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Líder paulista no ranking do Enem, o Colégio Engenheiro Juarez Wanderley, em São José dos Campos, é uma escola particular que, em vez de cobrar mensalidade, "paga" R$ 1.100 mensais por aluno. O colégio, com 600 alunos, oferece ensino gratuito a estudantes que saíram da rede pública. É mantido pelo Instituto Embraer, que exige um exame de seleção para o ingresso dos estudantes. Nem mesmo os filhos dos funcionários estudam no colégio, se não tiverem cursado todo o ginásio na escola pública e se não passarem no vestibulinho.

O "Wanderley", como é chamada, ficou em oitavo lugar no ranking nacional do Enem, com nota ponderada de 76,02, e é uma das escolas caçulas do ensino, já que foi criada em 2002, em contraponto ao Cefet, que completa cem anos e foi a escola da rede pública com melhor colocação em São Paulo. A "Wanderley" já estava na lista dos melhores do país, mas, desta vez, tirou a liderança do Colégio Vértice (nota no Enem de 75,97), campeão paulista por dois anos. No Vértice, no ano passado, a mensalidade ultrapassava R$ 2 mil.

O investimento de R$ 1.100 por aluno, explica Pedro Ferraz, diretor do Instituto Embraer, cobre uma jornada diária de dez horas na escola, alimentação e transporte. A instituição conta com 34 professores e uma grade curricular que prevê visitas a São Paulo, a 97 quilômetros de distância, onde os alunos vão a museus e teatros.

- Pegamos um grupo especial da escola pública, os melhores alunos, cerca de 4% de 5 mil que saem da rede pública na região e o resultado é excelente. A maioria vem de famílias humildes e muitos de famílias desajustadas. O currículo de tempo integral ajuda muito nesse ponto - conta Ferraz.

No vestibular deste ano, dos 2.001 alunos que fizeram os exames, todos passaram no exame.

No Cefet, salário de até R$ 9 mil para professores

A melhor escola pública de São Paulo no ranking do Enem é da rede federal: o Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo) obteve 73,38 pontos, ficando com a sétima posição no ranking paulista e a 37 posição nacional, entre públicas e particulares. Os alunos do Cefet têm aulas com professores mais bem remunerados e qualificados, já que seus professores são os mesmos professores-doutores que trabalham nas pesquisas e na ala universitária da instituição, com salários que podem chegar a R$ 9 mil. O mínimo está entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil, segundo o diretor do Cefet, Chester Contatori.

O Cefet passará ano que vem por uma mudança que criou polêmica entre seus alunos: a partir de 2010, os estudantes só poderão frequentar a instituição se fizeram o chamado "integrado", cursando o ensino médio e profissionalizante (principalmente na área de engenharia), de quatro anos. A mudança deverá aumentar a carga horária:

- Não gostei nada disso. O ensino médio da federal é bom. Se fosse integrado antes, eu não teria feito o Cefet, porque curso línguas estrangeiras e não teria tempo para fazer um técnico - queixou-se Milena Carreira Moita, de 17 anos, média de 9,5 em todas as disciplinas, uma das melhores alunas do Cefet.

Milena quer cursar Relações Internacionais. Devido às boas notas, ela e o amigo Giuliano Magnelli, de 17 anos, ganharam duas bolsas integrais num cursinho pré-vestibular de São Paulo. Ele quer fazer Comunicação ou Administração. Para ingressar no Cefet, ambos enfrentaram um exame (vestibulinho), em que competiram 17 candidatos por vaga.

O reitor Arnaldo Augusto Ciquielo Borges explicou que a mudança para o ensino integrado é uma determinação federal, após o Cefet ter se transformado numa Ifes (Instituição Federal de Ensino Superior).

Escola estadual sofre com falta de professor

A escola estadual Mario Guilherme Notari, em Sorocaba, a 97 quilômetros da capital, ficou na última colocação entre as escolas de ensino médio regular. O vice-diretor, Benjamin Patia, atribuiu a péssima classificação ao pequeno número de alunos que se inscreveram no exame, 12 de 36 alunos, mas admitiu os problemas de falta de professores e infraestrutura.

- Os alunos também sofreram muito com a falta de professores e quase não tiveram aula de química e biologia. Vinha substituto, mas não dava o conteúdo necessário para a preparação do exame.

Segundo o vice-diretor, os alunos também faltam muito à escola, que fica em uma área periférica da cidade, com ruas sem asfalto e de difícil acesso em dias de chuva.

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