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R$ 1.748 é o salário pago aos professores do Paraná com ensino superior para uma jornada de 40 horas. Os docentes querem que o reajuste de 22,22% aplicado ao piso nacional seja estendido às demais faixas salariais | Diego Pisante/ Gazeta do Povo
R$ 1.748 é o salário pago aos professores do Paraná com ensino superior para uma jornada de 40 horas. Os docentes querem que o reajuste de 22,22% aplicado ao piso nacional seja estendido às demais faixas salariais| Foto: Diego Pisante/ Gazeta do Povo

Acordo

Docentes de Curitiba suspendem paralisação

Os professores de escolas municipais de Curitiba suspenderam a greve iniciada na quarta-feira. Em assembleia realizada no Sindicato do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), os manifestantes decidiram esperar o resultado de outras duas mesas de negociação com a prefeitura que serão realizadas amanhã e na próxima quarta-feira.

"No dia 21, faremos uma última reunião com a prefeitura sobre o reajuste salarial. Até lá estamos em ‘estado de greve’. Depois desse encontro, levaremos as propostas apresentadas a uma assembleia para chegar a uma decisão final", explicou Gabriel Conte, um dos diretores do Sismmac.

No segundo dia de protestos, 36% dos 9,6 mil docentes de escolas de ensino fundamental não foram trabalhar. Já nas instituições de educação infantil, apenas 35 professores aderiram à greve e quatro das 183 Centros Municipais de Educação Infantil fecharam, segundo a prefeitura.

Os professores querem que o piso salarial de R$ 1.199,64 pago pela prefeitura a docentes com curso superior em uma jornada de 20 horas seja aumentado para R$ 1.800. A prefeitura anunciou em 29 de fevereiro que vai aumentar esse valor para R$ 1.319,90, mas os sindicalistas consideram o reajuste insuficiente. (DD)

Os professores do Paraná se uniram ontem ao movimento nacional em defesa do piso salarial do magistério fixado em R$ 1.451 pelo Ministério da Educação (MEC) para profissionais com ensino médio e jornada de 40 ho­­ras. Segundo a Confederação Na­­cional dos Trabalhadores em Edu­­­­cação (CNTE), as paralisações iniciadas na quarta-feira e previstas para terminar hoje ocorreram em 25 estados. Aproximadamen­­te 1,3 milhão de alunos da rede es­­­­­tadual de ensino no Paraná fi­­ca­­ram sem aulas por causa da greve. Ho­­je, as escolas do estado voltam a funcionar normalmente.

Em Curitiba, apesar da chuva, uma passeata reuniu 6 mil pessoas. Os manifestantes caminharam até o Palácio Iguaçu, onde foram recebidos pelo secretário de Educação do Paraná e vice-governador Flávio Arns. Ele recebeu as reivindicações do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) e se comprometeu a apresentar respostas aos pedidos até o próximo dia 27.

No Paraná, professores com curso superior recebem R$ 1.748,06 para uma jornada de 40 horas. O piso oficial para quem tem apenas ensino médio é de R$ 1.233,62, mas, como não há concurso no Estado para esse plano de carreira há mais de 20 anos, nenhum professor recebe mais esse salário, segundo a Secretaria de Educação. Mesmo assim, a APP quer que o governo adote o reajuste de 22,22% aplicado ao piso nacional a todos os docentes.

Os professores no Paraná também pedem que um terço do tempo de trabalho possa ser utilizado na preparação e pesquisa para a elaboração das aulas, como está previsto na Lei do Magistério – hoje o porcentual do estado é de apenas 20%. Os manifestantes exigem ainda melhorias no atendimento do Serviço de Assistência à Saúde (SAS), mudanças no plano de cargos e salários e que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) sejam investidos em educação.

Manifestantes

Acampada em frente ao Palácio Iguaçu desde ontem, a professora de Geografia Irene Grockotzki, 50 anos, disse que um dia de greve é pouco. "A gente tinha de continuar com essa mobilização. O governo já sabe o que a gente quer e esperar mais ainda é perda de tempo", reclamou, ao lado dos sete cartazes que produziu para a manifestação. Um deles criticava o ensino integral, dizendo que o turno integral desafia a lei da Física. "Temos alunos de dois turnos ocupando o mesmo espaço, tem gente tendo aula em cantina, em corredor, sem falar que nem cancha coberta nós temos no Jardim Karla, em Pinhais", acrescentou.

Já a professora aposentada e integrante da APP-Sindicato, Maria Adelaide Mazza Correia, pensa que o momento é de paciência. "Nossas questões estão sendo trabalhadas e temos de ter jogo de cintura, pois assim estamos avançando", disse.

"MEC precisa ser mais ativo", diz secretário

Diante do levantamento da Asso­ciação dos Municípios do Paraná (AMP), divulgado na quarta-feira, que mostrou que 65% das prefeituras do estado não conseguem pa­­gar o piso nacional do magistério, o secretário de Educação e vice-go­­vernador Flávio Arns afirmou que falta ao Ministério da Educação (MEC) maior comprometimento com a questão.

"O MEC está muito alheio e omisso e tem de ser mais ativo nesse processo, porque é um debate na­­cional com estados e municípios", afirmou. Arns disse ter discutido o assunto com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, com quem se encontrou durante uma reunião do Conselho Nacio­nal dos Secretários de Educação em Natal (RN), na semana passada.

O vice-governador disse que fo­­ram apresentadas ao ministro ideias de como mais recursos da União podem ser destinados à educação. "O Brasil arrecada impostos e contribuições, mas só se dividem os impostos com estados e municípios e as contribuições ficam com o governo federal. Pedimos 10% dessa arrecadação para a educação para o Brasil inteiro e a melhora do Fundeb", disse.

Sobre a paralisação dos professores no Paraná, Arns afirmou que o governo precisa estudar a melhor forma de atender as reivindicações dos professores, não só em relação ao reajuste salarial, mas também sobre outras questões, como o plano de saúde dos professores e a hora-atividade.

"Entendemos que o atendimento à saúde do professor tem de ser de qualidade. Alcançar o previsto em lei para a hora-atividade também é importante. O professor deve ter horário livre para corrigir provas, fazer cursos, conversar com alunos e pais. No Paraná já temos no mínimo 20% de horas para os professores fora de sala, a lei diz que tem de ser um terço, 33%, então estamos discutindo co­­mo aplicar", disse.

Arns também acredita que a convocação de 2.047 professores, além dos 9,5 mil que foram chamados há um mês, irá ajudar a resolver esse problema.

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