• Carregando...
Readaptação: a técnica de enfermagem Ana Paula Oliveira já sabe que o filho Henrique, 6 anos, faz de tudo para adiar a hora de se arrumar para a escola: garoto arruma desculpas para não se arrumar | Hedeson Alves / Gazeta do Povo
Readaptação: a técnica de enfermagem Ana Paula Oliveira já sabe que o filho Henrique, 6 anos, faz de tudo para adiar a hora de se arrumar para a escola: garoto arruma desculpas para não se arrumar| Foto: Hedeson Alves / Gazeta do Povo

Para não se atrapalhar

Vários itens devem ser verificados antes de o filho entrar pelo portão do colégio. Confira se não há algo passando despercebido:

- Uniforme: verifique o número de peças em bom estado. Se a escola não exigir uniforme, separe roupas confortáveis que possam ser expostas ao dia a dia escolar, enfrentando tinta, tombos, lama e outros desafios.

- Lancheira: potes, copos e garrafinhas devem estar todos etiquetados com o nome do aluno. Mantenha pelo menos três itens de cada em casa.

- Material escolar: quanto antes comprar, melhor. Pesquise preços, mas evite o cansaço de dividir a compra em muitas lojas. Tudo deve ser etiquetado, do lápis aos cadernos e mochila.

- Transporte: o preço não deve ser fator decisivo na hora de escolher quem irá transportar os pequenos durante a semana. Antes de fechar o contrato, confira se o motorista é profissional, se o veículo é autorizado pela Urbanização Curitiba S/A (Urbs) e se todos os assentos estão em bom estado e têm cinto de segurança. O ideal é haver um monitor acompanhando o trajeto.

- Reunião: a primeira reunião de pais na escola é o momento adequado para conhecer a professora e passar a ela toda e qualquer informação pertinente sobre o seu filho, seja com relação a alguma dificuldade de aprendizado ou comportamento. Aproveite também para trocar contatos com os outros pais.

- Rotina: a rotina escolar pede mudanças de hábitos, comece já. Veja o que pode adiantar para minimizar o sofrimento nas primeiras semanas de aula.

- Preparo psicológico: não use expressões que colocam a escola como algo negativo. Dizer: "Sua folga já vai acabar" ou "não aguento mais essa bagunça, ainda bem que as aulas já vão começar" pode confundir as crianças.

  • A primeira preocupação de Caroline Costa com a volta dos filhos Pedro e Sarah (no meio) às aulas é com o transporte escolar

No Paraná, quase 3 milhões de alunos se preparam para o início das aulas, período marcado por ansiedade e que pede planejamento para que o ano letivo comece livre de correrias. Com dois filhos, Pedro, 6 anos, e Sarah, 8, em uma escola municipal, e um bebê em casa, a ma­­quiadora profissional Caroline Ramos Costa, 30 anos, percebe o correr dos ponteiros do relógio. A maior preocupação para os próximos dias é a definição do transporte escolar. "Fico em casa com o Ângelo, que tem 11 meses, mas os outros dois irão para a escola em períodos diferentes", diz. "Terei de contratar uma empresa de transporte, ou ficarei o dia todo em função de levar e buscar as crianças." Caroline conta que também falta comprar o material escolar, mas que já começou a calcular os preços.

Nessa hora, os filhos também podem participar. Segundo a psicopedagoga Priscilla Santana Van Kan, diretora da Clinivida, os pais podem ajudar os filhos na escolha dos materiais e orientá-los na organização dos objetos que serão usados na aula, incluindo o uniforme escolar. "Isso pode evitar contratempos, atrasos e inconvenientes, como, já durante as aulas, ter de voltar em casa para buscar algo esquecido."

Envolver crianças e adolescentes nos preparativos para a escola pode otimizar o tempo da família, mas também ajuda os pequenos a se tornarem mais confiantes e independentes. Priscilla também ressalta os benefícios de ensinar o filho a dividir o próprio tempo, o que pode começar antes das aulas. "É importante estipular um tempo para todas as atividades, como descanso, video game, estudar, assistir televisão, praticar esportes e demais atividades. A definição de horários promove a disciplina da criança, que mais tarde se tornará um adulto organizado e responsável", diz.

Nesse sentido, a tática de Caroline já tem dado certo com os dois filhos maiores, que, mesmo em férias, mantêm a mesma rotina. "O horário de dormir é o mesmo. Fazemos isso para eles não estranharem muito depois", conta. No caso de famílias em que o período de férias significa dormir tarde e acordar mais tarde ainda, a psicóloga Fernanda Roche, coordenadora do Espaço de Desen­­volvimento Criança em Foco, avisa que a volta aos eixos deve acontecer ao menos duas semanas antes do retorno à escola. "Esse período é importante para adaptar o ritmo biológico e emocional da criança", afirma.

Paciência

A técnica em enfermagem Ana Paula Oliveira, 31 anos, deixa o filho Henrique, 6 anos, livre para curtir o tempo longe das aulas, e já sabe que vai precisar de uma dose extra de paciência com a volta do menino à escola. Assim que ela o chama para levantar e se arrumar começa o show da enrolação. "Ele não quer ficar quieto, fica pulando de um lado para o outro e sempre arrumando desculpas para adiar esse momento", conta. Acostumado a acordar na hora do almoço, Henrique já está sendo preparado pela mãe para a mu­­dança de hábito. Dorme e acorda mais cedo para poder almoçar com tranquilidade e estar na escola em seguida, e sem atrasos, ao contrário do que acontecia durante o ano passado. "Ele vai para o primeiro ano, e não pode mais chegar depois do horário. Apesar de ele ser uma criança tranquila, quero ver qual será a sua reação nos primeiros dias de aula", diz.

Lancheira deve ter alimentos saudáveis

Nem sempre os hábitos alimentares que os filhos adquirem nas férias podem acompanhar a lancheira. A informalidade do período longe da escola e as mudanças de ambiente são propícias para que as guloseimas sejam incluídas no cardápio. "Existe aquela tendência a agitação em jovens que consomem muito açúcar e, para muitos, as férias permitem mais refrigerantes, doces e outros alimentos pouco nutritivos. Por isso, ao menos uma semana antes das aulas é importante acostumar o organismo a um ritmo mais tranquilo, com alimentos mais saudáveis", orienta a nutricionista clínica Marina Franco Basy.

O cumprimento das cinco ou seis refeições diárias recomendadas também deve ser observado. Ao ajudar o filho a acordar mais cedo – e não quase na hora do almoço – os pais devem ajudá-lo a respeitar o café da manhã e a refeição que equivale à da hora do lanche na escola. Envolver a criança com o preparo dos alimentos e sentar-se com ela durante as refeições sempre que for possível fazem uma grande diferença, segundo a nutricionista. "A alimentação dos pais é o espelho dos filhos. Sem a presença e o exemplo da família, a criança não se alimenta direito." Se o tempo está passando e o filho não mostra apetite, é preciso paciência. O estresse e a correria prejudicam a mastigação, tiram o prazer da alimentação e do escasso tempo passado em família.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]