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Polarização política pode enfraquecer as universidades, alertam reitores

Em evento, dirigentes de instituições de ensino superior brasileiras afirmaram temer uma maior redução nos investimentos do governo em pesquisa científica

Reitores lembram que a pesquisa científica é um dos fatores de desenvolvimento de um país | Peter IliccievFiocruz Imagens
Reitores lembram que a pesquisa científica é um dos fatores de desenvolvimento de um país (Foto: Peter IliccievFiocruz Imagens)

Enquanto especialistas tentam provocar as candidaturas ao colocar o tema da educação como prioridade em seus planos de governo e campanhas eleitorais, o reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Marcelo Knobel, teme que, com o atual cenário político, as eleições possam ter um efeito inverso. 

A polarização política poderia, segundo ele, reforçar ideias que enfraquecem a universidade e a pesquisa. "Precisamos de mais investimento em ciência, tecnologia, permanência estudantil. Mas temos o risco de termos uma discussão eleitoral muito rasa", diz ele. "Sem universidade pública forte o país não tem futuro", completa.

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Knobel é um dos mais de cem reitores de instituições brasileiras que respondem por uma espécie de carta com sete princípios da Educação Superior no Brasil, lançada na última segunda-feira (21), em Salamanca, na Espanha. A iniciativa foi realizada durante o IV Encontro de Reitores Universia, promovido pelo banco Santander.

Os reitores fazem parte de uma rede facilitada pela Universia. A ideia é que o documento sirva de norteador para os debates dentro das universidades, mas também ganhe espaço no debate público. Os sete princípios são excelência acadêmica, professores e metodologia, responsabilidade social, políticas integradas (de cooperação entre instituições), financiamento (que envolve governança e também financiamento estudantil), redução da evasão e promoção da inclusão e emprego, empreendedorismo e inovação.

Knobel ressalta o impacto que o financiamento à pesquisa tem sofrido na esteira dos cortes no orçamento público. "Não tem outra saída: o estado tem que por dinheiro. Se não o país não vai pra frente", diz. "Em todo lugar do mundo é assim, A pesquisa é financiada sobretudo com dinheiro público", completa.

Consenso

Reitor da USP (Universidade de São Paulo), Vahan Agopyan diz que é importante que as universidades se comprometam com uma agenda consensual, mas é crucial que ela também seja apresentada para a sociedade. "Temos que conscientizar a população. As pessoas precisam entender que a educação consegue resolver os outros problemas", diz.

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Para o presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, o estabelecimento desses princípios, no âmbito do encontro de reitores, é um passo mais concreto de preocupação com a realidade do país, que vai além dos relacionamentos entre os dirigentes.

"[A iniciativa] é uma tentativa, pelos reitores, de também falar com a sociedade. Isso é super válido em um ano eleitoral, pelo menos é uma plataforma de diálogo com mais de cem reitores", conclui.

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