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Não é raro encontrar entre os brasileiros – inclusive os esclarecidos – os que defendam restrições à liberdade de imprensa. Se a gente faz as contas, na ponta do lápis, fica estarrecido com a quantidade de décadas em que o Brasil viveu debaixo de ditaduras – a rigor, amantes da censura. Essa alta exposição à falta de liberdade nos deixou sequelas graves, como o raciocínio turvo e o gosto pelo conforto do cativeiro.

Mas alto lá. A mentira deixa prejuízos incalculáveis. Mesmo quem já aplicou uma daquelas "mentirinhas brancas" sabe disso. De modo que quando a imprensa falta com a verdade outra coisa não faz senão dar um tiro no pé, abalando seu maior capital – a credibilidade. Os maus jornalistas têm destino certo, cedo ou tarde. Os bons, ainda que tropecem, defendem a coisa pública e trabalham em prol da democracia.

No mais, resta lembrar que não existe sequer uma sociedade rica, sólida, desenvolvida e culta no mundo sem a presença de um jornal sério. Noruega, Finlândia, Dinamarca e Suécia, por exemplo, ocupam o topo dos lugares onde há mais liberdade de imprensa, de acordo com a organização Repórter sem Fronteiras. O mesmo não se pode dizer da Chechênia, Papua e Caxemira, onde jornalistas são mais perseguidos do que cristãos no Império Romano.

Graças a lugares nada atraentes como esse, estima-se que um terço da população mundial esteja sujeita aos malefícios dos jornais amordaçados por regimes totalitários, cujas informações mentirosas, essas sim, saem da boca de gente como o tirano Kim-Jong-il, da Coreia do Norte.

É pegar ou largar. Kim ou a vida? Me parece que, debaixo de todos os riscos que a liberdade impõem, resta fazer coro com o poeta John Milton. Já no século 17 ele entendeu que não há sociedade moderna sem imprensa. Havendo deslize ou má-fé dos escribas, a regra é clara: boca no trombone. O cidadão é aquele que fala. O homem de imprensa é aquele que dá a palavra. Estamos combinados.

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