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Projeto de pesquisa é etapa essencial no processo acadêmico | Calvinius
Projeto de pesquisa é etapa essencial no processo acadêmico| Foto: Calvinius

Vira e mexe, na vida acadêmica, o estudante é solicitado a elaborar um projeto de pesquisa. Seja para iniciar o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), conseguir uma bolsa de pesquisa científica, ingressar numa pós-graduação, seja para conseguir liberação no trabalho para um período de estudo, por exemplo, sempre é necessário apresentar o projeto de pesquisa, também chamado de pré-projeto ou anteprojeto. E como produzir esse documento? 

Antes de tudo, o tema

O primeiro passo é definir o tema de pesquisa. Para isso, você pode contar com a ajuda de um professor ou escolher um problema vivenciado na empresa em que trabalha, por exemplo. O ideal é que o estudante tenha certa familiaridade com o tema escolhido, já que uma pesquisa exige tempo e dedicação. É desejável ter afinidade com o que será estudado. 

Para conhecer o tema de alguns projetos de pesquisas que estão sendo feitos atualmente, você pode consultar o site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do endereço http://cnpq.br/projetos-pesquisa

Aliás, é sempre bom estar atento ao site do CNPq, porque o órgão concede diversas bolsas de estudo no exterior ou de realização de pesquisas e as chamadas públicas para essas seleções sempre são publicadas no portal, na parte de Bolsas e Auxílios > Chamadas > Abertas. 

Tema selecionado, é hora de colocar o projeto no papel. Cada edital de seleção traz as especificidades que devem constar no projeto de pesquisa. Por isso, é muito importante ler com atenção as regras do programa a que o estudante pretende se inscrever. Mas, basicamente, um projeto de pesquisa deve conter: introdução, justificativa, objetivos, referencial teórico, metodologia e bibliografia. 

No papel

1 – Introdução 

É a descrição geral do tema: uma contextualização do cenário em que o objeto de pesquisa está inserido. Neste momento, o autor deve expor o problema que deseja investigar, de maneira clara e objetiva. 

2 – Justificativa 

Porque a realização deste trabalho é importante? Como ele pode contribuir para o tema em estudo? Quais os motivos que levam o estudante a realizar este trabalho científico? A resposta a essas perguntas compõem a justificativa do projeto. Ela é uma parte crucial do projeto, já que demonstra a relevância da proposta. 

3 – Objetivos 

Quais são os resultados que se espera com esse projeto de pesquisa? Em geral, os objetivos são divididos em objetivo geral e objetivos específicos. 

Objetivo Geral 

O objetivo geral é o resultado mais amplo que se pretende obter ao final do projeto. Para a formulação desse objetivo, indica-se a utilização de verbos no infinitivo como: conhecer, compreender, revelar, analisar, demonstrar, entender. 

Exemplo de formulação de objetivo geral: Compreender como as notícias de violência são recebidas pelas crianças que moram em regiões violentas do Distrito Federal e de que forma o consumo dessas notícias afeta seu estado emocional. 

Objetivos específicos 

Os objetivos específicos são um detalhamento do objetivo geral. Quais resultados da pesquisa levarão ao objetivo geral? Eles podem ser formulados em tópicos e também devem ser expressos por verbos no infinitivo. 

Exemplo de formulação de objetivos específicos: 

• Verificar se as crianças têm acesso às notícias de violência 

• Identificar por quais meios as crianças têm acesso às notícias 

• Observar se as crianças têm companhia de adultos durante o consumo das notícias 

• Identificar o estado emocional das crianças que vivem na região de violência 

• Revelar a diferença entre o estado emocional das crianças antes e depois do consumo de notícias de violência 

4 – Referencial Teórico

Neste momento, o estudante deve mostrar o que sabe sobre o tema que será estudado, quais as teorias sobre o assunto que levaram à definição do tema de pesquisa. É uma revisão da literatura existente sobre o tema. 

Como ainda se trata de um projeto, não precisa ser nada tão profundo, mas deve sinalizar que o pesquisador conhece os autores que têm estudado o assunto e quais são os principais conceitos relacionados ao tema. 

5 – Metodologia 

Também chamada de Método ou Procedimentos metodológicos, essa parte sinaliza quais serão as técnicas de pesquisa utilizadas no trabalho. Como serão coletados os dados? Será feita uma pesquisa bibliográfica? Serão utilizados dados secundários ou primários? Será aplicado questionário ou pesquisa em profundidade? Será realizado um experimento? Esse experimento terá quais varáveis controladas? 

Basicamente, este é o momento em que se descreve como o projeto será realizado na prática. 

