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O jogo virtual tem mais de 100 milhões de jogadores e agora passa a ser usado em sala de aula | Microsoft/Divulgação
O jogo virtual tem mais de 100 milhões de jogadores e agora passa a ser usado em sala de aula| Foto: Microsoft/Divulgação

Imagine crianças de 11 e 12 anos com um grande desafio pela frente: reconstituir um feudo medieval do século 5º. Mas para construir o castelo do senhor feudal, a vila dos camponeses, a igreja com cemitério e a roda d’água sobre o rio, os alunos utilizam uma ferramenta do século 21, o MinecraftEdu. Estratégias como essa já são realidade em escolas do Brasil: trata-se de uma versão pedagógica do jogo de construção ‘Minecraft’ - adquirido pela Microsoft em 2014 por US$ 2,5 bilhões - que se tornou um fenômeno mundial com mais de 100 milhões de jogadores.

O game - que foi criado em 2009 e ganhou uma versão educativa em 2011 - permite a criação de qualquer estrutura em um mundo virtual. Parecido com o Lego, o jogo é feito de blocos cúbicos que podem ser colocados em qualquer lugar para construir estruturas.

Milhares de professores de dezenas de países têm utilizado a versão pedagógica do jogo para ensinar diversas disciplinas aos alunos - de matemática à poesia. “A grande vantagem do Minecraft é ser uma plataforma aberta, o que permite construir as mais diversas narrativas”, diz o professor de educação e tecnologia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Claudio Mendes.

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Atenta ao potencial do ‘Minecraft’ nas escolas, a Microsoft anunciou que vai lançar uma nova versão educacional do jogo no segundo semestre de 2016. Chamado de ‘Minecraft: Education Edition’, o jogo ganhará recursos adicionais como mapas com coordenadas para localizar os jogadores, espaço para criação de portfólios, avatares personalizados e a possibilidade de que os professores compartilhem com mais facilidade os mundos construídos por seus estudantes. A versão virá com conteúdos específicos, como um mapa baseado no Japão Feudal (usado em aulas sobre poesia nipônica), assim como outros mapas usados para lições de arte ou de química.

De acordo com o diretor de educação da Microsoft Brasil, Antonio Moraes, o recurso que permite que várias pessoas joguem entre si também será aprimorado. “Será possível incluir até 40 jogadores simultâneos trabalhando em um único mundo”, diz.

A Microsoft pretende cobrar uma assinatura mensal no valor de US$ 5 por aluno.

Ao contrário de outros jogos presentes no mercado, as pessoas projetam no MinecraftEdu aquilo que desejam criar. “O jogo trabalha da abstração à realização, então não adianta ter uma ideia se você não conseguir executá-la”, diz o professor de tecnologia educacional do colégio Porto Seguro, de São Paulo, Francisco Tupy, que utiliza o jogo em sala de aula. Um dos destaques do jogo é envolver a pessoa em um mundo virtual em que ela acredita que pode fazer o que quiser. “O jogo explora a autonomia, que dá confiança às crianças”, diz David Britton, presidente executivo da Makers Factory, empresa especializada em treinamentos para uso pedagógico do Minecraft.

Fora da escola

“Quando o conteúdo curricular é trabalhado na escola e no jogo, é possível estender esse aprendizado para a casa do aluno ou para onde ele quiser jogar”, diz Mendes. Um jogador de xadrez, por exemplo, torna-se cada vez melhor à medida que estuda as possibilidades de jogadas. Se o estudante passa mais tempo em contato com uma tarefa no Minecraft, ele vai aprender mais - e, neste caso, também pode se divertir.

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“Quando contamos que vamos usar Minecraft na sala de aula, os alunos ficam muito felizes e ansiosos”, conta Gisela Aquino, professora de história há 20 anos e que começou a utilizar o jogo como ferramenta de aprendizado em janeiro. Até pouco tempo atrás, os alunos construíam maquetes de feudos, mas a atividade deixou de motivar as crianças. “Hoje o aluno é bombardeado por diversas informações que o distraem em sala de aula. Quando ele conhece e tem interesse em um método que introduzimos, aumentamos consideravelmente seu engajamento”, diz o diretor de educação da Microsoft Brasil, Antonio Moraes.

Desafios

No Brasil, ainda é raro encontrar o Minecraft nas salas de aula. Além das limitações de conexão de banda larga no País, o método enfrenta ainda a resistência dos professores em utilizar novas tecnologias. “A possibilidade de perder o controle dentro da sala de aula é um receio muito grande”, diz o professor da Ufop. Além disso, os docentes têm desafios mais imediatos para solucionar, como cumprir a grade curricular.

Ainda assim, aprender a utilizar o Minecraft na escola não tem mistério. “É preciso entender como criar o mundo e quais os botões de movimentar, quebrar e colocar peças. Em menos de uma hora, eu capacito um professor”, diz Tupy.

Embora o Minecraft revele uma nova perspectiva para o ensino, ainda não é possível afirmar que o método melhora a retenção do aprendizado. “As tecnologias oferecem informações de forma mais objetiva e cativantes”, diz Mendes.

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