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Alunos do terceiro ano do ensino médio assistem à aula de Espanhol no Colégio Francisco Zardo, em Santa Felicidade | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Alunos do terceiro ano do ensino médio assistem à aula de Espanhol no Colégio Francisco Zardo, em Santa Felicidade| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

Integração latina passa pela escola

A língua espanhola é realidade para 20 mil alunos da rede pública estadual, com aulas fora do horário convencional. Em 300 Centros de Língua Estrangeira Moderna (Celem) mantidos pelo governo do Paraná são oferecidos oito idiomas. Mas foi a política da atual gestão que levou à produção do programa "Habla América" - cujo propósito é integrar os países da América Latina.

Trata-se de uma série de 15 programas feitos em parceria com TV Paulo Freire, da Secretaria de Estado da Educação e com a televisão Venezuelana Telesur. O projeto será transmitido pela TV Paulo Freire, com sinal via satélite para todas as escolas da rede estadual, e também entra no ar pela TV Educativa. A diferença é que nas escolas poderá ser usado como material didático complementar em sala de aula.

Os programas abordam a história, a cultura e costumes dos sete países percorridos por Simón Bolívar e San Martín na rota de libertação da América Latina: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Os conteúdos foram desenvolvidos pelo Centro de Línguas da Universidade Federal do Paraná.

Segundo a diretora de Tecnologia Educacional da Secretaria de Estado da Educação, Elizabete dos Santos, a produção levou mais de um ano. "Tínhamos de esperar a captação das imagens dos países que eram feitas pela Telesur", diz. Um programa semelhante, o "Fala América", em português, está sendo produzido para ser transmitido nos países latinos. "O fato do Brasil ter um idioma diferente de outros países da América do Sul não é motivo para o distanciamento entre as nações vizinhas. São países com histórias de construção muito parecidas", diz Elizabete. (TD)

Qual o melhor idioma para figurar no currículo escolar? Para o governo federal é a língua espanhola. Tanto que as instituições públicas e particulares têm até agosto do ano que vem para se adequar a uma lei federal aprovada há cinco anos que obriga a oferta do espanhol no ensino médio. Segundo a Secretaria de Estado de Educação, das 1.225 escolas de ensino médio mantidas pelo governo do Paraná, 110 já oferecem a língua espanhola na matriz curricular.

De acordo com a nova lei, a rede particular terá a opção de oferecer o espanhol nos horários normais de aula ou em centros de estudos de língua moderna. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, no artigo 26, parágrafo 5º, torna obrigatório o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna a partir da 5ª série do ensino fundamental. A mesma lei dá a opção para as comunidades escolares escolherem o idioma que irá fazer parte do currículo.

Na opinião da chefe do departamento da Educação Básica da Secretaria de Estado da Educação, Mary Lane Hutner, com as duas leis não fica claro qual a postura a ser tomada no futuro e por isso deve ser feita uma consulta ao Conselho Estadual de Educação. Mary Lane ressalta que há escolas no município de Irati, por exemplo, que optaram pelo ucraniano, por uma questão da forte imigração da Ucrânia no local. Já em Foz do Iguaçu, as 46 escolas da rede estadual oferecem o espanhol como língua estrangeira moderna. A cidade está na região de fronteira. "Cada comunidade acaba escolhendo a língua que tem mais a ver com sua realidade", diz.

Independentemente da questão legal, o esforço do governo do estado é colocar o espanhol em todas as escolas da rede em 2010. Para isso, 450 professores da disciplina foram chamados no final de 2008. "A ideia é disseminar o espanhol. Não é fácil porque existe um corporativismo no inglês. Além do mais, em algumas cidades não há professores de espanhol. Mas é uma questão de organização e adequação", afirma Mary Lane.

De acordo com o presidente do Conselho Estadual do Paraná, Romeu Gomes de Miranda, o Conselho Nacional já orientou as escolas sobre a autonomia que possuem para a implantação da oferta da língua espanhola. "Não há conflito em termos de legislação. As comunidades continuam fazendo sua opção com a diferença de que o espanhol as mantenedoras são obrigadas a ofertar", diz.

No Colégio Estadual Francisco Zardo, em Santa Felicidade, os alunos do ensino médio optaram pelo inglês e espanhol. A língua inglesa faz parte do dia-a-dia dos estudantes de 1º e 2º ano. Já a espanhola é estudada pelos alunos do 3º ano. Para a professora de Espanhol Estefânia Maria Dias é importante que a língua espanhola tenha oferta obrigatória nas escolas públicas. "O ensino da língua estrangeira ainda é muito elitizado. Um curso de idioma tem um custo que os alunos de escola pública muitas vezes não podem arcar", diz.

Por que o espanhol?

A escolha do espanhol como oferta obrigatória para o currículo do ensino médio no Brasil se deu por questões políticas. Essa é a opinião da professora Rosane Mello Santos Nicola, do curso de Letras da PUCPR e coordenadora científica do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação das Escolas Dom Bosco. "A escolha significa o fortalecimento político de países que tentam a unificação das Américas", diz. Nas escolas Dom Bosco o ensino do espanhol está na grade curricular do ensino médio desde o ano de 2000 e o inglês não é deixado de lado.

Começa, inclusive, desde cedo. Um software utilizado para estrangeiros aprenderem o inglês em solo norte-americano foi trazido para a sala de aula. Os pequeninos de 1ª a 5ª série têm contato diário com a língua. Para a Rosane Nicola, não adianta colocar o ensino de línguas apenas no fim do currículo da educação básica. "O estudante acaba tendo contato com o idioma, mas não tem proficiência. Isso ocorre mais naturalmente na fase de alfabetização. O estudo tem de começar mais cedo", diz.

Nas escolas Positivo, a língua espanhola é oferecida para os alunos pelo Centro de Línguas. De acordo com o diretor do Centro, Luiz Fernando Schibelbain, a instituição ainda não decidiu se vai incorporar a oferta da língua espanhola ao currículo ou oferecer no contraturno escolar. "Não queremos que o inglês sofra redução de carga horária para outras disciplinas", diz. "Nossos alunos terminam o ensino fundamental e vão participar de exames internacionais", diz.

Sobre a importância de qual idioma é o mais importante, o professor hesita. "Quanto mais possibilidades o estudante tiver de conhecer e dominar é melhor. Mas o inglês é língua de entrada", diz.

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