6 – Bibliografia 

Na última parte, o estudante listar as referências utilizadas no projeto, em forma de tópicos e seguindo as regras da ABNT. 

Recomendações gerais 

• Olho no edital! Para algumas seleções, pode ser exigido que o projeto tenha outros elementos, como cronograma e custos, por exemplo. Nunca deixe de conferir o que diz o edital de seleção ou as orientações do professor. 

• Lembre-se que se trata de um documento científico, portanto, a linguagem utilizada deve ser culta, objetiva e imparcial. Não se deve fazer uso de verbos em primeira pessoa, como “eu acho”, “eu vou”, “iremos”. 

• Não encha linguiça. Observe que a maioria dos editais sinaliza o limite do número de linhas, caracteres ou páginas para cada parte do projeto. Limite-se ao estabelecido. O projeto será lido por uma banca junto a outros inúmeros projetos. Seja objetivo! 

• Revise várias vezes! O descuido com o português pode ser entendido como descomprometimento do pesquisador. Se você não está seguro, peça para outras pessoas revisarem o texto antes de submetê-lo à avaliação. 

• Utilize as regras da ABNT. Elas são exigidas na maior parte dos editais, mas, mesmo que não sejam mencionadas, é desejável que o projeto esteja formatado com base nelas, pois mostra aos examinadores que o pesquisador está familiarizado com as regras do texto científico. 

ABNT, um caso à parte

Formatar o trabalho de acordo com as regras da ABNT é o pesadelo de muitos estudantes. A norma padroniza a organização e a apresentação das informações de projetos acadêmicos, sendo exigida pela maioria dos professores, instituições, publicações e congressos. Por isso, dominá-la é muito importante para o sucesso na vida acadêmica. A boa notícia é que ela está longe de ser um bicho de sete cabeças! 

Célio da Cunha, professor do Departamento de Métodos e Técnicas da UnB e da pós-graduação em Educação da UCB, avalia que utilizar as regras da ABNT tem vários benefícios. Entre eles, assegurar maior credibilidade ao trabalho. “Elas protegem o direito à autoria e asseguram a coerência e a formatação do texto, além de indicarem as fontes utilizadas. Com base nas fontes utilizadas e como elas aparecem no texto, pode-se avaliar a qualidade de um determinado trabalho. Além disso, ele tem maior possibilidade de ser aceito e consultado por outras pessoas”, defende. 

Para facilitar, o professor sugere que os estudantes já iniciem a produção do texto seguindo as regras da ABNT. “Deixar para o final pode levar ao esquecimento de uma fonte ou de páginas do trabalho consultado. A simultaneidade facilita o desenvolvimento do trabalho”, orienta Célio. 

Se você tem dificuldades quanto às regras da ABNT, pode conferir esta matéria da Gazeta do Povo, com a explicação detalhada de como cada elemento deve ser formatado. 

A tecnologia pode dar uma mãozinha

Formatar um trabalho seguindo as regras da ABNT, na verdade, não tem mistério. Mas para que essa tarefa se torne ainda mais fácil, os estudantes podem contar atualmente com diversas ferramentas tecnológicas, que oferecem funcionalidades muito práticas, como o site gratuito Menthor, específico para referências; a plataforma Mettzer, o projeto FastFormat, entre outros. Até os softwares de edição de texto já possuem funcionalidades para auxiliar nessa formatação. 

De acordo com Bruno Melo, um dos fundadores da plataforma FastFormat, lançada em julho de 2015, o interesse por esse tipo de ferramenta vem crescendo. “Temos mais de 430 mil usuários cadastrados de vários países. No Brasil, a popularidade da ferramenta atinge todas as capitais e várias cidades do interior”, revela o empreendedor. Segundo ele, mais de 520 mil documentos já foram criados na plataforma, sendo que 40% são das áreas de ciências humanas e ciências sociais aplicadas e 60%, das áreas de saúde, engenharias, entre outras. 

Para o professor Célio da Cunha, a tecnologia realmente pode ajudar os estudantes. “Existem inúmeras ferramentas disponíveis, que constituem auxilio valioso para a produção de um artigo, monografia, dissertação ou tese de doutorado. O conhecimento dessas ferramentas contribui para abreviar o tempo e proporcionar o uso de múltiplas fontes”, destaca. 

O pesquisador pontua, entretanto, que também seria importante que os alunos se aproximassem das normas e padrões científicos mais cedo e não apenas no ensino superior. ”Desde a escola básica é necessário zelar pela educação científica de crianças e adolescentes, iniciando-os na pesquisa e desenvolvendo a competência para a aquisição e produção organizada do conhecimento”, conclui.

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