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A obsessão de pais e educadores em fazer com que as crianças aprendam cada vez mais rápido e de forma precoce – preocupação que em si não é ruim – pode fazer com que eles criem uma série de estímulos que, ao invés de permitir o desenvolvimento das capacidades cognitivas, façam dos pequenos meros reprodutores de práticas e regras. O alerta foi dado em um artigo no The New York Times por Alison Gopnik, professora de psicologia e especialista em ciência do desenvolvimento.

Para Gopnik, pais consomem aplicativos e livros que ensinam técnicas de como ensinar os filhos pequenos ao invés de adotar métodos muito mais eficazes e que têm sido cada vez mais comprovados pela ciência: estar com os filhos, jogar com eles, deixar que observem as tarefas normais do dia a dia e, por meio de brincadeiras, permitir que apliquem seus conhecimentos. Os mais recentes estudos, escreve a especialista, mostram que os cérebros das crianças são projetados para aprender com a simples observação e funcionam de uma forma extremamente sensível.

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No texto, a pesquisadora descreve diversos experimentos científicos com resultados afinados a esse discurso, em que as crianças são naturalmente levadas a imitar e também a criar a partir da experiência vivida. Quando a instrução é explícita – “eu vou te mostrar como funciona esse brinquedo”, com regras descritas em seguida, ao invés de “como será que funciona esse brinquedo?”, deixando que as crianças o explorem –, as crianças se limitam apenas a imitar o que foi dito, e não inventam suas próprias soluções. Por outro lado, se elas têm tempo para investigar elas mesmas, agem como um cientista que faz experiências.

Em um dos estudos, um pesquisador, diante de crianças de quatro anos, fez um pequeno teatro com um brinquedo de multifunções. Ele falou em voz alta: “Hummm, vamos ver como funciona esse brinquedo”. Em seguida, ele fez nove séries de ações diferentes para as quais o aparato oferecia diferentes respostas, como soar uma música ou acender uma luz, e às vezes não fazia nada. Depois, pediu às crianças para reproduzir uma música. Rapidamente as crianças acertaram os controles para soar a música, sem reproduzir todos os gestos, de formas diferentes. Em outras palavras, as crianças não copiam sem pensar, elas avaliam a ação e a categorizam.

Em outro laboratório, repetiu-se a experiência, mas o pesquisador começou dizendo: “vou mostrar como isso funciona”. As crianças se limitaram a imitar o que viram, mas sem criar variações.

As pesquisas mostram, diz Gopnik, o que a maioria dos professores de pré-escola sempre souberam intuitivamente. “Se queremos incentivar a aprendizagem, inovação e criatividade, devemos amar nossos filhos, cuidar deles, falar com eles, deixá-los jogar e deixá-los ver como nós atuamos na vida diária. Não temos de fazer as crianças aprenderem, nós apenas temos de deixá-las aprender.”

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