• Carregando...
“A necessidade de transformar leva escolas a repensar metodologias na tentativa de construir um currículo que contemple os interesses dos alunos e as mudanças globais.” | Priscuila Forone / Gazeta do Povo
“A necessidade de transformar leva escolas a repensar metodologias na tentativa de construir um currículo que contemple os interesses dos alunos e as mudanças globais.”| Foto: Priscuila Forone / Gazeta do Povo

Profissionais renomados da Educação fizeram parte do 4.º Seminário Nacional de Gestores de Escolas, promovido pela Editora Opet no Hotel Mabu Parque Resort neste mês. A palestra do economista e mestre em Gestão Empresarial Marcelo Piragibe foi sobre Letramento Digital, assunto que ele aborda em entrevista ao Educação & Ensino.

Entre os professores, como acontece o letramento digital?

É a capacidade que os docentes devem desenvolver para compreender a possibilidade de utilização de todos os recursos tecnológicos gerando interação e humanização na pedagogia, andragogia, que lida com o aluno mais maduro, e eutagogia, ligado ao ensino a distância e outros métodos em que os alunos aprendem por si só. Letramento é utilizar esse conhecimento para fazer com que o aluno se desenvolva e possa gerar pesquisa e níveis de reflexão mais amplos com a possibilidade do aprendizado multinível, usado nos diversos níveis de tecnologia existentes dentro e fora de sala.

Nessa área qual é o desafio para as escolas e professores brasileiros?

O desafio é entender todas as possibilidade de utilização para fazer conexões entre aprendizado e conhecimento, ampliando e melhorando a suas competências como docente. Aí ele vai conseguir auxiliar muito o aluno para que ele se torne mais um pensador e menos um repetidor de informações.

O que falta para que aconteça o letramento digital nas escolas?

Falta formação e desenvolvimento do professor para que possa usar todos esses meios digitais e tecnológicos multiplicando o aprendizado e interagindo com a tecnologia, no caso internet, redes sociais, mobiles. Com o aluno também falta essa interação focada nos diversos modelos de aprendizado cibernético, como a aprendizagem ubíqua, que é a capacidade de trazer a tecnologia tão próxima ao humano que ele consegue trabalhar com as ferramentas tecnológicas como se fosse algo rotineiro.

Como os professores têm recebido essa nova necessidade?

Os professores são analfabetos digitais. O primeiro passo é ser letrado e dar um salto na utilização das ferramentas como uma possibilidade de multiplicar o aprendizado. Eles precisas ter uma visão mais ampla de todas as ferramentas ou ficam no arroz e feijão, passam um vídeo, pedem para acessar um site, e só.

Que mudanças o letramento digital e o emprego dessas ferramentas trariam para o dia a dia?

O professor foi educado na faculdade no modelo antigo e agora tem de se atualizar. A Unesco lançou documento explicando como eles devem se adaptar. A mudança vai tomar mais tempo, pois o docente vai precisar de um planejamento diferente de aula, que não poderá ser sequencial ou linear, e ele vai ter de dar oportunidade para que os alunos desenvolvam o conhecimento, sejam incentivados a crescer sozinhos. Também há a interação entre uma aula e outra, pela internet.

Os professores têm mostrado resistência a esse novo papel?

No começo o professor fica assustado pelo volume de informações. Mas a dinâmica do letramento é passada em vários encontros para que seja assimilada. Os professores americanos estão na frente, usam o Facebook para interagir e entre uma aula e outro o professor acessa a sua página e tem mais de 600 opiniões. É muito rico e não pode ser desprezado.

O que é preciso para que haja este salto?

Investir pesado no corpo docente e trazer o pensamento como ferramenta da discussão e pensar como modelo de aprendizado. E depois do recorta e cola qual o nível de discussão que existe? Nós paramos de evoluir. Foi comprada muita tecnologia, quadro eletrônico, computadores, mas o professor não está preparado para usá-los de forma plena. O que está bem atrasado é a organização das escolas para utilizar as tecnologias. O caro não é equipar a sala, mas fazer com que o professor se sinta motivado a mudar o seu modelo mental tradicional.

O senhor afirma que a web 2.0 e a 3.0 são as ferramentas mais utilizadas no letramento digital, gerando conteúdo para desenvolver pesquisa e multiplicar o conhecimento dentro e fora de aula. Como a web 3.0 seria usada na prática?

Ela traz o mundo 3D, a busca semântica para dentro da sala, integrando celulares e internet. Os usuários podem participar de um mundo paralelo de aprendizagem, ter um avatar que é um aprendiz. Dessa foram se sai da brincadeira para uma rede de aprendizagem integrada no mundo virtual, e o usuário também se torna um produtor de conhecimento e conteúdo.

E os alunos, como veem esta nova realidade na educação?

Com o aluno é o contrário, ele está ansioso por isso. Tem a possibilidade de aprender mais em menos tempo dentro de uma visão multitarefa que já é dele, pois ele já nasceu nesse mundo, dentro da visão cibernética, e tem essa capacidade gigantesca de trabalhar em diversas mídias e de entender a conexão entre milhares de ferramentas da TIC (Tecnologia, informação e comunicação).

Os pais sabem como cobrar ou ainda se impressionam com um folheto que mostra um laboratório de informática bem equipado?

Os pais ainda são da antiga. Quando as crianças de hoje começarem a ter filhos, as escolas terão de mudar rapidinho. Eles vão querer saber: "tem letramento digital aqui?", "Os alunos ampliam conhecimento a que nível? E de que forma?". Não vai adiantar a escola mostrar um folheto com laboratório de informática. Aqueles diretores de escola e governantes que entenderem que o professor é a mola propulsora do aprendizado e conseguirem investir de foram eficaz só têm a ganhar.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]