Acordo
Docentes de Curitiba suspendem paralisação
Os professores de escolas municipais de Curitiba suspenderam a greve iniciada na quarta-feira. Em assembleia realizada no Sindicato do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), os manifestantes decidiram esperar o resultado de outras duas mesas de negociação com a prefeitura que serão realizadas amanhã e na próxima quarta-feira.
"No dia 21, faremos uma última reunião com a prefeitura sobre o reajuste salarial. Até lá estamos em estado de greve. Depois desse encontro, levaremos as propostas apresentadas a uma assembleia para chegar a uma decisão final", explicou Gabriel Conte, um dos diretores do Sismmac.
No segundo dia de protestos, 36% dos 9,6 mil docentes de escolas de ensino fundamental não foram trabalhar. Já nas instituições de educação infantil, apenas 35 professores aderiram à greve e quatro das 183 Centros Municipais de Educação Infantil fecharam, segundo a prefeitura.
Os professores querem que o piso salarial de R$ 1.199,64 pago pela prefeitura a docentes com curso superior em uma jornada de 20 horas seja aumentado para R$ 1.800. A prefeitura anunciou em 29 de fevereiro que vai aumentar esse valor para R$ 1.319,90, mas os sindicalistas consideram o reajuste insuficiente. (DD)
Os professores do Paraná se uniram ontem ao movimento nacional em defesa do piso salarial do magistério fixado em R$ 1.451 pelo Ministério da Educação (MEC) para profissionais com ensino médio e jornada de 40 horas. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), as paralisações iniciadas na quarta-feira e previstas para terminar hoje ocorreram em 25 estados. Aproximadamente 1,3 milhão de alunos da rede estadual de ensino no Paraná ficaram sem aulas por causa da greve. Hoje, as escolas do estado voltam a funcionar normalmente.
Em Curitiba, apesar da chuva, uma passeata reuniu 6 mil pessoas. Os manifestantes caminharam até o Palácio Iguaçu, onde foram recebidos pelo secretário de Educação do Paraná e vice-governador Flávio Arns. Ele recebeu as reivindicações do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) e se comprometeu a apresentar respostas aos pedidos até o próximo dia 27.
No Paraná, professores com curso superior recebem R$ 1.748,06 para uma jornada de 40 horas. O piso oficial para quem tem apenas ensino médio é de R$ 1.233,62, mas, como não há concurso no Estado para esse plano de carreira há mais de 20 anos, nenhum professor recebe mais esse salário, segundo a Secretaria de Educação. Mesmo assim, a APP quer que o governo adote o reajuste de 22,22% aplicado ao piso nacional a todos os docentes.
Os professores no Paraná também pedem que um terço do tempo de trabalho possa ser utilizado na preparação e pesquisa para a elaboração das aulas, como está previsto na Lei do Magistério hoje o porcentual do estado é de apenas 20%. Os manifestantes exigem ainda melhorias no atendimento do Serviço de Assistência à Saúde (SAS), mudanças no plano de cargos e salários e que 10% do Produto Interno Bruto (PIB) sejam investidos em educação.
Manifestantes
Acampada em frente ao Palácio Iguaçu desde ontem, a professora de Geografia Irene Grockotzki, 50 anos, disse que um dia de greve é pouco. "A gente tinha de continuar com essa mobilização. O governo já sabe o que a gente quer e esperar mais ainda é perda de tempo", reclamou, ao lado dos sete cartazes que produziu para a manifestação. Um deles criticava o ensino integral, dizendo que o turno integral desafia a lei da Física. "Temos alunos de dois turnos ocupando o mesmo espaço, tem gente tendo aula em cantina, em corredor, sem falar que nem cancha coberta nós temos no Jardim Karla, em Pinhais", acrescentou.
Já a professora aposentada e integrante da APP-Sindicato, Maria Adelaide Mazza Correia, pensa que o momento é de paciência. "Nossas questões estão sendo trabalhadas e temos de ter jogo de cintura, pois assim estamos avançando", disse.
"MEC precisa ser mais ativo", diz secretário
Diante do levantamento da Associação dos Municípios do Paraná (AMP), divulgado na quarta-feira, que mostrou que 65% das prefeituras do estado não conseguem pagar o piso nacional do magistério, o secretário de Educação e vice-governador Flávio Arns afirmou que falta ao Ministério da Educação (MEC) maior comprometimento com a questão.
"O MEC está muito alheio e omisso e tem de ser mais ativo nesse processo, porque é um debate nacional com estados e municípios", afirmou. Arns disse ter discutido o assunto com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, com quem se encontrou durante uma reunião do Conselho Nacional dos Secretários de Educação em Natal (RN), na semana passada.
O vice-governador disse que foram apresentadas ao ministro ideias de como mais recursos da União podem ser destinados à educação. "O Brasil arrecada impostos e contribuições, mas só se dividem os impostos com estados e municípios e as contribuições ficam com o governo federal. Pedimos 10% dessa arrecadação para a educação para o Brasil inteiro e a melhora do Fundeb", disse.
Sobre a paralisação dos professores no Paraná, Arns afirmou que o governo precisa estudar a melhor forma de atender as reivindicações dos professores, não só em relação ao reajuste salarial, mas também sobre outras questões, como o plano de saúde dos professores e a hora-atividade.
"Entendemos que o atendimento à saúde do professor tem de ser de qualidade. Alcançar o previsto em lei para a hora-atividade também é importante. O professor deve ter horário livre para corrigir provas, fazer cursos, conversar com alunos e pais. No Paraná já temos no mínimo 20% de horas para os professores fora de sala, a lei diz que tem de ser um terço, 33%, então estamos discutindo como aplicar", disse.
Arns também acredita que a convocação de 2.047 professores, além dos 9,5 mil que foram chamados há um mês, irá ajudar a resolver esse problema.
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