efeitos negativos da prática, como isolamento, mau desempenho escolar e violência física. "Por mais que não termine em óbito, o bullying deixa sequelas terríveis que podem ser reproduzidas no trabalho e na constituição familiar futura", conta o vice-presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes), José Augusto Pedra. Ele acrescenta que os autores podem até desenvolver comportamentos criminosos no futuro.

Conforme o psicólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e Faculdade Evangélica do Paraná, Clóvis Amorim, os pais devem estar atentos a mudanças bruscas no comportamento dos filhos. Os sintomas, segundo Amorim, são parecidos tanto para os alvos quanto para os autores do bullying, embora as vítimas, segundo ele, tendem a se tornar mais introspectivas.

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Interatividade

Fiscalizar o comportamento agressivo dos alunos deve ser responsabilidade dos pais ou das escolas?

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