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Dos 36 anos somados pela professora Ilze Correa, 20 são dedicados ao magistério. Os últimos cinco, ao trabalho com turmas de surdos e deficientes auditivos.

No ano passado, ela foi finalista na categoria Práticas Pedagógicas do Concurso Cultural Ler e Pensar 2014 pelo trabalho que desenvolveu com 14 alunos (de 9 a 37 anos) da Escola Municipal Ulysses Guimarães, de Campina Grande do Sul.

No projeto "Letramento de surdos – o uso do jornal como forma de conhecer o mundo: um caminho para a cidadania", Ilze trabalhou inclusão, democratização da informação e incentivou o protagonismo de crianças e adultos. Como conseguiu? Ela diz que sem o jornal não seria possível. "Pelas matérias, pude trabalhar atividades lúdicas com os menores e cidadania com os mais velhos", conta.

A proximidade dos temas com a realidade dos alunos também facilitou. O grupo saiu da escola e foi conhecer um centro de reciclagem, visitou um posto de saúde e ainda entendeu o funcionamento de um espaço referência em agroecologia.

As impressões sobre as experiências resultaram na criação de duas edições de um jornal produzido pela turma – o Gazetito Informa. Mais de 500 exemplares foram impressos, financiados pela Secretaria de Educação do Município, e distribuídos a pais, professores e a 230 colegas de turmas regulares.

Apresentações, com distribuição de folders e cartilhas feitos por eles sobre conteúdos pesquisados no site da Gazeta do Povo, também compuseram a programação da Feira Escolar, organizada em junho de 2014. "Foi um momento inédito e importante. Ficaram mais confiantes, seguros", diz a professora.

Surdos no Brasil

Dados do IBGE revelam que cerca de 9,7 milhões de brasileiros (5,1% da população) têm deficiência auditiva. Mesmo diante de índices expressivos, Ilze defende que o fato de a sociedade ainda se organizar em uma cultura ouvinte diminui as oportunidade de o surdo informar-se e contribuir para debates importantes. "Muitos chegam à escola sem conhecer a linguagem de libras e o português, o que dificulta o aprendizado".

Entusiasmo e expansão

Para a professora, uma das conquistas mais expressivas até agora foi a de um aluno de 35 anos. "Ele trabalhava com um carrinho de reciclagem e, ao melhorar a comunicação, conquistou um emprego em uma empresa da área. Ele tem orgulho disso e é uma inspiração aos colegas. Hoje, já são eles que buscam o trabalho com o jornal. Esperam por isso!"

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