• Carregando...
 | PATRICK SEEGEREFE
| Foto: PATRICK SEEGEREFE

Durante sua primeira visita ao Brasil, a paquistanesa Malala Yousafzai, ícone global da luta pela educação e igualdade de gênero, afirmou querer fomentar o debate sobre educação de meninas nas eleições brasileiras deste ano e reiterou que o poder sobre os rumos do país não está nas mãos dos políticos.

"O poder está nas mãos das pessoas. Use esse poder e eleja pessoas que vão representá-lo bem", disse. "Os políticos precisam ser lembrados de novo e de novo que eles têm de ouvir as necessidades das pessoas", completou.

LEIA TAMBÉM: Após tiro e prêmio Nobel, Malala vai estudar em Oxford

Segundo ela, a crise econômica e política do país não pode comprometer os objetivos do Plano Nacional de Educação porque o acesso ao conhecimento, segundo ela, estratégico para o desenvolvimento do país. Ela lembrou que cerca de 1,5 milhões de meninas ainda não têm acesso a educação no Brasil.

Histórico

Malala começou a militar aos 11 anos, quando registrava em um blog sua vida sob o regime de terror do Taleban, que proibia garotas de frequentar a escola.

Aos 15 anos, ela foi alvo de um atentado do grupo extremista islâmico que quase lhe tirou a vida. Um taleban invadiu um ônibus procurando por ela, e atirou em sua cabeça, ferindo ainda duas colegas.

No ano seguinte, ainda na cama de um hospital no Reino Unido, fundou com o pai, o educador Ziauddin Yousafzai, o Malala Fund, organização voltada à promoção da educação de meninas no mundo todo, que hoje movimenta US$ 10 milhões ao ano.

"Eles acharam que as balas nos silenciariam, mas falharam. E, do silêncio, surgiram milhares de vozes", discursou nas Nações Unidas poucos meses depois de deixar o hospital, e pouco antes de se tornar a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, em 2014.

A trajetória extraordinária de Malala já foi objeto de livros e documentários e, nesta semana, ganhou um capítulo brasileiro: Malala completará 21 anos durante sua primeira visita ao Brasil, que marcará a expansão das atividades do Malala Fund para a América Latina, onde deve investir US$ 700 mil nos projetos de três jovens ativistas pela educação.

VEJA TAMBÉM: Malala comemora 18 anos com refugiadas sírias

"A minha melhor vingança será educar a todos, inclusive as filhas e irmãs daqueles que me atacaram", brincou ela, durante debate sobre educação e empoderamento feminino promovido pelo Itaú na última segunda-feira (9) em São Paulo.

Luta

Malala hoje frequenta a Universidade Oxford, no Reino Unido, uma das mais importantes instituições educacionais do mundo e explica que, mesmo entre as garotas que chegaram até ali, há certo sentimento de inferioridade.

"Mesmo em Oxford, você vê mulheres inseguras mesmo quando estão certas em contraste com homens superconfiantes, mesmo quando não estão certos."

Durante o evento, Malala falou da importância de envolver os homens na luta por igualdade de gênero. "Meu pai decidiu que seria feminista, mas teve que lutar contra ele mesmo e contra a ideologia que diz que mulheres têm um lugar separado na sociedade, com menos oportunidades", contou.

"O papel de pais e irmãos é muito importante. É uma responsabilidade compartilhada. Para quebrar as barreiras que as mulheres enfrentam, precisamos educar homens e meninos. Eles precisam perceber que igualdade entre os gêneros é boa para todos, gerando mais oportunidades de trabalho e criando ambientes mais seguros e prósperos", concluiu.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]