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O comando nacional de greve dos professores das universidades federais recomendou o fim da paralisação e a categoria deve voltar ao trabalho segunda-feira, dia 19. A paralisação completa 109 dias nesta sexta-feira, o que faz dela a mais longa nas universidades federais desde 1980 - quando o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) passou a registrar a duração das greves. Até agora, a greve mais longa, com 108 dias, tinha sido registrada em 2001, no governo Fernando Henrique.

A decisão pelo fim da greve foi tomada na noite de quarta-feira e levou em conta o esvaziamento do movimento. Em assembléias locais, os professores decidem nesta sexta se acatam a recomendação, mas o vice-presidente do Andes, Paulo Rizzo, acredita que o fim da greve é certo. "A maioria dos professores nas assembléias está indicando o fim da greve", diz comunicado aprovado pelo comando nacional, divulgado no site do Andes - www.andes.org.br.

Segundo o sindicato, 30 instituições ou seções sindicais permaneciam paralisadas na quinta-feira, mas 18 já haviam aprovado a saída ou suspensão do movimento. Entre as oito instituições ainda favoráveis à continuidade estavam a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Universidade de Brasília (UnB). As demais não haviam deliberado sobre o assunto.

Em 1 de dezembro, havia chegado ao fim a greve de professores das escolas federais de educação básica - entre elas o Colégio Pedro II, no Rio - e a dos servidores técnico-administrativos das universidades federais. O impasse permaneceu por mais duas semanas, porém, na negociação com os professores das universidades.

O secretário-executivo-adjunto do Ministério da Educação (MEC), Ronaldo Teixeira, disse que caberá às universidades decidir o calendário de reposição das aulas. Ele rejeitou a idéia de que a atual greve seja a mais longa da categoria, pois não atingiu algumas das maiores instituições do país, como as federais do Rio (UFRJ), de Minas (UFMG) e do Rio Grande do Sul (URGS). Além disso, diz Teixeira, a adesão média dos professores nas instituições paralisadas girou em torno de 30% a 40%, na graduação.

"É um número discutível, mas se querem criar esta greve como a maior da história, é possível: está no poder da caneta e na força da voz. Mas a grandes universidades não pararam nunca", disse Teixeira.

Retorno

Paulo Rizzo disse que o fim da greve não significa a volta às aulas já na segunda-feira. Na maioria das instituições, segundo ele, isso só ocorrerá em janeiro. "O calendário vai para janeiro. Não se vai convocar os alunos para ir à universidade alguns dias e sair em seguida para o recesso de Natal e Ano Novo".

O vice-presidente do Andes disse que a greve garantiu avanços e que a categoria está entre as que mais benefícios conseguiram nas negociações salariais com o Executivo, ainda que o reajuste médio de 9,45% sobre o salário-base e outras vantagens só devam entrar em vigor em 2006. "Em 2005 tivemos 0,1% de reajuste", reclamou Rizzo.

A primeira proposta do MEC aumentava em R$ 395 milhões o gasto adicional para o ano que vem com a folha de pessoal. O valor subiu para R$ 500 milhões e, por fim, chegou a R$ 650 milhões.

O MEC entende que houve intransigência da parte do Andes e considera que houve interesse político-partidário do sindicato em desgastar o governo Lula, uma vez que alguns de seus principais dirigentes são filiados ou simpatizantes do PSOL e do PSTU, partidos de oposição. O raciocínio leva em conta que o Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior, entidade em relação à qual o MEC é mais simpático, e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que reúne os reitores, faziam contraponto ao Andes e defenderam a volta às aulas no mês passado.

"Desde o início fizemos propostas. Mas o Andes ia para a mesa apenas com disposição formal para o diálogo. Aí fica difícil", disse Teixeira. Rizzo rebateu: "Se o MEC tivesse realmente preocupação com os efeitos da greve (sobre os estudantes), teria dado uma solução há mais tempo".

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